Agricultura

Ciência leva canola ao Cerrado e à região do Semiárido

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Agroenergia (DF) com o objetivo de tropicalizar a canola (Brassica napus L.) já obtiveram ótimos resultados no Cerrado e começaram experimentos em locais de clima Semiárido. Em lavouras no Brasil Central, os cientistas registraram produtividades de até três mil quilos por hectare (kg/ha), número que ultrapassa o dobro da média nacional de 1,3 mil kg/ha, observada na mesma safra de 2016/2017 pela Companhia Nacional de Abastecimento.

O trabalho de tropicalização da canola contou com os primeiros experimentos em 2004, com a colaboração de universidades e assistência técnica nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraíba. Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo (RS) Gilberto Tomm, a introdução da cultura em baixas latitudes (entre 6 e 13 graus), em clima tropical, é uma iniciativa inédita no mundo.

Até então, a indicação de cultivo estava limitada às regiões de clima temperado e latitudes entre 35 e 55 graus. A latitude está relacionada à distância da Linha do Equador, que cruza o norte do Brasil. Quanto mais próximo ao Equador, maior a temperatura e maior a incidência de luz solar. A luminosidade é benéfica ao cultivo da canola, mas as altas temperaturas não. Esse é o maior desafio na identificação dos locais mais indicados ao cultivo.

Em abril de 2019, um novo experimento com 16 materiais genéticos foi colocado a campo em Plantaltina (DF) para comprovar e adaptar a canola no Cerrado. Enquanto isso, a pesquisa com a tropicalização da canola no Semiárido brasileiro, dentro das ações do Nextbio, vai avaliar o comportamento de diferentes cultivares na região. “A ideia é investigar quais cultivares apresentam maior adaptabilidade às condições climáticas do Nordeste e, a partir deles, desenvolver cultivares específicos para a região”, revela o pesquisador Bruno Laviola.

Canola é opção para a safrinha

A canola possui ciclo entre 110 a 130 dias e é opção de cultivo de safrinha no Cerrado, em sucessão a cultura da soja ou milho, por exemplo. O óleo de canola pode ser utilizado para fins alimentícios, e para a produção de biocombustíveis (biodiesel e bioquerosene), além de outros usos bioeconômicos.

“A implantação do cultivo de canola com híbridos modernos, em condições de pelo menos 600 metros de altitude e determinado nível de precipitação, tem garantido o desenvolvimento satisfatório e demonstrando a viabilidade para expandir a produção de canola, como segunda safra anual nas atuais áreas de produção de soja e outros grãos”, avalia Tomm, destacando que o Brasil tem potencial de manter até nove milhões de hectares de canola, apenas otimizando a área agrícola, sem precisar derrubar árvores ou converter áreas de pastagem para a produção de grãos.

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