Opinião

Agro ainda precisa de maior capacitação profissional

Por Jeffrey Abrahams* – A integração tecnológica no mercado de trabalho agro tem gerado fortes resultados para a economia do setor. Com esse avanço tecnológico, novas ferramentas estão agregando o desempenho da área e, diante disso, transformando o agronegócio para a vertente 4.0. Dentro dessas mudanças, está a postura e as novas exigências para os profissionais.

Mas, o que se tem feito para fornecer uma capacitação à altura dessas tecnologias que estão surgindo? “É uma questão de dentro para fora e de fora para dentro. Ao mesmo tempo em que quem já está atuando na área precisa se desenvolver, quem está estudando e pretende ingressar nesse mercado também precisa estar preparado. Vejo que as empresas do campo precisam incentivar os profissionais para essas novas performances e que as universidades precisam se adaptar e incluir nas grades aprendizados que comportem essas novas tendências”, explica Jeffrey Abrahams, sócio-gerente, especializado em agronegócio, da FESA Group, consultoria especializada em gestão de talentos e desenvolvimento organizacional.

Um exemplo dessa adaptação universitária é a Universidade Veiga de Almeida (UVA), do Rio de Janeiro, que lecionará a pós-graduação de operação de drones. Os drones não são apenas usados para captura de fotos e vídeos, mas, também, ganharam forte adesão no agronegócio, auxiliando no estudo do campo, vigilância da lavoura e de animais, estresse hídrico, presença de pragas e monitoramento de desmatamentos. Para pilotar, obter os dados e gerar essas análises é necessário um aperfeiçoamento no conhecimento técnico por parte do operador. “Acredito que ainda há um gap dentro das universidades em relação à mecanização e tecnologia digital dentro do setor agro. Vejo que a tecnologia está vindo mais rápido que a capacitação dos profissionais”, relata Abrahams.

Os processos dentro do campo também têm absolvido a tendência tecnológica e o uso de máquinas agrícolas com melhores performances de desempenho possibilita mais produtividade na colheita e na semeadura. “A demanda é grande na agrotecnologia, principalmente na área de produção. A capacitada analítica, usando ferramentas de inteligência artificial, tem sido muito requisitada dos profissionais. Por isso afirmo a questão da capacitação para essas tendências, o profissional do agronegócio que atue na produção precisa ter essa visão sistêmica em decifrar esses algoritmos e tomar decisões gerenciais na gestão de produção agrícola”, afirma Abrahams.  A gestão de tudo isso é outro fator agregado no agronegócio 4.0, o profissional precisa entender cada vez mais de análises numéricas para poder exemplificar o desempenho das máquinas e dos resultados obtidos, não basta a operacionalização sem a análise de produção.

O especialista vê que até mesmo a forma de relacionamento com a equipe precisa acompanhar essa revolução.  “O modo de liderar as equipes e atrair novos clientes também mudou diante dessas novas tecnologias. Essa revolução também comportamental não é exigida somente do conhecimento de campo, mas de habilidade em lidar com pessoas”, afirma.

Os novos cargos que estão surgindo em decorrência da agrotecnologia acompanham esse processo. Há empresas montando áreas digitais e departamentos de market place, por exemplo, e essa inclusão digital está principalmente na área de máquinas e produção.

O país tem investido na formação de polos tecnológicos que aumentam a competitividade da sua indústria no mercado mundial.  Cidades brasileiras como Campinas e São José dos Campos, em São Paulo, e Recife, em Pernambuco, realizam projetos tecnológicos nas mais diversas esferas do mercado, incluindo o desempenho do agronegócio.

“O Brasil apresenta ótimos resultados tecnológicos no avanço da genética, levantamento de cerrado, produção transgênica e modernidades na biotecnologia, por exemplo. Dentro da agrotecnologia estamos falando das novas tendências digitais, com drones, GPS, uso de equipamentos, entre outras ferramentas. Na questão de produção do setor, o Brasil é benchmarking mundial, líder em produtos como café, soja e fruticultura. O que sinto falta é na capacitação e implementação dessas novas tecnologias e startups que auxiliam na presença de mais investidores para esses avanços. Os novos agricultores, que são frutos dos antigos pioneiros, já adentram ao campo munido de alguns desses recursos, mas ainda falta expandir essas tecnologias para atingir mais agricultores”, conclui.

(*) Jeffrey Abrahams é sócio-gerente, especializado em agronegócio da FESA Group

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