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Pesquisa detecta gene resistente a vírus que dizima tomateiros

A Enza Zaden, empresa de melhoramento de hortaliças, anuncia que detectou um gene de alta resistência ao novo e avassalador tobamovírus, nomeado como Tomato Brown Rugose Fruit Vírus, ToBRFV. O vírus foi identificado pela primeira vez em tomate de estufa em Israel (2014) e na Jordânia (2015) e gradativamente foi se espalhando pelo mundo em países da Europa e nos Estados Unidos, principalmente em regiões onde há cultivo em estufa. Ainda não há relatos no Brasil, contudo o risco é iminente.

Para o diretor da empresa no Brasil, Jean François Hardouin, a situação que o vírus gera é drástica, porque a partir do momento que ele contamina e infecta uma área, os efeitos são devastadores. “Não existe um produto ou uma forma de manejo para controlar a sua disseminação e assim compromete todo o cultivo. Uma perda gigante ao produtor que pode dizimar a produção”, alerta.

Um dos pontos mais negativos do ToBRFV é que pode levar de duas a três semanas até que seus sintomas comecem a aparecer. São eles, manchas amarelas, enrugadas e cicatrizes marrons que tornam a cultura invendável. O vírus tem um impacto na produtividade e na qualidade a ponto de perdas de até 100% e, portanto, ameaça a continuidade dos negócios de tomate em todo o mundo.

Gene resistente

A medida que o ToBRFV foi se espalhando pelos principais países que dependem de um cultivo protegido, muitas empresas entraram em uma corrida para identificar a resistência ao vírus.  A Enza recorreu ao seu banco genético e submetendo aos testes de exposição ao patógeno e tecnologia de ponta, identificou o gene resistente.  “Essa é a importância de se ter um banco de germoplasmas robusto. E por meio de mapeamento genético foi identificado esse gene de resistência, mais ou menos há um ano atrás”, destaca Hardouin. Após a descoberta, em 2020 a empresa recebeu confirmação dos órgãos competentes e a patente do gene.

O êxito é de resistência completa. “Nosso gene não permite a replicação do vírus na planta. Esse é o grande diferencial. Depois que identificamos o gene, prevemos que em um intervalo de tempo de no máximo dois anos essa resistência já esteja incluída em nossos principais produtos”, completa o profissional.

O que se tem encontrado é o vírus em tomate de estufa, onde o cultivo é intensivo dentro da mesma área e continuamente, que são locais com dificuldade de uma boa esterilização e higienização. No caso do Brasil, a produção é principalmente realizada em campo aberto, com rotação de área. “Por outro lado, observamos que esse vírus está caminhando pelo mundo em qualquer lugar que exista plantio de tomate. É uma questão de tempo, até porque ele é persistente no solo, e pode se manter latente por 30 anos”, salienta o diretor.

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