Pecuária

Criador de gado é alvo

Com a intuito de atrair pecuaristas, a ave de origem africana foi parar em Uberaba, casa do zebu, mostrando a rentabilidade que ela vem apresentando nos campos brasileiros.

Enquanto o plantel nacional de avestruz não é suficiente para realização de abates comerciais, a estrutiocultura, nome dado á criação de avestruz, registra altos valore na comercialização dos animais. Para se ter uma idéia, o preço de um filhote de três meses é R$ 1.500, a ponto que um adulto, já em fase de reprodução, fica na casa dos R$ 6.000. No entanto, nas contas do proprietário da Euroavestruz SL, de Uberaba (MG), Adair Velasque, consegue-se obter o retorno do investimento logo no primeiro ano. De acordo com ele, cada fêmea é capaz de produzir 20 filhotes por ano, o que, numa compra de 30 animais (20 fêmeas e 10 machos), obtém-se um faturamento de R$ 600,00/ano. Considerado que a aplicação inicial em animais fique em R$ 180,00,mais a montagem da infra-estrutura da criação e da sala de incubação e berçário, que exige outros R$ 50.000, o investimento total para um plantel desse gira em torno de R$ 230,000. “Diante disso, mesmo se o preço dos animais caírem para R$ 1.000 o lucro fará parte da atividade nas primeiras posturas.”

Na opinião dele, o Brasil ainda precisará de oito anos para iniciar o abate em escala, quando terá em torno de um milhão de aves. As condições nacionais de terra, mão-de-obra, matéria-prima para ração e clima aparecem favoráveis para desenvolvimento da criação, capazes de transformar o País com um grande exportador do avestruz e seus produtos. Para Velasque, a competição será diretamente com a África, maior produtora da ave no planeta. “Nos primeiros anos de abate, o Brasil ultrapassará os índices de Israel, hoje segundo maior exportador mundial.”Atualmente, o quilo da carne de avestruz no mercado brasileiro está por volta de R$ 60, uma vez que sua disponibilidade de comercialização somente é possível via importação. Quando a produção interna estiver comercialmente viável, o proprietário da Euroavestruz acredita que o preço ficará bem próximo ao que se paga pelo filé mignon bovino. Além do apelo natural da carne, classificada como light em função dos baixos níveis de caloria, gordura e colesterol, o interesse de grandes frigoríficos também deverá contribuir para conquistar o gosto do consumidor nacional.

No entanto, a preocupação, agora está no desenvolvimento das condições ideais para a melhor formação do plantel nacional. A começar pela qualidade genética dos animais, a Euroavestruz vem evitando, entre outros aspectos, a consanguinidade nos cruzamentos. Para isso, tem trazido exemplares de uma das maiores empresas de avestruzes do mundo, Lisabeth, da Espanha, que conta com seis mil animais adultos em postura, com nascimento de três a cinco mil filhotes/semana.

As primeiras importações da Euroavestruz ocorreram em 1997, totalizando 1.200 filhotes. No ano seguinte, com o fechamento das fronteiras brasileiras para a entrada de avestruzes, o mercado interno de avestruz ficou praticamente um ano e meio parado, aguardando a liberação para os animais pudessem entrar no País. Em julho de 1999, depois de muita negociação, a Euroavestruz transformou sua fazenda no primeiro quarentenário privado aprovado pelo Ministério da Agricultura. Para tanto, teve de levar técnicos governamentais á Espanha, com o objetivo de que conhecessem as instalações do grupo Lisabeth e autorizassem novas importações. Com a liberação em mãos, a empresa promoveu a importação de 1.000 filhotes em setembro do ano passado. Em fevereiro de 2000, foi a vez dos 650 exemplares adultos, a maior concentração do Brasil, que chegaram de navio, depois de uma viagem de 18 dias, acompanhada por um veterinário especializado. “A operação somou US$ 1,2 milhão, inaugurando as importações de avestruzes por navio, antes nunca realizada no Brasil, além de representar a terceira maior exportação mundial de avestruzes em navio.”

Essa importação ocorreu em parceria com a Fazenda Pé Forte, que, ainda no mês de maio, depois da quarenta, recebeu 450 animais (300 fêmeas e 150 machos) para iniciar sua produção. De acordo com Velasque, trata-se do maior plantel de avestruzes adultos do País.

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