Pecuária

Mastite: combater no período seco para lucrar na lactação

Uso de novos produtos permitem reduzir a ocorrência de mastites clínicas. A mastite é causa contínua de significativos prejuízos para a indústria leiteira. Para se ter uma idéia, as perdas das propriedades leiteiras no Brasil acarretadas pela mastite subclínica podem chegar a R$ 630,00 por vaca/ano.

A fonte primária dessas perdas é, geralmente, o período seco, época de risco para infecções intramamárias (IIMs) ambientais. Mais da metade das infecções clínicas ocorridas nos primeiros cem dias de lactação tem sua origem no período seco anterior. Isto é, as bactérias entram no úbere, porém a mastite só se manifesta após o parto, na lactação.

“Esses dados indicam que há necessidade de novas alternativas de tratamento para reduzir infecções em vacas secas”, comenta Elio Moro, gerente da Unidade de Negócios de Bovinos Leite da Pfizer.

No período seco, época de maior suscetibilidade para adquirir novas IIMs, o animal conta com uma importante defesa natural: o tampão de queratina que fecha o canal do teto, criando uma barreira física que impede a entrada de bactérias na glândula mamária. “Ainda assim há risco, pois o tampão demora dias ou semanas para se formar. Em algumas vacas, o tampão nem chega a se formar. A infecção intramamária pode ocorrer antes do completo fechamento do teto pelo tampão”, explica Moro.

Há muitos anos que a terapia de vaca seca com antibióticos intramamário de longa ação tem sido a opção de tratamento e prevenção de mastites, controlando infecções presentes na secagem e prevenindo novas IIMs durante o período seco. Hoje, sabe-se que essa terapia tem duas limitações. A primeira é seu espectro de ação que é deficiente contra as bactérias ambientais. A segunda é seu período de ação incompleto, ou seja, não age mais nos momentos finais do período seco (antes do parto), deixando o úbere desprotegido e exposto à atuação de bactérias causadoras de mastite.

A deficiência nos programas de tratamento com antibióticos tem provocado interesse por produtos selantes, que buscam o fechamento dos tetos. No mercado internacional existem alguns selantes externos que são aplicados ao teto por imersão e criam uma barreira física no orifício do teto durante o período em que o tampão de queratina está sendo formado. O ponto fraco desses produtos é que ficam por poucos dias no teto, não atuando em todo período seco.

Ferramenta inovadora

A pecuária leiteira global já aponta uma mudança na estratégia de combate à mastite. Produtores dos Estados Unidos, Europa, Chile e Oceania já estão utilizando o selante interno dos tetos, uma nova ferramenta para o controle da doença.

Em estudos publicados nesses países foi possível observar que o uso do selante interno na secagem de vacas resultou em uma considerável redução de novas IIMs no período seco, quando comparado aos animais não-tratados ou aos que foram tratados somente com antibióticos para vaca seca. Em uma estratégia mais ampla, o uso do selante interno com antibióticos para vaca seca traz mais benefícios em relação à baixa incidência de novas infecções, redução na contagem de célula somática (CCS) e redução na incidência de mastites clínicas em até 150 dias de lactação.

O uso conjunto é apoiado por trabalhos de segurança e compatibilidade entre os dois produtos. O selante interno simula o tampão natural de queratina e se mantém na cisterna do teto por todo o período seco.

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