Agricultura

Cuidado com o bicudo

Controlar bem a lavoura de algodão para não amargar prejuízos. Especialistas recomendam ao produtor estar sempre alerta e adotar algumas práticas que ajudam no controle da praga.

Até o final deste mês, com o avanço da colheita da cultura da soja, o aumento da presença do bicudo do algodão já é uma preocupação para os cotonicultores, principalmente no oeste baiano e no Mato Grosso, principais regiões produtoras. Estimativa da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (AGOPA), afirma que o bicudo do algodão gerou um prejuízo de R$ 1,5 bilhão nos últimos 15 anos em todo o País.

Nas últimas três safras, com volume médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma, o Brasil se coloca entre os cinco maiores produtores mundiais e é considerado o terceiro país exportador e o primeiro em produtividade em sequeiro. O cenário interno também é promissor: somos o quinto maior consumidor, com quase 1 milhão toneladas/ano, segundo dados da ABRAPA. Diante da importância que o algodão traz para a economia brasileira, controlar a praga dessa lavoura por meio de um manejo correto e eficaz é essencial para agricultores brasileiros manterem a produtividade e o sucesso nos negócios.

Como o bicudo age

O bicudo é uma praga com grande capacidade reprodutiva e tem grande importância econômica na plantação de algodão. Seus danos são tão severos que ele pode inviabilizar até mesmo uma região inteira, causando sérios prejuízos ao produtor. Há 30 anos, o Brasil convive com essa praga que, com o ritmo acelerado de produção das lavouras no país, esse inseto tem se adaptado ano a ano ao clima e se tornado ainda mais perigoso para as próximas safras.

Após a colheita e destruição das soqueiras, os adultos se dispersam para áreas próximas de vegetação permanente, onde se abrigam esperando o próximo ciclo. Nem todos eles sobrevivem, porém, os que permanecem vivos já são suficientes para infestar a safra seguinte. O ataque é feito a partir das bordaduras mais próximas das áreas de refúgio. Nesta fase se inicia o processo de dispersão e colonização por toda a lavoura e pelas áreas vizinhas, causando grandes prejuízos. Isso era o que normalmente acontecia, mas hoje percebemos uma nova dinâmica da praga dentro do ambiente com soja e algodão. O processo de dispersão e colonização também tem início na cultura da soja, devido às precárias destruições de soqueira, controle de rebrota e plantas tigueras de algodão da safra anterior.

A soja plantada na resteva do algodão acaba tornando-se um excelente habitat para a permanência do bicudo até o próximo ciclo. Quando o novo ciclo do algodão se inicia, a praga já está instalada em meio à plantação e não mais somente nas bordaduras. O processo de dispersão por toda a lavoura tem início ainda na cultura anterior, podendo causar grandes prejuízos por conta do ataque na área total.

O engenheiro agrônomo Adriano Roland alerta que o combate ao problema vai além da utilização de produtos, passa por uma série de práticas para que o controle atinja maior eficácia. E, nesta fase, a iniciativa do produtor conta muitos pontos para a vitória do algodão contra o bicudo.

A soja plantada na resteva do algodão acaba tornando-se um excelente habitat para a permanência do bicudo até o próximo ciclo. Quando o novo ciclo se inicia, a praga já está instalada.

Roland dá algumas dicas práticas para sucesso de prevenção. A primeira delas é monitorar constantemente a plantação para identificar rapidamente a ocorrência da praga. Deve-se iniciar o monitoramento com armadilhas aproximadamente 60 dias antes do início do plantio. Para o combate, deve-se promover aplicações seguras com inseticidas eficientes e dentro da recomendação sugerida por profissionais habilitados. Além disso, ter atenção com o MIP e Manejo de Resistência: observar as recomendações para cada fase do algodão e situação das pragas no momento da aplicação

Outra medida preventiva importante é destruir de maneira efetiva a soqueira de algodão imediatamente após a colheita e plantar de forma concentrada e em um período curto regionalmente. Reduzir a presença da praga e população no momento da desfolha. E nunca permitir o desenvolvimento de plantas tigueras de algodão ao redor da sede da fazenda, algodoeiras, carreadores e na bordadura de talhões, inclusive nas rodovias.

Fotos: Divulgação/FMC

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