Pecuária

Cheia no pantanal: “por água abaixo!”

Prejuízos chegam a R$ 120 milhões com a cheia no Pantanal. O veterinário Urbano Gomes de Abreu, pesquisador da Embrapa Pantanal, afirma que os prejuízos causados à pecuária pela enchente rigorosa no município de Corumbá em 2007 podem chegar a R$ 120 milhões.

Ele diz que haverá necessidade de deslocamento de aproximadamente 528 mil animais, além de problemas com a infra-estrutura das propriedades. Também ficou de fora do levantamento feito pelo pesquisador da Embrapa Pantanal (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA), a mortalidade de outras categorias como novilhas de reposição e touro reprodutor.

O rebanho bovino estimado para a região do Pantanal do município soma 1.533.114 reses, que ocupam área de 6.231.100 hectares (ha) (ou 62.311 km²). “Considerando que cerca de 15,3 mil reses permanecem na parte não inundável do município, é estimado um total de 1.517.814 reses no Pantanal de Corumbá, sendo a taxa de lotação média de 4,1 hectares para cada rês”, afirma.

Em situação de enchente rigorosa, é preciso retirar praticamente todo o gado das áreas influenciadas pelos rios Paraguai, Abobral e Nabileque. No rio Taquari a taxa de lotação diminui, ou seja, é necessário ajustá-la para 0,2 reses por hectare ou cinco hectares para uma rês. Esse cenário tem como conseqüência a diminuição de 45% das áreas para criação de bovinos. “O excedente terá de sair do Pantanal de Corumbá.”, afirma Urbano.

O pesquisador explica que o rebanho do Pantanal tem a característica de realizar o ciclo produtivo da cria. Vão permanecer no Pantanal corumbaense 445.366 vacas de cria, principal unidade produtiva do sistema de produção pecuário.

“Em enchentes fortes, estima-se que ocorra morte de 5% das vacas, especialmente das mais velhas. Isso diminui o número de matrizes na região para 423.098 animais, fato que resulta em um prejuízo direto para a atividade pecuária da região estimado em R$ 8.907.320.”

Nesta situação, outra perda financeira direta para a atividade é a redução do peso das vacas e sua conseqüente queda na produtividade futura. Urbano diz que em janeiro as vacas criadas no Pantanal geralmente estão em bom estado de condição corporal (ECC), média de cinco (em escala que varia de um a nove), com peso calculado de 390 quilos.

Com queda estimada de dois pontos no ECC, em uma situação de grande cheia, as matrizes perderiam, em média, 4,2 arrobas. Considerando o rebanho total da região, estima-se a perda média em todo rebanho de 1.790.550 arrobas. Com o preço da arroba atual de R$ 49 para vaca não rastreada – condição mais comum no Pantanal – contabiliza-se prejuízo de R$ 87.736.940,44.

Outro ponto importante para a atividade é a diminuição da taxa de natalidade na época de nascimento subseqüente. “Avalia-se que essa taxa cai em até 10 pontos percentuais”, afirma o pesquisador.

Como no Pantanal, em média, a natalidade está em torno de 56%, a taxa diminuiria para 46%. Esse percentual reduziria o nascimento em 42.310 bezerros, com prejuízo estimado em R$ 14.385.325, que os produtores locais vão deixar de receber devido à baixa produtividade após ano de enchente rigorosa.

Soma-se aos demais problemas ocasionados pela enchente a morte dos bezerros nascidos no período, devido à falta de condições de saúde das vacas prenhes, especialmente as mais novas. Elas seriam incapazes de fornecer ambiente materno que possibilite ao bezerro crescer em boas condições. “Ou seja, há perda na produção de bezerros que é calculada em 10%, o que perfaz um prejuízo direto de R$ 8.055.781”, conclui.

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