Pecuária

Angus – a vez das britânicas!

A avaliação que as principais centrais de inseminação fazem do mercado pecuário brasileiro centraliza-se no fato de que, a partir do Plano Real, houve uma mudança no perfil do criador, que transformou-se em um investidor preocupado com a produtividade. Dentro desse quadro, não só o cruzamento industrial teve um aumento entre seus adeptos como também, quatro fatores estão sendo levados a sério para o desenvolvimento da atividade: alimentação, manejo, genética e administração. “Se uma propriedade não tiver esse quatro fatores, não tem rentabilidade”, afirma o gerente da Alta Genetics/ Central VR Marcos Longas. O resultado favorável desses itens resume-se em produzir mais carne por hectare/ano.

é dentro desse cenário que as raças britânicas vem ganhando o mercado, pois apresentam uma relação entre porte e precocidade que leva vantagens obre todas as raças chamadas continentais ou de porte grande. “Assim, em um piquete do mesmo tamanho, coloca-se mais animais pequenos do que grandes, tendo um benefício maior em relação a essa fórmula, carne X hectare”, Longas esclarece.”Além disso, é preciso sempre lembrar que a base da alimentação do gado brasileiro é a pasto e, dentro desse sistema, as raças de pequeno e médio porte têm maiores probabilidades de sucesso”, afirma o gerente de mercado da divisão de pecuária da Yakult, Adriano Rúbio.

A performance que a raça Aberdeen Angus e sua variação Red Angus vêm tendo dentro do mercado de sêmen, conquistando mercado, é justamente, segundo os dirigentes das centrais, pela sua característica de pequeno porte, aliada a uma precocidade sexual e a uma qualidade de carne incomparável. Pelo segundo consecutivo, o relatório anual da Asbia, mostra que a Angus foi a raça que teve maior crescimento em números de doses de sêmen vendidos nos últimos dois anos. Segundo Fábio Dias, gerente de marketing da Lagoa da Serra, até 96 a empresa vendia 80 mil doses de sêmen da raça e detinha 55 % do mercado. “Em 97, nossa comercialização saltou para 120 mil e mesmo assim, perdemos mercado”, conta. Para 98, a empresa adquiriu os 14 touros Red Angus e três Aberdeen, no leilão da Leachman Cattle Company, grupo americano selecionador da raça naquele país. Segundo Dias, “procuramos a melhor genética, pois o mercado vai continuar crescendo e esperamos comercializar, em 98, 180 mil doses”. A Pecplan/ABS também está preparada para enfrentar a procura por produtos da raça. O gerente de produto Alexandre Ramos Lima, informa que foram fechadas parcerias exclusivas entre a Leachman e o Grupo Natura, que seleciona animais puros Angus e Brangus nas condições do Brasil Central. “Procuramos identificar a melhor genética no mercado internacional e nacional para oferecermos, aos criadores brasileiros, a confiabilidade nos resultados, para os sistemas de corte adequados a cada região”, explica Alexandre.

Os especialistas indicam que os fatores como a precocidade sexual e a grande velocidade de ganho de peso e terminação de carcaça, aliados com o tamanho ideal, são os diferenciais do Angus. “A raça Angus melhora em muito a eficiência e a precocidade sexual das fêmeas cruzadas, com médias de primeiro parto aos 24/30 meses, além de possibilitar o abate dos machos nesse mesmo intervalo de tempo, sendo utilizadas técnicas de confinamento”, explica o gerente de produto da Pecplan/ABS. “As fêmeas cruzadas aos 280 kg já estão aptas para a reprodução”, afirma o gerente da Yakult, acrescentando que “o intervalo entre partos, em média, de 360 dias, o número de bezerros produzidos na vida, o peso do bezerro ao desmame, em relação ao peso da mãe, também merecem destaques na raça”. Segundo Marcos Longas, por emprenhar mais cedo, o Angus é a melhor opção para “quem trabalha com a fêmea ½ sangue para cruzamento terminal”. Júlia Malmegrin Rocha, da Semex/ Cemtral do Campo, concorda que o Angus apresenta um ótimo resultado quando utilizado como raça terminal, “principalmente no three cross, quando a velocidade de ganho de peso e qualidade da carne atingem valores mais altos e melhores”.

Fábio Dias informa também que “em testes mundiais de maternidade e qualidade de carne, o Angus é o padrão que deve ser visualizado”. “É a principal raça de corte do mundo. Podemos comparar, dizendo que o Aberdeen Angus é o Nelore da Argentina, dos Estados Unidos e do Canadá”, Complementa Luís de Moraes Barros, gerente da Genética Avançada. Para ele, o crescimento do Angus é explicado pela grande utilização de sêmen de touros provados por produtores comerciais, principalmente, em propriedades do Brasil Central. “Formaram os excelentes produtos desses cruzamentos, os grandes responsáveis pela performance do Angus, dentro de mercado de sêmen”, afirma ele. “E é essa qualidade que fez com que o Angus conquistasse o mercado brasileiro sem nenhum trabalho de marketing”, comenta Fábio ;dias. Adriano Rúbio acrescenta que “Angus ganhou mercado da forma mais correta: através da inseminação artificial”.

O gerente de marketing da Lagoa da Serra localiza dois mercados para o Angus: “o de touros puros, que devem ser utilizados para montar nas regiões sul e sudeste, até no máximo, O Mato Grosso do Sul. em regiões mais quentes, deverão ser utilizados apenas com cuidados e uma maior tecnologia em manejo. O outro é o de sêmen, que pode ser utilizados em todo o país, deve crescer ainda mais”.

Porém, Marcos Longas e Alexandre R. Lima afirmam que “experiências no Brasil Central têm sido resultados favoráveis, com boa adaptação”. “Estamos em parceria com o Grupo Natura, que seleciona animais Angus e Brangus nas condições da região central do país, com bons resultados”, conta Alexandre.

A adaptação dos animais puros nas regiões mais quentes gera controvérsias, por causa da cor do pelo dos animais, mesmo sendo a raça Angus, uma das únicas européias que tem a pele preta. A variedade Red Angus está levando vantagens sobre o Aberdeen e tendo a maior procura, devido a cor vermelha dos pelos. “A cor clara tem uma relação melhor com o calor”, explica Adriano Rúbio. Mas o gerente da Alta Genétics acredita que isso é puro preconceito. Os dois animais se adaptam muito bem ao calor tropical, retruca Luís de Moraes Barros, concorda ser mais difícil utilizar “qualquer touro puro europeu cobrindo a campo no Brasil Central”, por isso, uma boa alternativa para quem quer “utilizar um touro com qualidade semelhante ao do Angus, a campo, é o Brangus”. Dessa forma, dirigentes afirmam que o Brangus poderá pegar carona nesse desempenho do Angus, já denotando um aumento na procura pela raça. “É uma boa opção para a cobertura em cima de fêmeas ½ sangue, derivadas do cruzamento Nelore X Angus”, garante Fábio Dias.

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