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EPAMIG resgata cultivar de arroz de várzeas para o Leste de Minas

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) iniciou em 2017, no Campo Experimental de Leopoldina, um trabalho para a purificação genética e sanitária da cultivar de arroz de várzeas IR 841. A demanda surgiu de produtores da região Leste de Minas, em especial da microrregião que abrange os municípios de Pocrane, Mutum, Ipanema, Lajinha, Aimorés e Resplendor, onde o cultivo existe há décadas, sem renovação das fontes de sementes, o que compromete a pureza da cultivar e sanidade dos grãos.

Após duas safras de multiplicação e a purificação genética, a EPAMIG disponibilizou, no biênio 2020/ 2021, 500 kg de sementes da IR 841, aos produtores interessados em promover o resgate do cultivo no Leste de Minas. “As sementes purificadas foram distribuídas aos orizicultores em novembro de 2020. Sendo que grande parte deles plantou as lavouras em dezembro, empregando o sistema de cultivo por mudas”, conta o coordenador do projeto, Plínio César Soares.

A oferta das sementes aconteceu com o apoio da Emater-MG e das prefeituras de municípios da região. “No segundo semestre de 2020, a Emater de Pocrane realizou um cadastro dos produtores interessados no cultivo. A demanda foi superior ao quantitativo das sementes disponíveis para plantio, por esta razão foi realizada uma seleção dos produtores que seriam contemplados naquele primeiro momento. Ficou acordado, que estes seriam os multiplicadores da ação, priorizando a venda das  sua sementes aos produtores cadastrados ainda não atendidos”, informa Plínio Soares.

De acordo com o pesquisador, as características dos grãos, que ficam soltos e macios após o cozimento, e o sabor aromático que remete à batata, motivam os orizicultores da região a continuarem plantando essa cultivar. A maioria dos contemplados é de Pocrane, município bastante identificado com a cultivar. “Consta no portal de entrada da cidade uma frase com os seguintes dizeres: ‘Pocrane, a terra do Arroz IR’. Isso mostra a importância dessa cultivar para os produtores”, relata.

Outras vantagens são a resistência moderada à brusone e a boa resposta à adubação nitrogenada. “A cultivar IR 841, embora muito antiga, recomendada para as várzeas mineiras a partir de 1975, ainda mantem um padrão produtivo bom, acima de 5 t/ha, quando comparada às cultivares mais modernas com produtividades de 6 a 6,5 t/ha”, complementa Plínio Soares.

A IR 841 foi criada nas Filipinas pelo Instituto Internacional de Pesquisas de Arroz (IRRI) e introduzida no Brasil pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Em Minas Gerais, as avaliações começaram na década de 1970 e até 1980 foi a cultivar de arroz mais plantada em várzeas do Estado. Além disso, teve participação expressiva na abertura de novas áreas recuperadas pelo Provárzeas.

As novas lavouras se encontram na fase de enchimento de grãos e maturação e vêm sendo acompanhadas por técnicos da Emater local.

A cultura em Minas Gerais

Minas Gerais possui atualmente 12 mil hectares de área cultivada de arroz (sequeiro, várzea úmida e irrigado), com uma produtividade média de 2,5 mil Kg/ha, um ganho superior a 270%, quando comparada aos números da safra 1976/1977. Um dos principais fatores que contribuem para o aumento da produtividade e da produção é o emprego de cultivares melhoradas, adaptadas a cada modalidade de cultivo.

Iniciado em 1975, o Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Várzeas em Minas Gerais, desenvolvido pelo consórcio EPAMIG, Embrapa Arroz e Feijão e Universidade Federal de Lavras (Ufla), já lançou 17 cultivares. Dessas, as mais cultivadas nas várzeas mineiras são Seleta, Predileta, Rubelita e Alterosa. As lavouras de várzeas são mais encontradas no Sul de Minas (nas microrregiões de Pouso Alegre, Heliodora, Cristina e Perdões ); no Centro-Oeste (municípios de Arcos, Iguatama e Pains ) e no Vale do Rio Doce, representado pelos munícipios de Pocrane, Mutum, Ipanema, Lajinha e Aimorés.

No caso das lavouras de sequeiro, as cultivares de arroz mais plantadas no Estado, atualmente, são Caravera, Relâmpago e Carajás. Todas foram desenvolvidas pela Integração entre EPAMIG, Embrapa Arroz e Feijão e Ufla. As lavouras de arroz de terras altas se distribuem em várias regiões, predominando o cultivo por pequenos produtores.

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