Agricultura

São Paulo aposta no plantio direto na palha

E transformar-se não só em grande produtor de culturas como cana-de-açúcar e laranja, mas acrescentar o importante e rentável cultivo de grãos. Afinal, sabe-se que o Estado consome 12 milhões de toneladas/ano e produz apenas metade desse total. As alterações em busca do novo perfil já começaram. A safra a ser colhida promete ganho de produtividade de 3,8% no milho e 19,7% na soja. Parte desse resultado deve ser atribuída ao Programa de Plantio Direto na Palha (PPDP), desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), desde meados do ano passado.

Na safra de 98/99, a área de plantio direto na palha (PDP) saltou de 45 mil para 140 mil ha Ver Mapa 1 e Quatro, portanto, teve aumento superior a 560. Atualmente, o Estado reúne 1,3 mil produtores dedicados a esse tipo de plantio, 80% dos quais centrados em Assis, Itapeva, Avaré e Barretos. Mas isso é apenas o começo. A Secretaria espera ampliar o espaço ao longo do Estado, especialmente nas regiões de pastagem, regiões de reforma de cana-de-açúcar e nas regiões trabalhadas com grão. Dessa forma, Ricardo P.L.Carvalho, chefe da Assessoria Técnica da SAA, pretende ver extinta a afirmação de que o sistema de plantio direto na palha não tem sucesso em São Paulo.

Após participar discussões e encontros, Carvalhos percebeu que a adoção do sistema não apresentava motivos concretos para o fracasso no Estado, já que não existiam fortes problemas técnicos, climáticos ou de capacitação dos produtores. Na opinião dele, o que faltava era decisão política para incentivar o PDP. A Secretaria, então, criou o programa. Dessa forma, acredito que São Paulo possa recuperar o que perdeu na década de 70, quando apostou na cana-de-açúcar e no Pro álcool. E, nos anos 80, quando aproveitou as geadas na Flórida, Estados Unidos, e investiu na laranja, acredita.

Entusiasmado, ele conta que a estratégia de elaboração do programa exigiu diversas medidas. Na fase inicial, criou-se o preparo de 60 técnicos, com cursos de capacitação, realizados em Campinas e em Assis, entre agosto e setembro do ano passado. Os cursos, com pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), incluíram prática de campo, com uso de plantadeiras e manejo da palha.

Na fase seguinte, técnico da Coordenadoria de Extensão Rural (CATI), órgão da Secretaria, e o Grupo Plantio Direto, entidade que reúne fabricantes de equipamentos e empresas de insumos, instalaram 18 unidades demonstrativas, espalhadas em Assis, Itapeva, Barretos, Orlândia, Avaré, São João da Boa Vista, Araçatuba e Votuporanga. O IAC criou 8 unidades de demonstração e o Instituto de zootecnia, mais três.

Ainda como estratégia, a Secretaria pretende engajar universidades e também colégios técnicos, que somam 35 no Estado, para a divulgação do programa. Mais ainda: também estão inserida as 585 Casas de Agricultura, cada uma delas com técnico. Neste ano, entre maio e junho, o PPDP sofrerá avaliação, feita por um amplo grupo formado pela secretaria, CATI, institutos de pesquisa, cooperativas e representativas dos próprios agricultores.

Atualmente, os produtores paulistas estão conscientes da possibilidade da safra e da safrinha no PDP,o que significa aumento de produção, redução de riscos e mais oportunidade de lucros, afirma Carvalho. Sabe-se que a perda de solo nos cultivos tradicionais gira em torno nos cultivos tradicionais gira em torno de 25 toneladas/ha por ano. Já no PDP, esse total baixa para três toneladas/ha/ano. A área de PDP na safra passada significava 2% da área em grãos e fibras no Estado. Já a área atual representa 8%. A expectativa da Secretaria é expandir o PDP, especialmente na região Oeste do Estado, e possibilitar o fortalecimento da mentalidade que caracteriza o sistema, lucro com conservação do solo, como caminho econômico e seguro para a agricultura.

Exatamente esse caminho é percorrido por produtores do Paraná, desde meados dos anos 70. Como resultado, mais de 80% da área de soja naquele Estado é feita em PDP, assim como 50% da área de milho e 90% da área de trigo. Otmar Hubner, agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná, garante que 53% da área de plantio do Estado correspondem ao PDP.

Ele lembra que o sistema sofreu reveses no início da adoção, por falta de conhecimento técnico. Muitos dos produtores não fizeram a correção de solo necessário nem incorporação correta da palhada. Alguns anos depois, houve o incremento da tecnologia e, de o final dos anos 80, o PDP cresce continuamente. Hubner garante que atualmente o mercado de máquinas, equipamentos e insumos mais o avanço da tecnologia atendem perfeitamente á demanda.

A expectativa da Secretaria em ampliar a área paulista de PDP é compartilhada por Hernani Prado Vasconcelos, agrônomo e ex-coordenador do Grupo Plantio Direto, cargo que exerceu por três anos e deixou em abril deste ano. Ele explica que o grupo, criado há sete anos e composto por empresas, como Basf, Dow AgroSciences, Hoechst Schering AgrEvo, Manah, Monsanto, Novartis e Zeneca, tem como objetivo divulgar o plantio direto na palha, organizar palestras técnicas, dias de campos e patrocinar livros. Enfim, divulgar o sistema de plantio direto na palha. Ao estabelecer o mapeamento do PDP no país, Vasconcelos explica que a região sul – Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, pioneira e caracterizada pelo clima ideal para o sistema ideal para o sistema, pois mantém a palhada no solo em boas condições, mostra-se perfeitamente adaptada. Os cerrados – Mato Grosso, Mato grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, mostraram evolução, ao longo dos últimos cinco anos. O mesmo, porém, não aconteceu em São Paulo, caracterizado pela concentração da cana-de-açúcar e laranja. Já o Norte e Nordeste formam uma região estanque, pois apresentam pouca produção de grãos.

Na opinião dele, São Paulo detém corpo técnico, agrônomos e pesquisadores aptos a desenvolver o sistema. Faltava apenas maior incentivo, o que deve acontecer, em razão do programa de PDP, elaborado pela Secretaria. Mais: ele defende o PDP como um sistema que não exige altos investimentos, mas planejamento absolutamente correto. Hoje, o mercado de produtos atende á demanda, além de oferecer Kits de PDP para adaptação nos equipamentos. A expectativa é de que o Estado englobe a produção de grãos, avalia.

A capacidade de São Paulo para a implantação do PDP também é reforçada por Maury Sade, agrônomo e diretor secretário da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha organização institucional criada em 1992, que reúne 60 associados, apenas entidades jurídicas, para promover o plantio direto na palha. A Federação realiza encontros e congressos e também organiza clubes e associações. Reúne como associados o Ministério da Agricultura, o Ministério do Meio Ambiente, a Embrapa, e algumas universidades, mais as empresas de extensão rural do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e também empresas que atuam nas áreas de sementes, máquinas agrícolas e fertilizantes. Sade garante que São Paulo apresenta excelentes centros de pesquisa e universidades, motivos a mais para investir no plantio direto na palha. É preciso treinar os produtores, os extensionistas e incentivar os pesquisadores para o sistema, explica. Ele afirma que a tendência é de crescimento. Hoje, o país registra 11,3 milhões de há entre culturas de verão e de inverno. Ele afirma que algumas iniciativas mostram a evolução do sistema de PDP. Por exemplo, a Universidade Estadual de Ponta Grossa é a primeira no país a oferecer a cadeira de plantio direto no currículo. E o colégio agrícola de Palmeira, no Paraná, também é o primeiro a criar a disciplina de PDP.

Outras iniciativas, mais antigas e que ainda crescem continuamente auxiliaram a propagar o sistema. Sade lembra do Clube da Minhoca, criado em 1979, primeiro clube de produtores de PDP, que serviu de modelo para os Clubes de Amigos da Terra, hoje espalhados pelo país. Todos têm em comum o objetivo de unir produtores, técnico e empresas, para a troca de experiência.

Na opinião dele, os produtores interessados em dotar o PDP precisam conscientizar-se de que não se trata apenas do ato de plantar, mas de adotar um sistema com diversos, componentes e envolvimento dos próprios produtores, técnicos e pesquisadores. Mais ainda: deve-se considerar os segmentos de produtos utilizados, como maquinário adaptado, defensivos e sementes.

O solo de cada propriedade deve ser adaptado o produtor e o extensionista treinados. Na dúvida, o produtor pára, garante. Lembra que a falta de preparo dos produtos e extensionistas pode ser apontada como um dos causadores da queda da efervescência inicial do PDP no Paraná, nos anos 70. Superada essa fase e mais o incremento em outras regiões, Sade acredita que atual cenário brasileiro de plantio direto na palha é marcado por características, como o constante crescimento ao longo do país, tecnificação no sul, evolução nos Cerrados e implantação inicial em São Paulo.

John Landers, agrônomo e secretário – executivo da Associação de Plantio Direto nos Cerrados (APDC), explica que o plantio direto na palha teve início em 1981 naquela região, embora tenha registrado crescimento apenas em 1992.

Hoje, os Cerrados apontam aproximadamente 3,5 milhões de ha em PDP, com perspectiva de crescimento de 20% nesta safra, conforme Helvécio Saturnino, presidente da APCD. A demora para o incremento do plantio direto na palha na região pode ser explicada por dois fatores. Primeiro, a falta de domínio do sistema. E segundo, o fato de os custos entre o plantio tradicional e o PDP empatarem. Hoje a redução para o PDP gira em torno de 5% a 10%, garante Landers.

Alguns técnicos apontam o clima da região como prejudicial á palhada. Landers discorda e explica que para a palhada desintegrar-se necessita de umidade e calor. Como a região registra seca sem umidade entre abril e outubro, a palhada está preservada. Na opinião dele, a soja não gera palha suficiente. E como o PDP exige rotação de culturas, o produtor deve recorrer ao plantio do milho em busca da palha. Dessa forma, o problema está resolvido, afirma Landers. Ele explica que o planejamento ideal sugere dois anos de soja, um ano de milho e safrinha com sorgo ou milheto. Na opinião de Saturnino, trata-se de um problema solúvel e enorme campo para o desenvolvimento tecnológico.

Landers não hesita em assegurar que o PDP será a situação a longo prazo, porque será situação a longo prazo, porque ameniza perdas de veranico, reduz perdas por erosão, introduz sistema de reciclagem de nutrientes, e, a médio prazo, também diminui, a quantidade de adubo necessário para o plantio. Estudos realizados em fazendas mostram que há redução de 44% de HP, entre tratores e demais máquinas. Outros estudos que comparam taxa interna de retorno entre plantio convencional e PDP apontaram 5% plantio convencional e 15% PDP. Analisados mais algumas pequenas vantagens, esse índice saltou para 27%. Entusiasmado, ele aponta vantagens para os produtores que adotam o PDP, ao Lembrar que o lucro é maior e que o sistema integra o homem ao meio ambiente e não obriga o ataque á natureza, como no plantio convencional.

Embora tardiamente, a Embrapa passa a integrar o plantio direto na palha. Criado em meados de abril, o Núcleo de Gestão tecnológica em Sistema de Plantio Direto pretende realizar trabalhos de orientação, diagnóstico, análise de demandas e de estímulo a parcerias para o PDP. José Eurípedes da Silva, agrônomo e coordenador, explica que o grupo não tem função executiva, mas apenas a de verificar em nível nacional os problemas pendentes em PDP, com discussão e encaminhamento para pesquisas em unidades da Embrapa. Convênios com universidades e órgão particulares também deverão ser firmados, em busca de soluções. Parcerias também serão estimuladas.

O núcleo é composto por nove membros, Embrapa Centro de arroz e Feijão, em Goiás; Embrapa Centro de Agropecuária do Oeste, em Mato Grosso do Sul; Embrapa Centro de Agro-biologia, no Rio de Janeiro, Embrapa Centro dos Cerrados, no Distrito Federal; Embrapa Centro de Milho e sorgo, em Minas Gerais; Embrapa Centro da Soja, no Paraná; Embrapa Centro de Solos, no Rio de Janeiro; Embrapa Centro do Trigo, no Rio Grande do Sul; Embrapa Centro de Instrumentação Agropecuária, em São Paulo. Silva afirma que foram escolhidos centros ligados á produção de grãos.

As normas que regem o plantio direto na palha

O plantio direto na palha (PDP) constitui-se num sistema que evita a perturbação do solo mantém a superfície sempre recoberta por resíduos, também chamados palha, ou vegetação. O termo plantio direto implica o conceito de plantar diretamente em solo não lavrado, enquanto o termo na palha propõe a idéia de manter o solo constantemente protegido por resíduos. Esta definição inicia o livreto Plantio Direto, com texto de Fernando Penteado Cardoso, Agrônomo, presidente do Conselho de Administração e consultor da Manah, e a apresentação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Ao longo do texto, Penteado explica que o sistema admite, embora excepcionalmente, cultivos mínimos leves, apenas para recobrimento de sementes espalhadas, combate ás ervas daninhas ou inços, e manejo de vegetação de cobertura. Permite escarificação ocasional, sempre que preservar a cobertura viva ou morta na superfície.

Penteado sugere aos produtores interessados em adotar o PDP a necessidade de estabelecer planejamento baseado em cinco regras básicas: solo com fertilidade média ou alta, formação antecipada de palha, equipamento apropriado, conhecimento dos inços e do respectivo controle e sistema econômico de rotação.

O solo e o subsolo devem ser corrigidos para neutralizar o alumínio tóxico e aumentar a disponibilidade de cálcio na massa, na qual as raízes se desenvolverão. Penteado assegura que não adianta corrigir apenas 15 cm ou 20 cm de solo. A correção deve atingir também o subsolo, já que raízes necessitam de cálcio para o desenvolvimento.

O produtor pode aproveitar a operação de incorporar o corretivo, para romper pés de arado a camada adensada do solo. Esta fase do PDP ainda exige aplainar o terreno, corrigir as depressões de escorrimentos antigos, de sulcos em nível e dos próprios terraços já que as operações em linhas retas mostram-se mais eficientes.

Como a proteção do solo por cobertura morta ou viva é fundamental ao sistema, o produtor, após a correção química, com Al (alumínio) e Ca (cálcio), física, necessita promover a produção de resíduos na superfície. Esses vegetais têm a função de inibir o inço de sementeira ou de reduzir seu vigor. Exatamente por isso que o PDP valoriza o cultivo das safrinhas que, plantadas no final do verão, entre fevereiro e março, satisfazem essa necessidade, além de manter o solo sombreado.

Para a formação inicial da palha, o produtor deve considerar a região em que está situada a propriedade. A experiência mostra que em climas subtropicais (Ver Mapa), com inverno chuvoso e frio, o ideal é o plantio de aveia preta nos meses de abril/maio, para ser pastoreada, em junho/setembro, ou rolada, isto é, utilização do rolo-faca, na fase de grão leitoso, ou ainda dessecada, com herbicida. A cultura de verão deve ser milho, agosto/setembro, ou soja, novembro.

Já no cerrado tropical, caracterizado por inverno seco e quente, a gramínea milheto é o plantio correto. Semeado até março, permite uma colheita de semente. A resteva que se forma, depois das primeiras chuvas, é dessecada antes do plantio de verão.

Nas regiões tropicais mais quentes, quando a cultura de verão for milho continuado, o correto é a cobertura viva com soja perene, para ser pastoreada na seca, em conjunto com palhas e restolhos remanescentes. Penteado lembra a necessidade de regular o crescimento da leguminosa na primavera, com sub dosagem de herbicidas, para evitar a concorrência com a cultura principal.

Ainda nas regiões tropicais mais quentes, existem ensaios de semeação de capins no fim do verão para pastoreio na seca. Depois do período reservado para rebrota, a gramínea dever ser dessecada antes para formação da palha. O produtor e o técnico especializado devem analisar a melhor alternativa, para a propriedade.

Em relação ao controle de inços, Penteado recomenda que a vegetação existente na fase pouco anterior a plantio seja dessecada. As espécies perenes, sejam inços ou plantas formadoras de resíduos, precisam ter suas reservas consumidas e esgotadas antes da rebrota para dessecação. Isso pode ser feito por pastoreio ou roçagens. Sabe-se que a agroquímica vem criando produtos específicos bastante eficientes e capazes de resolver grande parte dos problemas de inço. O produtor deve saber também que alguns dos solos degradados podem voltar a compactar-se, embora superficialmente, após dois ou três anos de implantação do PDP. A recomendação é uma nova escarificação com equipamento que conserve a manta vegetal da superfície, incorporando-a o mínimo possível. As plantadeiras de facão também constituem alternativa.

Sabe-se que o PDP requer solos corrigidos quantos a Al e Ca e com nível médio/alto dos demais nutrientes. É frequente a fosfatagem, correção de nível de fósforo do solo, em conjunto com as correções assinaladas. As adubações seguintes devem ter como base as análises de solo e/ ou folhas. Usa-se o equipamento, convencional, localizado o adubo ao lado e abaixo da linha das sementes. A possibilidade de aplicar o adubo em área total antecipadamente ainda está sendo estudado nos cultivos em PDP.

Penteado explica que as diferenças entre plantadeiras para PDP concentram-se no disco que corta a palha antes da adubação e de semeio. O equipamento de disco de corte, com limitador de profundidade, seguindo pelo facão bem desenhado que obrigue para baixo e levante o mínimo de solo, parece adequado para grande parte das situações enfrentadas pelo produtor. Mais: qualquer plantadeira pode ser adaptada para o PDP, pois o mercado oferece Kits que podem substituir o elemento adubador original.

A rotação de culturas, fator que causa novo equilíbrio para certas pragas e doenças, é fundamental no PDP. A sucessão de sistemas radiculares diferenciados, pivotantes ou fasciculados, essencial para o PDP. As opções são muitas e as decisões devem representar o resultado das opiniões do produtor e do técnico.

Quem entra no PDP, não sai

Fernando de Oliveira Carvalho, médico e produtor agrícola, que há nove anos planta soja e milho, optou pelo plantio direto na palha (PDP) em 1995. Ele e seu cunhado, Paulo Sérgio Lélis, administram duas propriedades em regime de condomínio, o que significa que as decisões são conjuntas. Lélis é proprietário da Fazenda Barracão, com 314,6 ha, e Carvalho, da Fazenda Meio, 295,2 ha, ambas em Guaíra, São Paulo. Carvalho conta que decisão sobre adotar o plantio direto da palha baseou-se em dois fatores. O primeiro, em razão da situação econômica da época e o desejo de se manter na atividade agrícola. E o segundo, na possibilidade de legar solo conservado e produtivo, para os que deverão sucedê-los.

Hoje, o PDP é responsável por 88% da área de plantio no condomínio. Ali planta-se feijão e milho nesta época do ano. No ano passado, cultivo-se soja e também a safrinha de milho. A produtividade das propriedades alcança 2.479 kg/ha em soja, 5.000 kg/ha em milho e 2.230 kg/ha em feijão. Carvalho garante, porém, que a meta não é aumentar a produtividade, mas manter esses índices com custo baixo. Os resultados correspondem ás expectativas. No plantio convencional, o gasto de óleo diesel era de 79 mil litros/ano. No PDP, baixou para 45 mil litros/ano.

Ainda como economia, ele explica que hoje mantém cinco funcionários fixos, metade do que necessita manter no sistema de plantio convencional. Mais ainda: os cinco funcionários externos necessários no plantio convencional estão reduzidos a dois. O condomínio possui dois tratores pequenos, dois tratores médios e duas plantadeiras. Os gastos com oficina também foram reduzidos em 21%, ao longo dos últimos cinco anos. Dessa forma, fica evidente que o plantio direto na palha permite redução visível de custo e, portanto, produção mais barata de grão, afirma o produtor.

Carvalho interessou-se pelo PDP por informações da Cooperativa Agrícola da Região de Orlândia (Carol), de qual é associado. As primeiras orientações foram feitas pelo agrônomo da Carol, em 1994. Cuidadoso, o produtor iniciou o processo de PDP em apenas 30 ha. Dois anos depois, aumentou a área em mais 134 há. E na safra 97/98, em mais 212 ha.

Atualmente, o condomínio recebe assistência técnica de um agrônomo especialmente contratado. Carvalho defende a necessidade dessa orientação, já que o PDP exige aplicação de herbicidas para dessecação e também de herbicidas pré e pós emergente. E aconselha aos demais produtores esse rigor ou, se isso é impossível, a que adotem o acompanhamento técnico mais espaçado.

Satisfeito, ele afirma que os resultados positivos surgiram desde o início e que a passagem do plantio tradicional para o PDP não foi complexa. Os planos incluem completar o total da área de cultivo com PDP, até o próximo ano.

Aumentar a área de PDP também é o plano de Roberto Leal Gonçalves, proprietário da Estância Realeza, 40 em Guaíra, São Paulo. Produtor de soja e milho há 12 anos, Gonçalves adotou o PDP há dois anos. Arrendatário de outra área totaliza o plantio direto na palha em 292 ha. E pretende ampliar para 370 ha, até o próximo ano. O produtor planta soja no verão e milho na safrinha. A produtividade da soja alcança 2.970 Kg/ha e a do milho 3.600 Kg/ha.

Zootecnista, Gonçalves assegura que a possibilidade de conservação do solo foi o motivo para a opção pelo PDP. Trata-se da maior vantagem do sistema, garante. A isso podem ser associadas outras características como economia de máquinas, de combustível e de mão-de-obra. Ao contrário de Carvalho, ele adotou o PDP em toda a área simultaneamente. Acredito que o fato de ser zootecnista tenha ajudado a compreender o sistema. Mas: nos primeiros cem dias de plantio, a região sofreu pequeno veranico e a lavoura mostrou-se firma. Entendi que estava no caminho certo, garante.

O produtor contou que o solo da propriedade não exigiu correção, além de não apresentar compactação. A transferência do cultivo tradicional para PDP mostrou-se tranquila. Gonçalves comprou uma plantadeira e deve comprar outra, ainda nesse ano. E já contabiliza os resultados na redução de combustível. No plantio tradicional usava 11 mil litros/ha de diesel, enquanto no PDP houve redução para 2,4 mil litros/ha.

Defensor ferrenho do PDP, ele explica que o sistema tornou-se mais acessível nos últimos cinco anos. Para isso, contribuem as máquinas e os herbicidas, com novas adequações ás demandas de mercado.

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