Agricultura

Projeto do Senar pretende ouvir os produtores e oferecer inovações tecnológicas

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) lançou na segunda-feira (29) a Rede de Inovação para a Agricultura e Pecuária, uma iniciativa que pretende contribuir com a transformação tecnológica do campo, identificando as reais necessidades dos produtores rurais e buscando meios para solucioná-las através de inovação tecnológica.

“A ideia é implementar uma metodologia que permita realizar de forma estruturada o  levantamento constante de problemas do produtor e realizar ações para buscar soluções desses problemas pontuais” explicou o coordenador de Inovação do Senar, Paulo Sérgio Araújo de Sousa.

“Vamos estruturar uma rede nacional de inovação para o agro, conectando o ecossistema de inovação, gestão de dados, inteligência analítica, criativa e visão empreendedora”, ressaltou. O diretor de Inovação e Conhecimento do Senar, Luís Tadeu Prudente, reforçou a dificuldade do produtor em ter acesso à inovação, mas que a soma de todos dos esforços vai agregar valor ao projeto.

A iniciativa é uma parceria com a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) e será implantada na Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia e Minas Gerais. “Buscaremos soluções que sejam aplicáveis à realidade do produtor. Por isso, esse evento é o pontapé para que possamos trabalhar conjuntamente para fazer o acompanhamento e desenvolvimento das inovações tecnológicas no agro”, afirmou o secretário-executivo do Instituto CNA, André Sanches.

O lançamento foi promovido na Faculdade CNA, em Brasília, onde foram realizados painéis com as experiências da agtech erura.net, do Agrihub, desenvolvido pelo Senar Mato Grosso, e do produtor rural Adolfo Petry, que falou sobre as dificuldades enfrentadas para levar tecnologia à sua propriedade, em Campo Novo dos Parecis (MT).

“O grande desafio para fazer a coisa fluir no campo é a conectividade. Existem muitas soluções de startups, mas como chegar à propriedade sem internet? Além disso, faltam profissionais capacitados para essas tecnologias, por isso precisamos estudar, avançar e nos desenvolver e o Senar tem papel fundamental nisso”, afirmou Petry.

Para o superintendente do Senar/MT, Otávio Celidônio, ter cultura de inovação é fundamental para obter resultados em iniciativas como essa. “A gente consegue ter resultados tendo uma cultura de inovação, de empreendedorismo e colaboração sem necessariamente ter um programa. Agora, se tiver um programa e não tiver uma cultura voltada para isso, talvez os resultados sejam pontuais e não tão duradouros quanto gostaríamos”, afirmou.

Matheus Ladeia, CEO da startup erura.net, site que atende pecuaristas na compra e venda de animais, destacou que existem algumas dificuldades no seu ramo, uma delas é que  o produtor ainda não tem confiança na internet. Segundo ele as coisas só vão funcionar quando o produtor confiar no que as startups estão fazendo.

Durante o lançamento da rede, o CEO da Startup Commons, Oscar Ramirez, empresa parceira do Senar no mapeamento dos ecossistemas de inovação, apresentou o resultado preliminar do levantamento, realizado em cinco estados brasileiros.

Segundo ele, as agtechs no Brasil ainda estão em fase inicial e existem poucas iniciativas prontas para serem escalonadas a nível nacional e internacional. Ramirez afirmou que é preciso criar mecanismos para interligar produtores e tecnologia, e transformar dados e conhecimento em soluções “porque as pessoas não querem dados, mas sim respostas aos seus problemas.”

O diagnóstico final será apresentado em junho, com sugestão das ações para cada estado, e servirá de subsídio para as ações da Rede de Inovação.

O diretor de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Cláudio França, falou sobre os polos tecnológicos de inovação agropecuária que o ministério vai criar e reforçou que a iniciativa do Senar é primordial para o sucesso dessa empreitada. “O processo que o Senar está fazendo de mapear em cinco estados como está esse ambiente de inovação vem só fortalecer todo esse trabalho de inovação que o Mapa está trabalhando. É uma atividade que é essencial, precisa ser feita, já foi feita anteriormente com outras instituições, porém nunca em um nível de aprofundamento como o que o Senar está fazendo. O Mapa apoia essa iniciativa para que também seja replicada para outros estados.”

A Rede prevê, entre outras ações, a criação de comitê de inovação, a integração com Assistência Técnica e Gerencial do Senar para identificação de problemas e implementação de soluções nas fazendas, além de eventos de imersão nos estados, os hackathons, para gerar ideias e soluções para as necessidades identificadas.

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