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Ipea: Agropecuária será o único número positivo no PIB

As medidas de isolamento social, implantadas a partir de março para a contenção da epidemia de Covid-19, interromperam uma série de atividades produtivas no país. A flexibilização dessas medidas, em combinação com as políticas de preservação de emprego, renda e produção adotadas, devem permitir a gradual recuperação da economia ao longo dos próximos meses. Com isso, os serviços devem recuar 5,8% em 2020, mas crescer 3,7% em 2021. No caso da indústria, a expectativa é de queda de 7,3% este ano e alta de 4% no ano que vem. A agropecuária segue como destaque positivo. A equipe da Conjuntura revisou para 2% o crescimento do PIB do setor agropecuário este ano por conta da alta de 3% no PIB da lavoura. A alta do setor deve contribuir também para atenuar a queda da indústria por meio de seu impacto sobre a produção de alimentos, segmento com maior peso na indústria de transformação brasileira.

Pelo lado da demanda, os investimentos devem ser o componente mais afetado, com queda de 9,7% em 2020, mas também com crescimento mais elevado no ano que vem (6,8%). As importações, influenciadas pela desvalorização cambial e pela redução do nível de atividade, devem recuar 6,5% este ano e as exportações 6,4%.

De acordo com o diretor-adjunto de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Marco Antônio Cavalcanti, do ponto de vista da renda das famílias, o valor das transferências do programa de auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade, que somava R$ 76,9 bilhões até o final de maio, deve ter produzido um efeito importante sobre a demanda, especialmente de produtos de primeira necessidade. Para efeito de comparação, a massa de rendimentos do trabalho principal recebida mensalmente pelas pessoas ocupadas no setor informal – empregados no setor privado sem carteira, empregadores sem Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e trabalhadores por conta própria sem CNPJ –, no trimestre terminado em fevereiro, antes do agravamento da crise, foi de R$ 49,7 bilhões. Ainda assim, o consumo das famílias tende a ser afetado pelo impacto negativo da crise sobre o mercado de trabalho e pelo aumento da incerteza, caindo 6,9% em 2020. Para 2021, espera-se aumento de 3,8%.

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