Agricultura

No interior da axial

São elas, grandes, potentes e responsáveis por reverter os mais de 47 milhões de hectares cultivados no País em toneladas e mais toneladas de grãos. Elas também, com o tempo e a agregação de novas tecnologias, foram peças fundamentais para o gradual incremento da lavoura, garantindo mais grãos em menos área colhida. Não é à toa que, a cada feira agropecuária, elas sejam as reais chamarizes do evento – pelo porte e imponência que os modelos trazem.

Agora, alguém já se perguntou ou quis saber como funciona um tipo de máquina dessas? Quais os componentes principais dela, ou, simplesmente, como ela consegue transformar vastos campos de plantação em apenas grãos? Para sanar essas dúvidas, dê uma olhada nesse exame radiológico feito com as colheitadeiras axiais.

Mudando os eixos

Axial se refere a eixo. E foi por justamente mudar a posição dele em relação à máquina que a tecnologia das colheitadeiras pode ser maximizada. “Ao invés de a debulha, a trilha e a separação acontecerem em cilindros batedores que atuam perpendicularmente ao eixo da máquina (paralelo se comparado com a plataforma de colheita), essas etapas ocorrem em um rotor axial (paralelo ao eixo da máquina), onde a movimentação do material ocorre sem impactos bruscos, sendo acelerada e processada de forma axial ao eixo do rotor”, explica Eduardo Isaac, especialista em marketing de produto da Case IH. “Não existe um ‘batimento’ do material e sim um processo progressivo de debulha, trilha e separação, o que evita danos severos ao material e melhorando significativamente a qualidade da colheita”, certifica.

O coração da máquina

O rotor é o órgão mais importante da colheitadeira e é dele que vem o grande segredo para uma boa colheita. Ele é acionado por um mecanismo e gira no sentido anti-horário, e a partir de estruturas fixadas a ele como as ‘gengivas’ e as ‘barras raspadoras’, é realizada a separação do material (palha e grãos). “O operador inclusive pode escolher quantas voltas o material precisa dar em torno do rotor antes de seguir para a limpeza através de ‘vanes’ reguladores. Depois de passar pelo rotor, o material cai no sistema que o transporta até a peneira para limpeza”, descreve Isaac.

A Case IH, empresa que atualmente faz parte do grupo Case New Holland (CNH), destaca-se como a pioneira em termos de colheitadeiras axiais. Segundo o representante da montadora, em 1977, a International Harvester, que logo depois se firmaria sob a marca Case, lançava a primeira colheitadeira a partir desse sistema. De lá pra cá, demais componentes e tecnologias foram sendo agregadas a esse tipo de máquina.

“Efetivamente, os principais itens de uma axial são o cone de transição e o rotor, o qual realiza o processo de debulha, trilha e separação suaves, o que evita quebras de grãos (dano mecânico), dano latente ao grão (impedindo-o de germinar quando destinado à sementes) e perdas de material processado (sementes que são perdidas e lançadas no chão)”, avalia Isaac.

Outro ‘coração’ axial de destaque, é apresentado sob o conceito STS, ou Single Tine Separation, da John Deere, uma montadora que também tem presença forte no Brasil, em especial, no segmento de plantadeiras, e que vem despontando na área de colheitadeiras, garantindo mais opções ao vasto mercado de máquinas agrícolas brasileiro.

O rotor da John Deere apresenta três seções distintas, para alimentação, trilha e separação, o que corresponde a três diâmetros diferentes da caixa do rotor. O aumento do diâmetro faz com que a palha sofra um efeito de compressão e descompressão em sequência, o que faz a palha se separar do grão naturalmente.

A frente do dispositivo é em forma de cone, e por isso oferece espaço maior para os grandes volumes de material vindos da seção de alimentação, que são distribuídos de forma mais fácil e uniforme.

Na seção de alimentação, as paletas enviam o material de colheita em uma camada fina para a área de trilha, o que significa menor risco de obstrução e redução do consumo de potência.

No sistema de trilha e separação o manuseio ocorre de maneira mais suave, e a colheitadeira pode trabalhar com velocidades de deslocamento maiores sem comprometer os grãos.

Fígado, pulmão e rins

Já que a analogia é com órgãos do corpo humano, pode-se dizer que outras peças de grande importância às máquinas teriam uma função de destaque no processo de seleção dos grãos, como é o trabalho feito por peneiras de limpeza e um sistema de ventilação, o ventilador Cross Flow, das máquinas da Case, que garante um fluxo forte e uniforme de ar para lançar a palha do material para o picador de palha. “Este último, é outro importante item da colheitadeira, pois é responsável por picar o material que volta ao solo para cobertura de área após a colheita, preservando-o”.

Para todos os bolsos

Se a vontade era ter uma máquina desse tipo, mas que coubesse tanto na garagem como o bolso de um médio ou pequeno produtor, alguns lançamentos poderão ser oportunos, como é o caso da colheitadeira 9470 STS, da John Deere, apresentada na Agrishow deste ano. A máquina em questão é de porte menor do que as primeiras colheitadeiras STS lançadas no mercado, como a 9650 e a 9750, permitindo que uma nova faixa de clientes possa passar dos equipamentos com sistema de saca-palhas para o sistema axial.

Já, no caso da Case, o lançamento mais recente é o da Axial-Flow 8120. A nova máquina está equipada com um motor de 425 cavalos e possui um tanque graneleiro de 12,3 mil litros de capacidade. Ela se destaca por sua ampla área de limpeza de 6,5 metros quadrados, além dos 2,7 metros quadrados da bandejão de pré-limpeza. Outra diferença é que toda o sistema de limpeza da máquina, inclusive o ventilador, se nivela automaticamente até uma inclinação de 12%, de modo que não há necessidade de alterar a velocidade em pequenos declives ou irregularidades do terreno por temor de perder grãos.

Da planta ao grão

1) A base da planta é cortada pelas navalhas da plataforma de colheita;
2) O material é recolhido pelo conjunto molinete/eixo sem-fim transportador e após isso, entra pelo canal alimentador;
3) Em seguida, é acelerado suavemente pelo cone de transição;
4) Já no rotor, o coração da máquina, o material é processado, enviado através de um sistema transportador (eixos sem-fim ou bandejão dinâmico) para a limpeza (peneiras) e depois, segue para o tanque de grãos.

Rotor convencional

O SISTEMA DE ROTORES CONVENCIONAL TRABALHA PERPENDICULARMENTE AO EIXO DA MÁQUINA, O QUE OCASIONAVA UM CHOQUE MAIOR NA HORA DA DEBULHA, CONTRIBUINDO ASSIM PARA MAIORES DANOS AOS GRÃOS.

Rotor

O SUPER ROTOR STS FOI PROJETADO PARA AUMENTAR O MANUSEIO DO MATERIAL, POSSIBILITANDO MAIOR RENDIMENTO EM CONDIÇÕES DIFÍCEIS DE COLHEITA, COMO EM CASOS DE PALHA DURA, VERDE OU ÚMIDA. A FRENTE DO DISPOSITIVO É EM FORMA DE CONE, E POR ISSO OFERECE ESPAÇO MAIOR PARA OS GRANDES VOLUMES DE MATERIAL VINDOS DA SEÇÃO DE ALIMENTAÇÃO.

Em 1977, a International Harvester, que logo depois se firmaria sob a marca Case, lançava a primeira colheitadeira a partir do sistema de colheita axial.

O rotor da John Deere apresenta três seções distintas, para alimentação, trilha e separação, o que corresponde a três diâmetros diferentes da caixa do rotor.

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