Pecuária

Volumoso – tão importante quanto o concentrado!

E tem mais, diz o professor, “hoje em dia é muito mais fácil comprar um saco de ração do que preparar o solo, fazer a calagem, plantio e adubação correta”. “Por causa da comodidade, acaba-se fornecendo ao rebanho uma cana sem suplementação, um pasto mal adubado, ou uma silagem mal feita”. Aqui um ponto crucial da exploração leiteira: produção de alimentos. Para produzir Silagem e feno de qualidade é necessário garantir condições ideais desde o início do processo produtivo, ou seja, desde antes do plantio da forragem. E saber como finalizar o processo.

A qualidade da silagem depende da produção de massa verde, e esta, por sua vez, é o resultado do solo onde foi cultivada. Solos degradados dão pastos pobres e plantas fracas. Outro ponto crucial é saber escolher uma forrageira adaptada à região, e por isso mesmo com maior capacidade de extrair os nutrientes do solo. Se o fazendeiro optar pela silagem de milho, fonte de energia por excelência, não pode jamais precede da análise e preparo do solo de solo adequado e da correção da acidez. Quanta à qualidade da silagem: a quantidade de grãos deve estar entre 40% e 50% da matéria seca. E quantidade de grãos somente se consegue com o milho Híbrido. Não é apenas pela importância que tem na qualidade da silagem, mas também para o bolso será muito mais saudável colher mais grãos por hectare. Ganhos de produtividade por unidade de área aliviam os altos custos fixos da lavoura. Calcula-se que o produtor brasileiro deve tirar entre 50 e 80 toneladas por hectare para equilibrar receita e despesa do talhão. Nos Estados Unidos, essa média está entre 79 e 80t/ha. Isso tudo é apenas pra se pensar antes de levar a silagem para o cocho.

Experiência de Idaho

Dean Howes é um fazendeiro de gado de leite, em Idaho, no Estados Unidos. Pesquisador da Alltech, forte indústria do setor de nutrição animal e biotecnologia, Dean Howes é também PhD em Nutrição Animal. Em uma de suas visitas ao Brasil, ele falou a uma atenta platéia na Esalq, em Piracicaba, SP, a respeito de sua experiência com 700 vacas em lactação (42 litros/vaca/dia), em sua fazenda – a Stewart Farm, onde utiliza aditivo para silagem. E citou também vários outros experimentos, e ainda deu dicas preciosas – como picar o material e cobrir o feno – e assim maximizar o volumoso. Diz fazendeiro e pesquisador da Alltech que a parte mais importante da ração de uma vaca em lactação é o volumoso, seja silagem, feno ou verde. “Mas precisa de qualidade, caso contrário será praticamente impossível atingir altas produções”. E faz uma advertência: não adianta acrescentar proteína à ração, nem gordura bay – pass, vitaminas protegidas ou produtos altamente tecnológicos se a base da alimentação, o volumoso não for palatável e de qualidade. “Para conseguir um volumoso de qualidade devemos sempre contar com a planta em seu melhor estado vegetativo, porém quando o volumoso for armazenado em forma de silagem ou feno, é essencial minimizar as perdas durante os processos de conservação e armazenamento”.

A qualidade da silagem e o valor nutricional são influenciados por numerosos fatores biológicos e tecnológicos, porém, segundo o pesquisador, a rapidez é o que mais conta durante e o processo de ensilagem. “È preferível ter dois silos pequenos que podem ser enchidos e fechados em um curto espaço de tempo, a ter um silo muito grande onde levaria vários dias para fechá-lo”. Também é muito importante que o pH baixe rapidamente e que a abertura e o uso da silagem sejam feito de maneira correta.

A produção de feno depende muito mais das condições ambientais, do que a ensilagem. Por isso, é proveitoso qualquer manejo que acelere o processo de secagem e enfardamento. “Um problema que ocorre quando enfardamos a níveis muito baixos de umidade é que as perdas de folha são muito altas, havendo portanto um declínio na qualidade do feno”, observa Dean Howes. “Porém, quando enfardamos sob altas condições de umidade, vão certamente ocorrer o desenvolvimento de mofos, aquecimento do feno e possível produção de micro – toxinas. O resultado final é sempre perda do feno e da palatabilidade”. Por esse motivo, Dean Howes recomenda utilizar um preservador de feno e enfardar sob condições mais elevadas de umidade, mas sem que ocorra crescimento de mofos.

O ácido propiônico é um excelente inibidor do crescimento fúngico, porém apresenta o inconveniente de ser muito corrosivo, volátil e de uso perigoso. “Contudo é possível utilizar diproprionato de amônia, que uma forma tamponada do ácido propiônico, e mantém a mesma capacidade de combater fungos, sem os problemas do ácido propiônico”, recomenda o pesquisador da Alltech. As vantagens do dipropionato de amônia: permitir o enfarde de feno com até 30% de umidade; evitar o crescimento fúngico e, portanto, o aquecimento. “Como curiosidade, na França uma companhia de seguros só assegura contra incêndio os galpões onde era armazenado o feno, se os produtores utilizassem dipropionato de amônia como conservantes. Assim tinham certeza de que não seriam causados incêndios devido ao aquecimento do feno por crescimento fúngico”, conta Dean Howes.

Outros benefícios do dipropionato de amônia como preservador de feno: menor crescimento fúngico e aquecimento de feno; menor produção de poeira; maior palatabilidade; maior qualidade e ingestão.

Segurança e baixo custo

“Ganhos de produção dependem de um volumoso de qualidade. Portanto, silagem como feno devem ser de máxima qualidade, o que só é possível quando utilizam-se inoculantes biológicos para a silagem e preservadores do feno”, fala o experiente fazendeiro de Idaho.

Os aditivos que asseguram que as bactérias produtoras de ácido lático predominem na fase de fermentação classificam-se em três categorias: estimulantes de fermentação, como os inculantes bacterianos e enzimas; inibidores de fermentação (ácido propiônico, fórmico e sulfúrico); e substratos ou fontes de nutrientes, tais como melaço, uréia e amônia anidra. Talvez nenhuma outra área do manuseio de silagens recebeu tanta atenção dos pesquisadores e produtores nos últimos anos como os inoculantes bacterianos. Inoculantes bacterianos efetivos promovem fermentação mais rápida e eficiente do produto cortado e ensilado, o qual aumenta tanto a quantidade como a qualidade da silagem.

As bactérias em produtos comerciais incluem uma ou mais das seguintes espécies: Lactobacillus, vária de Pediococcus e Estereococcus faecium. Estas variedades de bactérias produtoras de ácido lático têm sido isoladas e selecionadas.

Os inoculantes bacterianos apresentam vantagens inerentes sobre outros aditivos; incluindo o baixo custo, segurança no manuseio, baixa taxa de aplicação por tonelada de forragem cortada, e não deixa resíduos para o meio ambiente.

Melchiades Donizeti Terciotti, agrônomo e gerente agropecuário da Fazenda Nova América, em Turumã, no interior de São Paulo, que produz 16 mil litros diários de leite – quarto maior produtor brasileiro – confirma a eficiência das técnicas de silagem propostas por Dean Howes. Segundo ele, é uma tecnologia que contribui muito para aumentar a produtividade e conseqüentemente reduzir custos de produção. “Na Nova América usamos há quase três anos alguns aditivos para silagem. Claro que o custo de tonelada de silagem passou a ser um pouco maior, mas a conversão do volumoso em leite resultou em um custo por litro bem menor”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *