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Estudos da UFSCAR focam influência do fogo no cerrado

Identificar as causas e avaliar os impactos dos incêndios florestais na Mata Atlântica e no Cerrado bem como a recuperação de áreas degradadas pelo fogo. Esse é o tema de trabalho desenvolvido pela professora Dalva Maria da Silva Matos, do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi citada na lista das mulheres que lideram as pesquisas sobre incêndios florestais no planeta. O artigo publicado pela revista científica FIRE (disponível em https://bit.ly/2VbJ62z) inclui nove pesquisadoras brasileiras.

A atuação da professora Dalva Matos se concentra na linha de Ecologia e Conservação e inclui uma avaliação de incêndios dentro de um ambiente florestal e contribuições para uma síntese sobre os serviços ecossistêmicos na América Latina. “Me interesso em buscar respostas para diferentes questões na área de Ecologia para auxiliar na conservação da biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Por essa razão, tenho me dedicado em avaliar os impactos causados por ações antrópicas (do homem) sobre populações e comunidades vegetais terrestres e dulciaquícolas (de água doce)”, sintetiza a docente.

Trajetória
Matos conta que “desde 1996, logo depois que terminei meu doutorado, comecei a trabalhar com os bombeiros florestais do Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, para poder manejar os incêndios florestais que ocorriam na Floresta da Tijuca – que eram muito frequentes e extensos – e desenvolver junto com eles e também com o grupo da Coordenadoria de Restauração Ambiental da Prefeitura do Rio de Janeiro técnicas para evitar incêndios e recuperar áreas degradadas”.

“Pesquisava o impacto do fogo na vegetação e a recuperação espontânea da área queimada. Estudei, junto aos bombeiros florestais, quais eram as áreas mais críticas para ocorrência de incêndios. Fiz também um levantamento de todos os incêndios florestais que ocorreram durante o período que vai desde a criação do grupo de Bombeiros Florestais do RJ e, na sequência, da valoração da Floresta da Tijuca para turistas e moradores da cidade do RJ. Com isso, fizemos o manejo das áreas mais críticas e conseguimos diminuir o número de incêndios dessas áreas”, relata a professora.

Nesse mesmo período, houve um incêndio criminoso em uma das áreas de estudo onde ela trabalhava na Reserva Biológica de Poço das Antas (RJ). A partir desse incêndio, começaram os trabalhos sobre estudo da regeneração natural e de invasões biológicas em áreas de Mata Atlântica.

“Depois que eu vim pra São Carlos, em 2004, comecei a trabalhar com incêndios florestais no Cerrado, verificando as consequências dos incêndios no banco de sementes do solo – que são as sementes viáveis que estão depositadas no solo florestal. Ou seja: se ocorre alguma perturbação na floresta, essas sementes podem germinar e recompor a floresta. Mas dependendo do tipo e da duração, frequência e intensidade do incêndio, essas sementes podem morrer, e não vão ajudar a reconstituir aquela área que foi destruída”, explica a docente. A temática rendeu vários trabalhos de mestrado, doutorado e Iniciação Científica (IC) orientados por Matos, sendo boa parte com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Além do banco de sementes, as análises da professora da UFSCar avaliaram o impacto na fenologia – a influência sobre a produção de flores e frutos. “Isso afeta não só a vegetação mas também a fauna”, salienta. Nos últimos anos, dois estudos de doutorado orientados por ela também e debruçaram a respeito da variação da profundidade do lençol freático em áreas queimadas e áreas não queimadas.

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