Agricultura

Um ano mais tranquilo

Condições ambientais e antecipação do plantio fizeram com que o número de ocorrências apresentasse sinais de estagnação em relação as safras passadas. Mesmo assim, há muito o que se fazer para diminuir os prejuízos causados pela praga.

A Chuva bem distribuída, vento, dias de orvalho longos e umidade. Estas são as palavras que espantam os produtores de soja no Brasil todo que querem ficar longe da pior doença que atinge esta cultivar, a ferrugem. Esta não respeita a temperatura nas fazendas e é o pior inimigo dos agricultores ao longo dos últimos anos.

Para certo alívio do homem do campo, Claudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja, localizada na cidade de Londrina, no Paraná, comenta que em relação às safras passadas, o período de veraneio deste ano segurou a ferrugem. “A maior parte das lavouras semeadas mais cedo nem irá vê-la”. Ela diz que houve poucas reclamações quanto a severidade e que já nas últimas temporadas a doença foi mais fraca. “Em 2015, devem sofrer as sojas plantadas tardiamente”, declara.

O também pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Conrado Meyer, concorda com Claudia e declara que tem percebido no centro-oeste, norte e nordeste do País que os ensaios estão com baixa incidência. “Isso se deve ao atraso das chuvas e ao período seco da entressafra”. A falta de chuva depois da afloração da soja ajudou também, pois a ferrugem é dependente dos ventos. “Foram apresentados casos da doença no norte e em alguns pontos no sudeste do Mato Grosso, além de registros em locais no Paraná e no Rio Grande do Sul”, diz.

Leila Costamilan, pesquisadora da Embrapa Trigo, localizada na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, diz que os gaúchos têm notado um clima favorável na região, sem grandes perdas nas lavouras e realizando aplicações de fungicidas de três a quatro vezes por dia. “No ano passado tivemos mais problemas no combate, já esse ano estamos com ela sob controle e não temos ouvido reclamações dos produtores”.

Os fungicidas e as táticas de combate

Claudia diz celebrar que este ano a ferrugem não estourou nas lavouras, porque se isto tivesse ocorrido, os fungicidas disponíveis no mercado teriam um grande desafio pela frente. “O fungo vem apresentando mutação, que confere melhor resistência à ação dos fungicidas, o que demanda novos produtos e uma evolução constante para não ficar ineficiente”, declara.

Meyer diz que o monitoramento tem que continuar forte no começo da lavoura, pois vai ser um dos maiores aliados do agricultor. “Este desafio enfrentado pelos fabricantes de fungicidas é uma das maiores preocupações nossas e tem sido o alvo de diversas discussões entre os pesquisadores”, declara Meyer. Se o risco de baixa eficiência na aplicação de defensivos pode ser uma grande dor de cabeça, Leila diz que, por outro lado, atualmente não há nenhuma condição no Brasil de não haver ferrugem nas lavouras, por melhor que esteja o clima. “Assim sendo, quanto a severidade, que é quantidade de ferrugem na plantação, o produtor tem estratégias para se defender”. Ela declara que plantar o mais cedo possível, usar cultivares precoces e buscar dentre os fungicidas aqueles com maior eficiência, vai dar uma mão para o produtor.

Para Claudia, o ideal é plantar cedo para nem ver a doença. Caso o plantio seja tardio, o agricultor deve ficar atento ao clima e se há o ataque. “Vale ressaltar que ele deve fazer rotação do modo de ação de fungicidas, senão não surtirá efeito e a ferrugem cada vez mais irá se viciar e criar resistência ao agroquímico”.

A cabeça do produtor

De nada vale todos os meios de combate e controle à ferrugem, se os produtores rurais, maiores interessados no assunto, não tiverem a conscientização do problema. “Hoje ele está bem informado. Percebo que o bombardeio de informações pode acabar confundindo-o.”, diz Meyer. Segundo ele, o agricultor precisa saber diferenciar o que é resultado de pesquisa, com o que são propósitos comerciais. “Ele tem que estar atento ao que está acontecendo em relação aos fungicidas, materiais resistentes à ferrugem, novas cultivares, entre outros. Assim, a lavoura será mais produtiva e saudável”. Seguindo o pensamento de Meyer, Claudia diz que o homem do campo aprendeu a controlar a ferrugem. “Mas, ainda assim tem que estar atento aos produtos que não funcionam bem”, diz. Já Leila, declara que como a ferrugem está no Brasil desde 2001, o agricultor a conhece e sabe o que pode causar, se não houver a consciência da necessidade de agir. “Com isso, ele se prepara e sabe o que fazer na lavoura”, finaliza.

Empresas são parceiras

Um dos pilares principais nesse força tarefa que visa o combate a ferrugem é o trabalho de orientação e acompanhamento das principais empresas produtoras de defensivos dado aos produtores rurais. Os resultados obtidos vem sendo bastante positivos, com eficientes programas de controle. Além disso, o desenvolvimento de novos produtos mais eficazes também ajuda a reduzir os efeitos negativos que a praga causa as lavouras.

A Syngenta, por exemplo, criou um programa para mostrar seus produtos e as formas de tirar melhor proveito deles ao maior número possível de sojicultores. Para isso, a empresa decidiu atuar em várias frentes. Para começar, ela participa, entre os meses de janeiro e maio, nas maiores feiras agrícolas do país. A estréia aconteceu em janeiro com muito sucesso na CVale, em Palotina (PR), e já passou por Maracaju (MS), Cambé (PR) e Show Rural Coopavel, realizado em Cascavel (PR). Segue agora por outras mostras de peso, como a Expodireto, em Não me Toque (RS), Lucas do Rio Verde (MT), Rio Verde (GO), Campo Novo de Parecis (MT), terminando em Brasília (DF). Aproveitando a grande concentração de produtores, a empresa tem como foco principal mostrar a inovação, a tecnologia e a eficiência do fungicida Elatus, um dos seus mais recentes lançamentos. Uma das atrações nos estandes da Syngenta nessas feiras é o “Eu robô Elatus”, um robozinho que anda pela feira e interage com os visitantes, falando sobre o novo produto e os benefícios do seu uso no combate a ferrugem. De forma simpática e divertida, ele apresenta também o “Dia de Campo Virtual”, um outro projeto que quer ampliar o alcance do trabalho de orientação e informação técnica ao maior número possível de produtores, mesmo aqueles que não vão as feiras. Com o mote “confira todos os detalhes de um dia de campo a um clique de distância”, o Dia de Campo Virtual se propõe, num formato inovador, mostrar os resultados do Elatus em comparação com os demais tratamentos do mercado, além de comprovar sua eficácia em diferentes variedades e condições ambientais. Tudo isso respaldado por pesquisadores de renome em todo o país. Para dar sustentação aos resultados obtidos pelo novo fungicida, a Syngenta foi buscar parceria com a Fundação MT, Universidade de Passo Fundo e a Agrodinâmica. Com o aval de profissionais como Fabio Siqueri, Fábio Forcelini e Valtemir Carlin, a empresa quer respaldar a qualidade do produto, que age em diferentes locais da folha, bloqueando a respiração do fungo causador da ferrugem.

Monitoramento em tempo real A Bayer CropScience também criou recentemente um programa que serve como alicerce para o principal fungicida da sua linha de produtos: o Fox. O projeto, chamado De Primeira, Sem Dúvida” consiste no acompanhamento de áreas de soja onde o crescimento da cultura e a evolução das principais doenças que Fox protege possam ser monitorados em tempo real. Esta ferramenta possibilita ao produtor visualizar os momentos ideais para a aplicação do produto, as condições climáticas observadas durante a patogênese e os níveis de risco que a decisão de pulverização, no momento correto ou com atraso, poderão trazer ao produtor. Deste modo, espera-se que a máxima eficácia de controle seja obtida, na medida que seja observado o momento ideal para todas as aplicações. Boletins periódicos escritos por especialistas apresentam as razões para as recomendações de controle durante a evolução da lavoura e dos fatores predisponentes da ferrugem, indicando os níveis de risco que o produtor estará sendo submetido.

Uma das ferramentas do projeto é a utilização de um algoritmo cuja finalidade será prever o nível de risco para a tomada de decisão quando da aplicação de fungicida. Sabe-se que uma doença possui inúmeros fatores envolvidos e, portanto, pode ser difícil ter uma previsão exata. Entretanto, com o desenvolvimento deste algoritmo, a empresa fornece ao produtor uma ferramenta que irá orientar, e complementar, seu conhecimento na tomada de decisão das aplicações. O algoritmo é baseado em fatores climáticos, estádios de desenvolvimento da cultura da soja, época de semeadura e local. Com esta interação de fatores espera-se um nível de acuidade bastante elevado.

Mudança no time

Criado em 2007 pela Basf, o Sistema AgCelence é um dos programas mais antigos no mercado e vem apresentando evolução ano após ano, com a melhoria e a troca dois produtos empregados. Desde seu lançamento, o sistema já buscava a obtenção de plantas mais sadias, com maior qualidade e produtividade.

Dois anos após o lançamento, a empresa decidiu criar o AgCelence Soja, voltado exclusivamente para essa lavoura, focado no tratamento de sementes e tendo os produtos Standak Top e o Opera como seus principais agentes. Com a entrada de um novo fungicida no mercado, o OrkestraTMSC, a Basf renovou o Sistema AgCelence, somando a eficiência de seus de seus três principais produtos.

A maior contribuição do Orkestra ao time é o chamado “efeito blindagem”. Em razão de sua alta mobilidade, o produto possibilita sua penetração e movimentação dentro da planta, agindo em locais onde o produto não foi aplicado, buscando maior atividade preventiva.

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