Pecuária

A força da produção

Os cem maiores produtores do país, segundo ranking da MilkPoint, cresceram quase 10% no ano passado.

O Leite tem sido consistentemente um bom negócio, a julgar pelo forte crescimento dos 100 maiores produtores de leite nos últimos dois anos. Só em 2014, o avanço foi de 9,4%. Em 2013, já havia sido de 9,7%. Com esse desempenho, a média de produção em 2014, por produtor, foi de 15.161 litros diários.

“Além das vantagens da escala na compra de insumos, contratação de funcionários mais qualificados (e capacidade de qualificá-los), os maiores produtores possuem uma vantagem importante: recebem bônus significativos por volume entregue, tornando o negócio muito mais atrativo”, explica Marcelo Pereira de Carvalho, coordenador do MilkPoint e do levantamento Top 100 MilkPoint.

Aliado a esse aspecto, o mercado de insumos vem se especializando também para atender grandes projetos, com soluções adequadas a esse público e atendimento mais personalizado. Com isso, o grupo de elite do leite brasileiro vem se profissionalizando e atraindo investidores de outros setores do agronegócio e mesmo de outros segmentos da economia.

O Top 100 é realizado anualmente, há 15 anos, pelo portal MilkPoint. O objetivo é não só identificar os 100 maiores produtores de leite do país a partir da quantidade de leite efetivamente comercializada, mas também onde estas propriedades estão localizadas, qual o sistema de produção que utilizam e como percebem a atividade.

“Este levantamento nos permite ter uma visão sobre como é realizada a produção pelos maiores produtores de leite do Brasil, representando de certa forma um radar voltado para o futuro, já que a tendência é o aumento dos módulos de produção. É um olhar para o topo da pirâmide de produção leiteira”, afirma Carvalho.

Dados da pesquisa

Os 100 maiores produtores em 2014 apresentaram produção média de 15.161 litros por dia, 9,4% a mais do que os 100 maiores de 2013. Tal quantidade é mais que o dobro da apresentada no primeiro Top 100, em 2001, quando a produção média foi de 6.544 litros por dia. Trinta e nove por cento dos produtores consideraram a rentabilidade em 2014 acima da média dos outros anos, 47% afirmaram que a rentabilidade esteve na média e 14% a consideraram abaixo da média. Houve aumento de 3,6% nos custos operacionais de produção entre os produtores Top 100, sendo que 40% das propriedades tiveram custo operacional médio acima de R$0,90/litro.

Minas Gerais continua sendo o estado com maior número de fazendas presentes no Top 100, com 44 propriedades (duas a menos que na edição anterior). Em seguida, o estado do Paraná teve 18 fazendas entre os 100 maiores produtores de leite (uma a mais que no último Top 100). Os estados de Goiás e São Paulo apresentaram 10 propriedades cada no Top 100. São Paulo também se destaca por apresentar as 3 maiores fazendas leiteiras do Brasil, todas produtoras de leite tipo A com marca própria.

O Top 100 é realizado anualmente, há 15 anos, pelo portal MilkPoint. O objetivo é não só identificar os 100 maiores produtores de leite do país a partir da quantidade de leite efetivamente comercializada.

Entre os 10 produtores com maiores aumentos na produção diária, sete são da região Sudeste (cinco em Minas Gerais e dois em São Paulo). Outros dois produtores são do estado do Ceará e um é de Goiás. O sistema de produção mais utilizado pelos Produtores Top 100 foi o de confinamento das vacas, presenteiem – 61 propriedades. Dentre as fazendas que possuem o sistema confinado, 72% utilizam Free-Stall e 28% confinam utilizando piquetes de terra. Dentre as 39 fazendas restantes, 23 utilizaram o o sistema de semi-confinamento e 16 o de Pastejo rotacionado. O sistema Compost Barn de confinamento também foi citado por alguns produtores, porém sem se constituir no sistema principal das propriedades que o mencionaram.

A fazenda Flor da Serra, propriedade de Luiz Prata Girão é a única entre os dez maiores que utiliza sistema de pastejo rotacionado. A raça holandesa permanece como a mais utilizada nas propriedades, estando presente em 70 fazendas, mesma quantidade do levantamento anterior. A raça Girolando e outros mestiços com grau variado de sangue aumentou sua presença de 39 para 44 propriedades no Top 100. Dentre os 100 maiores produtores de leite, 29 utilizam mais de uma raça na propriedade.

O Pool Leite (Arapoti, Cooperativa Batavo e Cooperativa Castrolanda) teve o maior número de fornecedores de leite entre os Top 100, com 14 fazendas. Em seguida, com 12 fornecedores cada, Itambé e Danone dividiram a segunda colocação entre os laticínios. Entre os participantes do levantamento, 8 possuem laticínios próprios. A maior fazenda produtora de leite do Brasil em 2014 foi a Fazenda Colorado, de Lair Antônio de Souza e filhos, que teve crescimento de 17,4% na produção no ano, com média de produção diária de 62.851 litros/dia. No início de 2015, Lair Antônio de Souza, que havia se tornado o maior produtor de leite do Brasil no Top 100 2014, veio a falecer. As atividades da Fazenda Colorado continuam em operação, sendo administrada por seus filhos.

Metodologia adotada

No Levantamento Preliminar, a iniciativa foi divulgada no site Milk-Point, visando receber contribuições por parte dos leitores do site. Nesta etapa, a MilkPoint recebeu cerca de 200 sugestões de fazendas que poderiam estar ranqueadas entre os 100 maiores, tendo como base uma produção mínima diária estimada de 6.500 litros, que seria um valor aproximado considerado próximo do valor produzido pela centésima classificada no Top 100 2014. Nesta fase, o objetivo era ter uma produção aproximada, para então passar à fase de checagem, visando obter os dados consolidados do ano de 2014. Na Fase de Checagem, foram contatados individualmente os produtores selecionados, visando confirmar a produção e os dados básicos (nome da fazenda, município, laticínio para o qual comercializa o leite) e pedida autorização para publicação dos dados. Como critério, adotou-se a produção comercializada em 2014, em litros, e não a produção bruta, embora reconhecendo que esta arbitrariedade reduz, em maior ou menor grau, o volume produzido de leite em cada unidade produtora. A razão deste critério é que, durante o levantamento, notou-se que muitas fazendas não tinham com precisão o leite consumido internamente ou descartado, de forma que se obteria um dado distorcido. Com o critério da produção comercializada, trabalhou-se em cima de um dado mais objetivo.

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