Direto da Redação Sustentabilidade

Troca de experiências em Manejo Madeireiro Comunitário na Amazônia

Manejadores e manejadoras agroextrativistas dos estados do Acre, Pará e Amazonas se reuniram, entre os dias 18 a 20 de setembro, na Reserva Extrativista Verde para Sempre, em Porto de Moz, oeste paraense, para trocar experiências e aprendizados sobre Manejo Madeireiro Comunitário em áreas Protegidas da Amazônia.

O encontro, denominado Intercâmbio Comunitário, foi promovido pelo projeto Florestas Comunitárias em parceria com a pesquisadora associada do Instituto Floresta Tropical (IFT), Ana Luiza Violato Espada, para debater os avanços e desafios do manejo comunitário em unidades de conservação de uso sustentável, principalmente reservas extrativistas.

Durante a atividade os participantes visitaram as comunidades “Por ti Meu Deus” e “Paraíso” e conheceram duas  áreas de manejo florestal da Resex Verde Para Sempre. Além da expedição pela reserva extrativista, a programação também contou com o compartilhamento de narrativas dos comunitários sobre o processo de implementação do manejo em cada unidade de conservação presente no evento, diálogos sobre segurança em área de exploração madeireira, debates sobre o uso sustentável da floresta e apresentações de grupos de trabalhos sobre empoderamento comunitário.

“Esse evento foi fundamental para compartilhar ideias com manejadores florestais de diferentes unidades de conservação e debater as ações que deram certo, os erros que podem ser evitados e quais são os reais desafios de se fazer manejo comunitário na prática”, destacou o manejador Silvério Barros Maciel, presidente da Associação dos produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit).

“A ideia de reunir as experiências de manejo comunitário que deram certo e conseguiram sair do papel para a prática, como o caso da Resex Chico Mendes, da Ituxi e da Verde Para Sempre, com as vivências de quem está lutando para aprovar seu plano de manejo para executar esse tipo de atividade em suas unidades de conservação, como é o caso dos companheiros das Resex do Marajó, foi, sem dúvida, o maior diferencial desse evento. Pois, com isso, conseguimos ir além da troca de experiências e ajudamos a fortalecer ainda mais a luta pelo manejo sustentável”, afirmou Leide Aquino, liderança comunitária da Resex Chico Mendes, no município de Xapuri, no Acre.

Para o estudante de engenharia florestal e morador da Resex Arióca Pruanã, José Filho, a experiência do intercâmbio proporcionou mais empoderamento e organização no processo de gestão dos manejadores comunitários. “O momento oportunizou ouvir lideranças locais na construção de seus planos de manejo, esse entrelaçamento motiva nós jovens a assumirmos responsabilidades na RESEX. A participação me trouxe mais empoderamento e confiança no processo de gestão e de organização social que busca o bem coletivo, além dos conhecimentos técnicos e operacionais dos empreendimentos. Nossas populações amazônicas são protagonistas nos processos de preservação, conservação e de uso sustentável da floresta, daí a importância de experiências como essa”.

Pesquisa e desenvolvimento

Para a pesquisadora Ana Luiza Violato, responsável pela coordenação do evento, o intercâmbio cumpriu o seu papel ao proporcionar o compartilhamento de experiências entre os manejadores. “A ideia foi estimular a reflexão sobre os processos de tomada de decisão e arranjos socioprodutivos do manejo madeireiro comunitário em reservas extrativistas da Amazônia e mapear as ações estratégicas para o fortalecimento do manejo florestal comunitário na região. Além das informações geradas para a pesquisa, o intercâmbio promoveu a troca de experiências, a reflexão e a aprendizagem coletiva”, afirmou Ana Luiza.

“O intercâmbio foi especial pois uniu pesquisa e desenvolvimento, além disso reunimos seis reservas extrativistas que estão manejando madeira de forma coletiva e participativa em diferentes estágios de maturidade, RESEX como no caso do Marajó que estão em processo de licenciamento da atividade florestal e outras que já estão manejando com bastante experiência acumula.” ressaltou a coordenadora do Programa Florestas Comunitárias, Ana Carolina Vieira.

OProjeto Florestas Comunitárias apoia a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí. Florestas Comunitárias é uma iniciativa que pretende fortalecer a organização social, gerar renda e contribuir para a redução do desmatamento em Unidades de Conservação. O projeto é apoiado pelo Fundo Amazônia.

O evento reuniu cerca de 40 manejadores e manejadoras das Resex Verde para Sempre, Arióca Pruanã, Mapuá e Terra Grande Pracuúba, do Pará; Ituxi, do Amazonas, e Chico Mendes, do Acre, além de técnicos florestais e duas engenheiras florestais que estão participando de uma residência em Manejo Florestal Comunitário.

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