Agricultura Opinião

“Fakenóquio”: a história do linguarudo

Por Valter Casarin* –  Qualquer semelhança… Era uma vez, um homem chamado Cyberpeto, que criava bonecos em seu computador. Solitário, sonhava em ter um filho.

Certo dia, criou uma criança virtual. Ao terminar, pensou: “Será que a inteligência artificial transformará este rapazinho virtual em uma criança real …”.

De repente, um pequeno de carne e osso surge em meio às imagens editadas. Cyberpeto não acredita, grita de alegria: “Seja bem-vindo, Fakenóquio”.

Então ajuda-o a vestir-se, e dá-lhe o primeiro presente: um celular. Para aprender a ler e escrever, Fakenóquio entra na escola, para onde segue sempre feliz. Cyberpeto avisava constantemente: “Assim que a aula terminar, venha para casa”.

Ao longo do tempo, Fakenóquio descobre novas ferramentas no celular, ficando muito tempo on-line. Os estudos e a frequência às aulas foram perdem valor; para ele o aparelho é a principal fonte de informação.

Estava maravilhado com o mundo que tinha em suas mãos. Imaginava como Cyberpeto ficaria exultante quando soubesse de seu conhecimento adquirido.

Fakenóquio também foi fazendo diversas amizades. Não demorou para ele conhecer as mídias sociais e os contatos com várias pessoas.

Ingênuo, dava crédito a tudo o que caia em seu celular. Logo, começou a divulgar as informações recebidas para outros. Estava convicto de que poderia ajudar.

Certa tarde, retornando para casa, encontra uma horta com verduras e legumes plantados. Naquele momento, o agricultor Java estava usando fertilizante para produzir alimento a sua família e para comercializar com a vizinhança.

Fakenóquio o contesta com as informações de celular. Diz a Java que adubo é tóxico e que os alimentos farão mal às pessoas, aos animais e degradarão o solo.

A cada fake news que transmitia para Java, sua língua crescia. Na rua todos caçavam dele. Triste, correu para casa aterrorizado: a língua não mais cabia em sua boca.

As consequências das informações distorcidas de Fakenoquio foram drásticas. Java parou de fertilizar a horta. As plantas colhidas vinham menores, doentes e produziam pouco. Ele não tinha alimento para sua família e tampouco para vender. Assim, a população teve que procurar em outras cidades.

Cyberpeto buscava entender a raiz do problema. Nos dados da programação do filho encontrou um que relacionava fake news ao crescimento da língua. E o reprogramou.

Embora soubesse das consequências das informações falsas, Fakenóquio continuou a dar crédito ao que chegava a seu celular e a repassar. Sustentava que a agricultura era responsável pelo desmatamento de florestas e causava poluição, por exemplo. Sua língua cresceu ao ponto de nem mais conseguir andar.

Cyberpeto, a essa altura, descobre que ele não está frequentando a escola, limita o uso do celular e exige que comece a ler livros. Pouco a pouco, Fakenoquio encontra o conhecimento. Confirma que fertilizantes não são tóxicos e o uso é importante para produzir mais e alimentos de ótima qualidade nutricional, além de ter papel relevante para evitar a devastação.

Ele procura Java e explica corretamente a importância dos adubos para a produção de verduras e legumes. Com o passar dos dias, sua língua volta ao normal.

Fica aqui uma reflexão da Nutrientes para a Vida, iniciativa que tem a missão de informar, com dados científicos, a verdadeira função dos fertilizantes na vida da planta e das pessoas.

Desta forma, os Fakenóquios que encontramos distribuindo fake news irão desaparecer para dar lugar à verdade.

(*) Valter Casarin é engenheiro agrônomo, coordenador científico da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV)

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