Agricultura

Sustentabilidade na cultura de cana-de-açúcar é prioridade

Até a safra 2018/19, o Brasil deve chegar a 3,25% de aumento do cultivo da cana-de-açúcar e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, o que corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas num período de dez anos, aponta o Ministério da Agricultura. Toda essa escala acende o alerta amarelo para os métodos produtivos e de ampliação da cultura, principalmente em relação a queimada e qualidade do solo.
A cana-de-açúcar é uma cultura intensiva em água que permanece no solo durante todo o ano. Como uma das culturas com mais sede do mundo, a cana-de-açúcar tem um impacto significativo em muitas regiões ambientalmente sensíveis, como o Delta do Mekong, o vale do rio Kaveri, e a bacia hídrica da Mata Atlântica.

De acordo com o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, o cultivo da cana-de-açúcar pode causar diversos impactos ambientais. Um deles é provocado pelo uso da vinhaça (subproduto do refino do álcool) como fertilizante para a cultura. A vinhaça é rica em nitrogênio, que em excesso na água de rios e lagos, pode favorecer o crescimento de algas, ou eutrofização, tirando oxigênio da água e matando peixes.

O Programa também ressalta a questão da água como um sério problema em relação ao cultivo dessa cultura agrícola. “Para produzir 1 litro de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar são necessários 1,4 mil litros da água. É uma produção muito cara em termos de água”.

No entanto, de acordo com análise da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), nos últimos 40 anos, a taxa média de captação de água para a utilização industrial foi reduzida em quase 95%, proporcionada por investimentos em reuso de água por meio de tratamento e recirculação, otimização do balanço hídrico industrial e adoção de novas tecnologias como a limpeza a seco da cana.

Pesquisadores, entidades setoriais e governo têm lançado esforços em direção a práticas e tecnologias sustentáveis da plantação à usina.

No campo governamental, a política nacional para o setor orienta a expansão com base em critérios ambientais, econômicos e sociais por meio do programa de Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar – ZAEcana. Um estudo estipula áreas propícias ao plantio com base nos tipos de clima, solo, biomas e necessidades de irrigação.

Soluções

A gestão de riscos sociais e ambientais é importante para os produtores de cana-de-açúcar, processadores e empresas de alimentos devido às pressões regulatórias, bem como às expectativas dos consumidores quanto aos produtos produzidos de forma sustentável e respeito aos direitos humanos e trabalhistas.

Rotação de culturas, manejo integrado de pragas e utilização correta dos subprodutos da indústria como fonte de adubação orgânica são exemplos de boas práticas para o cultivo sustentável da cana.

Também é possível desenvolver e selecionar variedades que se adaptem a condições mais adversas ao cultivo como, por exemplo, pastagens degradadas, regiões com alto déficit hídrico, solos com alto teor de alumínio e deficiência nutricional.

Do lado social se destacam a prevalência de condições de trabalho dignas, uso de equipamentos de proteção pelos trabalhadores, e programas de treinamento em saúde e segurança do trabalho e colheita mecanizada da cana.

É importante salientar que as questões de sustentabilidade são primordiais para todas as indústrias que querem sobreviver a longo prazo e que querem se destacar no presente. Essa é uma exigência cada vez maior do consumidor, que está no final da cadeia.

Um recente estudo on-line global da Nielsen (empresa global de informação, dados e medição germânico-americana com sede em Nova Iorque, nos Estados Unidos), revelou que a geração millenials está disposta a pagar mais por produtos sustentáveis.

O aumento na porcentagem de inquiridos com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos, também conhecidos como Geração Z, que estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços provenientes de empresas que estão empenhadas o impacto social e ambiental positivo também foi forte – de 55% em 2014 para 72% em 2015.

De acordo com o estudo da Nielsen, entre os 66% dos entrevistados globais dispostos a pagar mais, mais de 50% deles são influenciados por fatores-chave de sustentabilidade, como um produto feito de ingredientes frescos, naturais e / ou orgânicos (69%), sendo uma empresa amiga do ambiente (58%), e empresa sendo conhecida por seu compromisso com o valor social (56%). Vendas e cupons nem chegaram aos cinco primeiros. Para esse grupo, os valores pessoais são mais importantes do que os benefícios pessoais, como custo ou conveniência.

Mas, as gerações mais jovens não são as únicas que dizem que se importam com as questões referentes à sustentabilidade. O estudo da Nielsen mostrou que 51% dos baby boomers (idade entre 50-64 anos) entrevistados estão dispostos a pagar mais, um aumento de sete pontos percentuais em 12 meses.

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