Agricultura

Proposta do novo padrão de classificação da soja está próxima de consenso

A proposta de revisão do padrão oficial de classificação da soja brasileira deve servir como um instrumento técnico balizador das transações comerciais internas, como também favorecer o alinhamento com os padrões internacionais, contribuindo para que o Brasil atinja novos mercados. A afirmação é do diretor de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, Glauco Bertoldo, do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa).

A revisão do novo padrão da soja vem sendo debatida pelo Mapa e associações do setor privado ligadas ao agronegócio. Recentemente, a proposta foi tema central de um seminário realizado na Embrapa Soja, em Londrina (PR) para tentar conciliar as expectativas dos produtores, compradores, processadores e exportadores de soja, mas não houve consenso até o momento.

“As sugestões ainda estão sendo analisadas e nossa esperança é conseguir estabelecer uma proposta conciliadora brevemente”, afirma o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, Glauco Bertoldo. “Provavelmente faremos mais uma rodada de discussão, mas estamos próximos de um texto definitivo”, acrescenta.

De acordo com Glauco Bertoldo, o texto da norma passou por diversos ajustes em definições, em alinhamento internacional e em estratificação de tipos de soja. “Hoje temos um tipo soja. Inicialmente propusemos 5 tipos de soja, mas agora baixamos para 3. Estamos fazendo esta sintonia fina para chegar a um produto aceitável para todas as partes”, argumenta o diretor.

Os principais pontos mais polêmicos contidos na proposta são basicamente em relação ao teor de umidade, limites máximos de defeitos, principalmente no que se refere a grãos ardidos, fermentados e queimados, e teores de proteína e óleo.

Uma das alterações propostas é a redução do teor da umidade do grão, de 14% para 13%. Isso representa, segundo Bertoldo, ganho maior na qualidade da soja armazenada, sendo ainda uma harmonização com padrões internacionais.

A redução de umidade é vista como positiva pelo setor privado, até porque quanto mais alto for o percentual de umidade no grão, mais suscetível ele está à deterioração e a contaminação por fungos e micotoxinas. Desta forma, a redução de 1% vai garantir um produto com mais qualidade, especialmente para a exportação, além de aumentar a competitividade internacional do país.

Também estão sendo revisados os conceitos de grãos fermentados, imaturos e esverdeados e a criação de um grupo especial com altos teores de óleo e proteína e seus respectivos tipos. A proposta em debate estabelece que a soja tenha maiores teores de óleo e menor umidade.

Não restam dúvidas de que produtores e compradores de grãos vão precisar fazer uso de tecnologias disponíveis no mercado para se prepararem melhor para oferecer produtos de acordo com as novas normas.

A recomendação da LocSolution, empresa fabricante de medidores de umidade de grãos, por exemplo, é que o monitoramento  comece a ser feito no período da colheita e prossiga até a entrega aos compradores de grãos, como cooperativas e tradings.

“Isso porque, em síntese, o novo padrão oficial da soja vai exigir grãos com menos avarias, menor teor de umidade, maior teor de proteína e qualidade”, diz o engenheiro agrônomo da empresa, Roney Smoraleck.

No entanto, o engenheiro acredita que poderá ser necessário um acordo entre as tradings, cooperativas e os produtores. “Atualmente, o padrão é 14% de umidade. Se o produtor entrega acima desse índice, sofre desconto, e não recebe nada além se a umidade do grão for menor do que este padrão”, diz Smoraleck, lembrando que a soja perde 1,15% de peso para cada ponto percentual abaixo dos 14% de umidade.

Foto: Divulgação / VB Comunicação

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