Agricultura

Besouro: “um novo inimigo da laranja”

Ocorrência de uma espécie de besouro (Cerambycidae: Ibidionini) como uma nova praga para a Citricultura Paulista Besouros da família Cerambycidae constituem um dos maiores grupos de coleóptera, com aproximadamente 35.000 espécies descritas no mundo. A maioria, na fase larval,é composta por espécies fitófagas com amplo espectro de fonte de alimentação, principalmente madeiras mortas, mas também podem ocorrer em plantas vivas, sementes e raízes.

Com esse tipo de hábito alimentar, os cerambicídeos desempenham um papel muito importante na reciclagem da matéria vegetal morta, reduzindo-a a pó, ao passo que as galerias abertas pelas larvas facilitam a penetração no interior da madeira, de água e microrganismos decompositores. Por outro lado, esses insetos tornam-se causadores de prejuízos quando habitam o agroecossistema e atacam as plantas de interesse agrícola.

Para cultura do citros, no Estado de São Paulo, existem 2 espécies de Cerambycidae relatadas que possuem grande importância econômica, sendo elas: Diploschema rotundicolle (broca dos ponteiros) e Macropophora accentifer (broca do tronco). Ambas são conhecidas como coleobrocas e estão amplamente distribuídas pelo estado. Aparecem em surtos populacionais provocando prejuízos diretos pela queda dos frutos, no caso D. rotundicolle e indiretos pela abertura de galerias nos ramos e troncos das árvores. Comportamento praticado tanto por D. rotundicolle como por M. accentifer. Por exercerem seus nichos ecológicos pelo interior da planta torna-se de difícil controle podendo provocar, em algumas situações, até a erradicação de pomares.

Com base em observação de pomares e consultas de citricultores, passamos a constatar uma outra espécie dessa família, pertencente à tribo Ibidionini, provavelmente, ao gênero Hexoplon que tem provocado severos prejuízos aos pomares em alguns municípios paulistas. Em 2000, foi constatado um surto desse inseto ocasionando prejuízos no Município de Mogi Guaçú (46º56’31.92″W, 46º56’31.92″S), em 2005 em Itatinga (46º56’31.92″W, 22º22’19.92″S) e, em 2006 emTaquarituba (49º14’39.84″W, 23º31’59.16″S).

Os exemplares dos besouros obtidos estão sendo enviados a especialistas para serem identificados e, posteriormente, serão depositados na coleção entomológica “Oscar Monte”, do Laboratório de Controle Biológico que fica situado no Centro Experimental de Campinas – CEIB, do Instituto Biológico, órgão ligado a secretaria de agricultura e abastecimento.

Surtos populacionais de insetos provocando prejuízos às culturas econômicas têm sido freqüentes nas últimas décadas e são sempre atribuídos a expansão da monocultura com o conseqüente desmatamento, assim como o elevado uso de agroquímicos para controlar pragas convencionais das lavouras. A maioria das espécies de Cerambycidae normalmente está associada a florestas naturais, ocorrendo nas planta mortas ou em putrefação. Algumas atacam madeiras úmidas e outras madeiras secas, são poucas as espécies que desenvolveram estratégias para conseguir atacar as plantas vivas. O fluxo de seiva que se transloca pelos vasos do vegetal constitui no principal mecanismo de defesa da planta para evitar os ataques desse grupo de insetos.

Comportamento da larva e prejuízos

Larvas dessa espécie que estamos observando na citricultura têm atacado ramos com diâmetro de até 5 centímetros. Quando elas atingem a metade do seu desenvolvimento biológico (± 3 cm de tamanho) realizam um corte em espiral no ramo entre a casca e o lenho do vegetal, o que interrompe o fluxo da seiva, provocando a murcha (50 a 70 frutos/ramo) e a perda dessa parte da planta, constituindo-se em elevados prejuízos para o citricultor. Normalmente nos pomares de ocorrência desse inseto, têm sido retirados entre 5 a 10 ramos atacados por planta o que tem proporcionado uma perda de 250 a 700 frutos para cada planta.

Diferente das outras espécies conhecidas para a citricultura, a larva e posteriormente o secamento . Esse comportamento proporciona a queda de frutos desse coleóptero não elimina serragens para o ambiente externo, o que dificulta para o citricultor verificar o inicio do ataque do inseto nas plantas.

Embora espécies da tribo Ibidionini sejam bem estudadas do ponto de vista taxonômico e da distribuição geográfica, pouco se sabe sobre sua biologia e suas plantas hospedeiras. Para esta espécie que está sendo constatada, ainda não existe nenhum registro para a cultura do citros no Brasil. Como a intensidade de ramos com os sintomas do ataque têm aparecido entre os meses de maio e junho de cada ano, pressupõe-se que o inseto possua um ciclo biológico anual, como acontece com a maioria das espécies de Cerambicídeos.

Controle

Nas pesquisas em campos de citros que realizamos até o presente momento, verificamos que as larvas realizam o corte no ramo e ficam alimentando-se nessa parte morta do vegetal. Diante dessa observação, temos sugerido aos produtores como medida de controle a catação manual de ramos com sintomas de ataque do inseto e, posteriormente, a sua incineração dos mesmos. O corte provocado pela larva deixa o ramo fácil de ser quebrado e retirado da planta pelo executor da operação.

Nesta fase de larva o inseto não deixa nenhuma galeria no ramo e nenhuma serragem visível no ambiente externo, o que dificulta a sua localização. Portanto, torna-se difícil o uso de qualquer produto visando atingir e eliminá-la. Desta forma, qualquer estratégia de controle, seja ele químico ou biológico, deve-se ter como alvo principal o inseto na fase adulta que possui vida livre e efêmera, visitando os pomares, provavelmente, entre o período crepuscular e noturno.

Como etapas iniciais de pesquisas, estamos coletando larvas do inseto no campo e mantendo-as em condições de laboratório, com dieta artificial . Esses estudos têm como finalidade estabelecer uma criação artificial para conhecer a biologia e outros aspectos do comportamento.

Além disso, matemos contatos freqüentes com produtores, nos municípios onde o inseto está atacando os pomares, para iniciar uma pesquisa de campo, visando conhecer a flutuação populacional da praga, o comportamento dos adultos, o nível de dano econômico provocado à cultura e possíveis ocorrências de inimigos naturais. Com o desenvolvimento desses estudos e mediante os resultados obtidos é que poderemos estudar métodos mais eficientes objetivando o controle do inseto.

2 Responses

  1. Nas minhas laranjeiras estão aparecendo bizouros e depois que a laranja está grande a laranja cai apodrecida .

  2. Bom dia,
    Meu pe de limão morreu repentinamente em março do ano passado 2019. Em pouco mais de 2 meses quando percebemos que tinha algo errado, a planta morreu sem conseguirmos salvá-la.
    Cortamos o limoeiro, mas deixamos um tronco de cerca de 1m. Em pouquíssimo tempo, ele ficou coberto de pó, sendo devorado por algum inseto.
    Minha mexerica , logo depois teve um galho murcho de uma semana para outra.
    Estou notando que no tronco da mexerica e da lima da pérsia, a casca está estourando e aparece parte do tronco seco.
    Agora pesquisando sobre pragas dos citrus, encontrei essa reportagem, que acredito ser o problema das minhas plantas.
    Eu não sou agricultora, só tenho um pé de lima da pérsia, um de mexerica, laranja celta, laranja lima, laranja bahia, tangerina, e outras poucas frutas, apenas um pe de cada.
    Ultimamente todas as plantas foram atacadas por um besouro pequeno, verde-escuro , pernas finas e me parece que gosta de comer tudo o que tem pela frente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *