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CNMA destaca pesquisas brasileiras em pecuária e agricultura

O segundo dia do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – CNMA reuniu pesquisadoras da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) numa mesa-redonda para falar de ciência, inovação e tecnologia. O debate foi em torno de projetos desenvolvidos ao longo de anos e as recentes descobertas para a pecuária e a agricultura.

A mesa-redonda foi moderada pela Assessora na Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República, Rosa Lane César, que ressaltou o estereótipo masculino que persegue a profissão. “É comum vermos em filmes e quadrinhos que a figura do pesquisador no laboratório é sempre de um homem, mas nós estamos aqui para quebrar isso e mostrar como há mulheres maravilhosas na pesquisa e falar sobre os trabalhos de ponta que elas vêm desenvolvendo”.

Há 10 anos atuando como pesquisadora na Embrapa Gado de Corte, Fabiana Villa Alves integra o projeto “Plataforma Pecuária de Baixa Emissão de Carbono”, no qual surgiu a Carne Carbono Neutro e a Carne Baixo Carbono, certificações para a bovinocultura de corte que, segundo ela, foram uma revolução no setor para a pecuária sustentável.

Como representante do governo brasileiro na Agenda Global para a Pecuária Sustentável, da FAO, desde 2007, Fabiana consegue mostrar os sistemas produtivos que o Brasil possui hoje e que são inigualáveis no mundo. “Hoje somos exportadores de ciência, conceitos, sistemas como a ILP – Integração Lavoura-Pecuária e a ILPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Mostramos que a pecuária não é a vilã; na verdade, ela é uma das grandes soluções dentro desse conceito e dessas mudanças climáticas devido às emissões de gases de efeito estufa. Foi isso o que cristalizamos dentro de uma marca conceito comercial que tem por trás a ciência”.

Ela explicou ainda que a certificação traz uma consolidação de todos os benefícios que a Embrapa sempre divulgou sobre os sistemas de integração. “Hoje temos por volta de 12,5 milhões de hectares em sistemas de integração no Brasil e de onde há muitos dados sobre os seus benefícios para o solo, para a diversificação de renda, para o bem-estar animal, o melhor uso da área e ainda de como os animais conseguem produzir mais”.

Saúde do Solo

Na Embrapa Cerrado desde 1989 está a engenheira agronômica e doutora em Soil Science pela Oregon State University, Iara de Carvalho Mendes, que trabalha com solos e ressalta como o Brasil hoje tem uma agricultura de ponta, que quer ser reconhecida não só pela sua capacidade de produzir comida, carnes e fibras, mas como produzir respeitando o meio ambiente.

“Há três meses lançamos uma nova tecnologia, que é como um exame de sangue do solo para saber se ele está saudável ou doente. Com isso, o agricultor sabe exatamente se ele está fazendo um manejo que está adoecendo ou contribuindo para a saúde do solo. E um solo saudável é muito importante porque emite menos gás de efeito estufa, sequestra mais carbono, armazena mais água, gera plantas mais saudáveis, tem mais potencial no controle biológico de doenças e pragas. Essa é uma pesquisa pioneira, pois nenhum outro agricultor no mundo tem esses dados na sua análise de solo”, disse Iara.

Ela completa que, ao cuidar da saúde do solo, ele será mais produtivo e prestará ainda serviços ambientais. “Com essa tecnologia, esperamos que no futuro, assim como acontece com a Carne Carbono Neutro, o agricultor que realmente investe na saúde do solo possa receber por esse serviço ambiental, porque ele contribui para si, para a sociedade e para o planeta”, ressaltou.

Desenvolvida para o Cerrado, a pesquisadora adianta também que a tecnologia será expandida para outros biomas. “Até o final do ano já devem estar prontas as tabelas para o Paraná, as tabelas gaúchas nos próximos dois anos, além do desenvolvimento de bioanálises para pastagens, para a cana-de-açúcar, café e eucalipto. Se tivermos recursos, o nosso desejo é expandir para o Brasil todo”, completou a pesquisadora.

Primeira pesquisadora brasileira no Banco Mundial de Sementes

A pesquisadora Rosa Lia Barbieri, supervisora na Coordenação Técnica no Sistema de Curadorias de Germoplasma na Embrapa, ocupará nos próximos dois anos uma cadeira no Painel Consultivo Internacional (IAP, sigla em Inglês), na gestão do Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega. Neste período, a Embrapa será a única instituição de pesquisa da América Latina presente no Painel.

Criado para funcionar como uma cópia de segurança para conservação a longo prazo das sementes de bancos de germoplasma de todo o planeta, o Banco Mundial de Sementes está situado no interior de uma montanha e foi planejado para resistir a catástrofes climáticas e explosões nucleares. A pesquisadora conta que esteve nas instalações do Banco em fevereiro deste ano para ocupar a sua posição, momento em que levou para depósito variedades de sementes de pimenta, cebola, abóbora, milho crioulo e arroz.

No Brasil está o maior banco genético da América Latina, instalado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF). “Ele abriga as pesquisas de conservação e uso sustentável de recursos genéticos de espécies vegetais, além de material genético de animais e microrganismos. Esse material é capaz de gerar novos exemplares de cada uma das espécies armazenadas, característica que faz do Banco Genético da Embrapa uma espécie de ‘Arca de Noé’ dos tempos modernos”.

Rosa Lia Barbieri destacou ainda que o conhecimento sobre os recursos genéticos disponíveis é fundamental para a agricultura e a segurança alimentar no Brasil e em outros países. “Afinal, é a partir desses recursos que são desenvolvidas variedades com características específicas, como resistência a pragas e doenças, tolerância a mudanças climáticas, além de mais nutritivas”.

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