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Não deixe a mastite levar sua produtividade e seu lucro

Por Vanessa Masson* – Em uma produção leiteira, inibir as infecções intramamárias é medida essencial para manter a produtividade e o bem-estar do rebanho. E isso só é possível com prevenção. Quando não se dá a devida importância a cuidados preventivos, as infecções podem se agravar e afetar diretamente os resultados dos negócios. De acordo com pesquisadores do Departamento de Ciências de Laticínios da Universidade do Wisconsin-Madison, os prejuízos causados pela mastite, se não tratada, podem chegar a 15%.

Para entendermos o impacto dessas perdas, é importante sabermos o que acontece no organismo da vaca com mastite. Dados científicos apontam que existam mais de 100 tipos de bactérias que podem causar a doença. Número bastante elevado, não é? Quando a doença não é tratada, ou então, até que seja combatida com o auxílio de antibióticos, o sistema imunológico da vaca trabalha para expulsar as bactérias intrusas. Neste processo, porém, elimina junto células produtoras de leite.

Tais células não são recuperadas e mesmo em início de lactação, o animal acaba apresentando redução na produtividade, ao longo de toda a lactação. Além disso, vale destacar que a vaca que teve mastite naquela lactação, fica mais propensa a ter a doença novamente, ao passo que quanto mais a cura demora para ocorrer, menor a chance de o animal desempenhar da forma mais adequada.

Aqui, chamamos a atenção que as perdas com a mastite não se limitam à quantidade de leite que deixa de ser produzido e ao volume descartado. A mastite gera custos não previstos, como os com a mão de obra, medicamentos, orientação técnica e, no último caso, gastos associados à reposição de do animal afetado.

Importante ainda mencionar que existem dois tipos de mastite: a ambiental, geralmente a mais aguda, que acontece quando a vaca se infecta por um agente presente no ambiente; e a contagiosa, quando a transmissão ocorre de animal para animal, por exemplo, durante a ordenha. Neste segundo caso, é mais comum ocorrer a forma subclínica da doença, um perigo ao produtor que não enxerga a olho nu nenhum problema de saúde com as vacas.

A detecção da mastite subclínica é realizada pela contagem de células somáticas (CCS), que são representadas por células de descamação do epitélio da própria glândula mamária e por células de defesa (leucócitos) que passam do sangue para o úbere. Quando há inflamação na glândula mamária, o número de células aumenta. Uma boa maneira de avaliar a sanidade de rebanhos e prevenir a mastite é realizar a mensuração mensal da CCS por vaca (amostra composta dos quatro quartos). As perdas associadas com a mastite subclínica são proporcionais à CCS, isto é, quanto maior a CCS maiores as perdas de produção.

Recomendamos que a busca pela identificação das vacas com mastite também seja realizada em todas as ordenhas com o teste da caneca de fundo preto, o que permite observar a existência de infecção. Esse teste é o mais simples e eficiente para detecção da mastite clínica. Retire os três primeiros jatos de leite de cada teto em uma caneca de fundo escuro e observe o seu aspecto. Se o leite estiver alterado, com presença de grumos, pus, amarelo ou aquoso, é sinal de mastite clínica.

Defendemos a ideia que, embora haja a possibilidade de tratar e recuperar as vacas com mastite, as fazendas leiteiras precisam implantar medidas preventivas tanto no ambiente onde fica o rebanho, como nos procedimentos de ordenha.

A estratégia de contenção deve incluir, por exemplo, reforço da higiene nas rotinas de ordenha, como o uso de luvas, atenção na linha de ordenha (separar animais contaminados para serem ordenhados, após os sadios), o uso do pré e pós-dipping, entre outros aspectos importantes de serem observados. A prevenção da ocorrência varia entre casos e entre propriedades. Além disso, também é primordial que os medicamentos estejam à disposição na propriedade para que o tratamento aconteça no momento da detecção da mastite clínica.

Entender o momento em que as mastites estão ocorrendo também é muito importante para implementação das mudanças necessárias. Se os animais apresentarem mastite logo no início da lactação, é provável que tenha origem no período seco, ou seja, por conta do piquete ou do local em que ficaram entre lactações. Assim como as infecções que ocorrem mais comumente do meio para o final de lactação, podem vir a ser provocadas por agentes contagiosos. Nem sempre podemos garantir apenas com essas informações, há muitos outros aspectos importantes a serem observados. Por isso, sempre orientamos os produtores a adotar as melhores estratégias com a finalidade de melhorar a vida das pessoas e também dos animais. Na visita técnica passamos um treinamento de boas práticas de manejo para todos os envolvidos na cadeia produtiva, tratadores, médicos-veterinário e produtores, bem como orientações práticas importantes para entendimento de todo o cenário.

(*) Vanessa Masson é médica-veterinária e gerente técnica da MSD Saúde Animal

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