Edição do Mes Pecuária

Cuidado: Tristeza Parasitária Bovina pode causar muitos prejuízos

Por Gustavo Máximo Martins* – Dá-se o nome de TPB ao complexo de doenças causado por um ou mais dos seguintes agentes infecciosos: os protozoários Babesia bovis e B. bigemina e a riquétsia Anaplasma marginale, sendo o carrapato do boi, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, o principal vetor.

As babesioses e a anaplasmose são tratadas dentro do mesmo complexo de doenças por terem em comum diversas características, como todos os agentes etiológicos sendo parasitas intracelulares obrigatórios e infectando hemácias. Devido a destruição destas células, os sintomas das infecções pelos três agentes são similares. 

A ocorrência de babesiose está limitada a áreas onde o carrapato é encontrado, já a anaplasmose pode ocorrer em áreas livres de carrapatos, pois também pode ser transmitida por moscas hematófagas (vetores mecânicos), por fômites contaminados (agulhas hipodérmicas, materiais cirúrgicos utilizados, por exemplo, em castrações e descornas), além de transfusões sanguíneas. 

A TPB, além de poder causar a morte dos animais, traz grandes prejuízos, como a redução na produção de carne e leite, infertilidade e gastos com tratamentos.

Em bovinos, os principais sintomas clínicos de anaplasmose são: debilidade acentuada, emaciação, anemia e icterícia. Já, animais que apresentam babesiose apresentam um aparecimento repentino de febre alta (41º C), anorexia, depressão, fraqueza, parada de ruminação, queda na produção de leite, grave anemia, icterícia acentuada, urina vermelho escura a marrom, aborto em animais gestantes. Apesar de ser possível determinar qual o parasita presente, o tratamento normalmente é feito contra todos os agentes causadores, devendo contar sempre com a prescrição do médico veterinário.

Para um efetivo controle da TPB é necessário o controle do carrapato do boi, não a sua erradicação, devendo-se achar um ponto de equilíbrio. Assim, espera-se que a inoculação de Babesia sp ou A. marginale não seja excessiva, a ponto de os animais desenvolverem a doença clínica. Este controle do vetor leva ao desenvolvimento e a manutenção da imunidade devido a inoculação mais ou menos constante dos agentes causadores da doença.  

O tratamento estratégico contra os carrapatos em várias regiões do Brasil inicia-se na primavera, com a chegada das chuvas, mas o ideal é a consulta a um médico veterinário para que se considere caso a caso, cada propriedade isoladamente pois a presença de carrapatos nos animais está condicionada tanto a condições metereológicas (temperatura e umidade) quanto ao microambiente ( animais criados soltos na pastagem ou estabulados, raças criadas, tipo de forragem e altura desta, entre outros fatores). Uma importante ferramenta ao controle do carrapato é o biocarrapaticidograma, um teste que indica quais os produtos comerciais e quais os princípios ativos mais eficazes em cada propriedade.

(*) Gustavo Máximo Martins é Médico Veterinário da Matsuda

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