Negócios

Balanço: culturas perenes

Segundo especialistas, situação de mercado da cana-de-açúcar em 2012 foi satisfatória. Neste ano, indústrias e produtores buscam ainda mais o mercado internacional.

Com o início da safra 2013/2014, os produtores e indústrias já começam fazer as comparações entre os períodos de 2011/2012 e 2012/2013. E em meio estas comparações esta o fato de que no último ano, o volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região centro-sul do Brasil, por exemplo, alcançou 531,35 milhões de toneladas – este dado foi divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Com base na publicação do órgão, observa-se uma expansão da moagem de 7,74% (531,35 milhões de toneladas até dezembro de 2012 contra 493,16 milhões de toneladas na safra 2011/2012). No último mês do ano passado, a moagem totalizou 20,75 milhões de toneladas, sendo 17,57 milhões de toneladas processadas na primeira quinzena e 3,18 milhões de toneladas na quinzena seguinte. É importante ressaltar que a moagem acumulada até o momento é praticamente o número final da safra 2012/2013, pois poucas unidades produtoras estão em operação neste início de ano.

Até dia 31 de dezembro de 2012, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar somou 135,64 kg, número que fica 1,39% abaixo dos 137,54 kg registrados no resultado final da safra 2011/2012. Na opinião de Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, a safra resume-se com um começo bem otimista, porém, nos primeiros meses se criou a expectativa de quebra de safra que devido às chuvas do meio do ano, não aconteceu. “Também houve a redução das importações de açúcar, devido ao excedente de açúcar lá fora. O Brasil que importou bastante etanol em 2011/2012, não repetiu o feito no ano passado, e, o amido foi mais rentável que o açúcar em várias épocas do ano”, declara. Segundo ele, o País lançou uma nova experiência no mercado interno, que foi o mercado regulado de amido, do qual obteve mais de 80% de retorno. Mas, o principal fato foi o amido ser mais valorizado, fazendo com que as usinas dirigissem a uma produção maior do produto. “Posso dizer que além da questão do amido, a exportação foi muito boa na última safra. Atualmente, o Brasil aparece bem no cenário internacional quando o assunto é a cana e seus derivados”.

Segundo o gerente executivo agrícola da Usina São João, Humberto Carrara a safra 2012/2013 começou com certo pessimismo em relação à produtividade e à produção. Porém, como o preço da cana está atrelado ao preço dos produtos da cadeia, a matéria prima iniciou a safra com boa valorização. Por outro lado, as chuvas na época de colheita atrasaram este processo, e muitas usinas ainda estavam colhendo em dezembro ou até deixaram cana sem moer. “Isso significa que teremos mais cana para processar na safra 2013/2014, com condições climáticas provavelmente favoráveis”, diz. Em um cenário de maior produção, o preço das commodities deve ficar em baixa, o que leva a um menor preço para a matéria prima também e à forte redução de margens de lucro com o produto.

Tecnologia para o futuro

Para continuar crescendo no cenário mundial, é fundamental a utilização de máquinas tecnológicas nas linhas de produção. Nota-se que a cada ano há evolução na tecnologia utilizada em todo sistema que envolve a cana. “A tecnologia é indispensável, e passa pela disposição e escolha de uma variedade de cana, a forma de se plantá-la mecanicamente, o manejo e nutrição deste material e a forma de colhê-lo”, declara Carrara. Segundo ele, hoje, sem tecnologia não se consegue produzir economicamente em escala industrial. “O tempo dos alambiques que produziam rapadura e cachaça já passou”.

O uso da tecnologia vai interferir no futuro do mercado da cana-de-açúcar, e Rodrigues comenta que atualmente, a cana brasileira está em condição favorável e volta a ter bom contingente de volume. “Para a safra 2013/2014 estimamos atingir 580 milhões de toneladas. E pelo o que estamos observando, as condições climáticas serão muito favoráveis para que isso ocorra”. Ele revela que além da meta, o mercado está em um novo cenário, no qual o ambiente é bom. “Vamos lutar para manter a cana num lugar alto e ser reconhecida por todo mundo”, finaliza.

Já Carra acredita que nesta safra, o setor sucroenergético brasileiro vai atravessar um ano difícil. “Vejo que no Brasil, há uma carência de políticas governamentais claras para a energia e etanol. Já, no mundo, há a previsão de uma grande produção, com boas safras de cana em países como a Índia e em novos países produtores como a China, o que deve levar a um achatamento dos preços do açúcar no mercado internacional”, diz. A perspectiva de uma safra farta pode levar a baixa rentabilidade, com custos de produção altos, por isso, a regra de ouro para quem quiser estar bem posicionado no mercado será utilizar a tecnologia para garantir a produtividade e os excelentes resultados operacionais.

Café e citros

O mercado dos perenes foi bastante agitado e teve algumas modificações das safras de 2011/2012, para a de 2012/2013. Segundo dados do Cepea/Esalq, os indicadores do café arábica, por exemplo, apontam que no ano passado a média de preço foi de R$ 390,81, número que é 21% menor do que o resultado obtido em 2011, quando foi atingida a média de R$ 494,68. Em 2012, o valor mais alto do café foi registrado no dia 11 de janeiro, quando se alcançou o valor de R$ 504,65. Já o menor preço visto ficou perto do final do ano, mais especificamente no dia 28 de dezembro, atingindo R$ 333,66. Por outro lado, outro tipo de café, o robusta fechou o ano com uma porcentagem positiva (15% a mais que em 2011). Este resultado se deu pelo fato da média de preço no último ter ficado por volta de R$ 268,87, em 2011 este preço foi de R$ 233, 21. O melhor preço do robusta foi registrado no dia 20 de janeiro, com o preço de R$ 302,40, enquanto o menor valor foi no dia 29 de março, com R$ 238,61.

Ainda segundo o Cepea/Esalq, a laranja-pera fechou o ano passado com grande quebra. Na soma da média mensal do produto no mercado interno, foi constatado um valor 48% menor do que o atingido em 2011 (R$ 7,82 a R$ 15,11), com registros de melhor preço em 2012 no mês de abril com R$ 12,82 e menor em agosto, com R$ 5,54. Já os preços da lima do tahiti fecharam em quebra de 21%. A média em 2012 ficou na casa dos R$ 12,62, enquanto em 2011 foi registrado o preço de R$ 16,16. O maior preço da lima foi no mês de novembro, com R$ 30,89 e o menor no mês de maio com R$ 4,14.

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