Negócios

Dedo de prosa: Período difícil atinge crédito no agronegócio

O cenário desfavorável ainda vai fazer-se sentir com mais intensidade. Esta é a previsão feita por Christian Eduardo Menin, advogado do setor de Agronegócios do AAG – A. Augusto Grellert Advogados Associados. Em conversa com a Revista rural ele afirmou que a diminuição no crédito disponível no mercado vai atingir em cheio ao produtor de grãos.

Revista Rural – Como o senhor vê o atual quadro político e econômico do país?

Christian Eduardo Menin – O Brasil vive tempos de “vacas magras”. Situação grave, assumida publicamente pela presidente Dilma Rousseff, por já não ser mais possível convencer a população do contrário. Há um forte arrocho fiscal, com contenção de gastos e descumprimento de contratos e com-promissos financeiros por par-te do governo. Muitos planos e programas anunciados ainda não saíram do papel ou estão sendo reajustados e liberados a conta-gotas.

Rural – Como o senhor acredita que o agronegócio vai enfrentar esse momento desfavorável?

Menin – Para o agronegócio, setor dependente de crédito e do seguro rural, a situação é de apreensão ante a ameaça da falta de recursos. Até o momento, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), o financiamento agrícola pelo Plano Safra teve redução de 7,5% na liberação dos recursos em comparação ao período do ano passado.

Rural – Quais os setores do agronegócio que devem sentir mais essa diminuição no crédito?

Menin – Produtores de grãos de-verão sentir mais, num primeiro momento. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), há um atraso na liberação dos recursos para custeio da safra, sendo que em fevereiro foram poucos os empréstimos concedidos. Ainda, há relatos de restrições ao crédito nos Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e no Moderfrota.

Rural – O governo acena com medidas que proponham caminhos para superar essa crise?

Menin – Em audiência pública na Câmara dos Deputados no último dia 25 de março, a ministra da Agricultura Katia Abreu tratou da possibilidade de uma lei agrícola com duração de quatro anos, da gestão de processos no Mapa, e da disponibilidade de recursos. Quanto a estes, afirmou que os recursos não vão diminuir, inclusive estamos trabalhando para que eles aumentem.
Entretanto, os sinais e o cenário econômico brasileiro in-dicam o contrário. Para o Plano Safra 2015/2016, que deve ser anunciado em maio, é certo o aumento dos juros para o financiamento, alta já preanunciada por Katia Abreu em Não-Me-Toque (RS), por ocasião da Expodireto Cotrijal. O horizonte é negativo para o financia-mento do agronegócio nacional. Resta esperar que os ventos de maio tragam melhores notícias.

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