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Por quê utilizar aromas em rações para bovinos leiteiros?

Por Henrique Freitas* –  As vacas leiteiras são extremamente sensíveis às mudanças em sua dieta. Os odores desagradáveis ou os sabores amargos podem levar a uma baixa ingestão de ração, afetando consequentemente sua produção e o desempenho.

Atualmente, cerca de 20% de todo aroma e palatabilizante utilizados na indústria de ração animal são destinados para ruminantes. Esses aditivos não nutricionais, são utilizados em rações, minerais e sucedâneos lácteos, em sua maioria.

Para aprimorar o cheiro e o sabor das rações, a maioria das fábricas tem utilizado o aroma durante a fabricação do produto. Como resultado, o alimento se torna mais palatável, o consumo aumenta e o desempenho melhora. Umas das justificativas é que a permanência prolongada da ração na boca do animal favorece a solubilidade dos agentes aromatizantes e percepção através do sistema retronasal, uma vez que 80% do que é percebido como gosto de um alimento é, na realidade, o seu cheiro.

Os aromatizantes podem ter efeitos benéficos sobre o consumo e saúde ruminal. Nos ruminantes, o consumo é influenciado por agentes externos (ex: clima, manejo, etc), características do próprio animal (peso vivo, lactação, idade) e finalmente pelas características físicas e químicas da dieta. Tamanho de partícula, dureza do pellet e quantidade de forragem na TMR são exemplos de características físicas que podem afetar o consumo dos animais. Já o sabor e odor da dieta, são características químicas que impactam na atração pelo alimento.

Estudos têm demonstrado que a utilização de aromatizantes faz aumentar a frequência de alimentação dos animais. Ao ingerir menores porções e mais vezes ao dia, as oscilações de pH no rúmen tendem a diminuir, promovendo assim maior saúde ruminal. Ao melhorar o ambiente ruminal, há  maior proliferação da população de bactérias que degradam fibra, o que por sua vez melhora a digestão de FDN, aumenta o teor de gordura no leite e melhora o escore de fezes.

Os aromas também tem sido utilizado como uma excelente ferramenta de marketing nas fábricas de ração para ruminantes. A grande variedade de aromas existentes (ex: aroma de melaço, frutas vermelhas e baunilha) permite a indústria caracterizar seus produtos, criando identidade de marca (o odor característico fica na memória dos animais e dos proprietários, fortalecendo a marca). Outra estratégia é a criação de novos produtos, permitindo o aumento de portfólio. Dentre esses produtos, estão rações para sistema de ordenha robotizado. Nesses casos, o odor da ração é extremamente relevante para incentivar as vacas a procurarem as cabines de ordenha mais vezes ao dia, e como isso aumentar a produtividade.

Outro motivo para se utilizar os aromas em rações comerciais está relacionado à tentativa de minimizar a rejeição que os animais apresentam às modificações em fórmulas, ou até mesmo a inserção de coprodutos. Em cenários de elevação no preço das commodities, alimentos tradicionais como o farelo de soja e o milho, podem ser substituídos por co-produtos como farelo de glúten de milho 21, resíduos de produção de etanol de milho (ex: DDG – dry destillers grain), farelo de algodão e etc. Nessa situação, a estratégia de adicionar aroma às rações aumenta a aceitabilidade pelos animais e garante o desempenho.

A decisão de se utilizar ou não os aromas em rações comerciais merece atenção especial, pois de fato quando optamos em utilizá-los esperamos ser bem sucedidos em nossa escolha. Devemos nos atentar a alguns pontos tais como: Para qual categoria animal este aroma será utilizado? Qual a persistência deste aroma nas rações? Qual a resistência deste produto as agressões térmicas a qual ele será submetido durante o processo de produção?

Como conclusão, a introdução de aromas em fábricas de rações para ruminantes pode ser uma estratégia benéfica para desempenho animal, além de ser uma excelente forma de fortalecer a marca, criar novos produtos e se diferenciar no mercado. Portanto, a escolha certa do produto e definição da estratégia é fundamental para garantir que tenhamos sucesso na adoção desta tecnologia.

(*) Henrique Freitas é Gerente de Produtos Especialidades Nutricionais e Aditivos – Bovinos de Leite – Cargill Nutrição Animal

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