Agricultura

Sem vírus, mais produtivo

Embrapa desenvolve tecnologia que garante uma lavoura sadia ao produtor de alho

Uma boa notícia aos agricultores que produzem alho: há como eliminar as viroses que ocasionam danos econômicos à cultura, e impedem maior produtividade. Essa tecnologia, desenvolvida pela Embrapa, contém um sistema que ajuda o agricultor a multiplicar o alho-semente livre de vírus (ALV), e gerar sementes sadias. “A tecnologia já esta espalhada por varias regiões produtoras de alho do Brasil. Nestas regiões foram instalados telados com telas antiafideos (protegem o alho dos insetos que transmitem o vírus), para manutenção de estoques de alho livres de vírus. A partir destes estoques os produtores multiplicam o alho-semente que será utilizado nas lavouras comerciais”, explica Francisco Vilela, pesquisador da entidade.

O alho-semente livre de vírus garante a qualidade da lavoura, e aumenta a classificação comercial do alho, garantindo, assim, maior renda ao produtor, além de um aumento de produção de varia de 30% a 100%. “Os vírus são parasitas intracelulares, desta forma não podem ser eliminados com aplicações de produtos químicos. A tecnologia consiste na multiplicação em laboratório de parte (ápices caulinares) do dente do alho, onde os vírus não conseguem se multiplicar. Desta forma regenera-se “in vitro” plantas livres de vírus que posteriormente são multiplicadas em casas de vegetação e então plantadas em telados antiafideoes nas regiões produtoras de alho para gerar o alho-semente que o produtor vai usar em suas lavouras comerciais”, detalha Vilela.

Os atores da cadeia produtiva mobilizam-se por políticas públicas que valorizem o alho nacional, diante do importado, como a tarifa antidumping, instituída, originalmente, em 1.996. “É uma tarifa pleiteada junto à Organização Mundial do Comércio, por países que se julgam prejudicados por importações de produtos que praticam concorrência desleal nos seus mercados internos. No caso do Brasil, o alho importado da China paga uma tarifa antidumping de U$ 7,80 por caixa de 10 quilos. A tarifa protege os produtores brasileiros de alho, obrigados a concorrer com o alho chinês de custo bem mais baixo”, exemplifica o pesquisador. Desde a aprovação, a tarifa já foi revisada três vezes, sendo que na última, feita no ano passado, a sobretaxa ficou determinada em US$ 0,78 o quilo. “A tarifa representa maior segurança para os produtores brasileiros ao garantir que as quatro mil famílias que dependem da produção de alho permaneçam no campo, assim como os mais de 100 mil empregos gerados pelo setor”, contextualiza Cristina Neiva, gerente-executiva da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa).

A tecnologia consiste na multiplicação em laboratório de parte do dente do alho, onde os vírus não conseguem se multiplicar. Desta forma regenera-se “in vitro” plantas livres de vírus.

Essa taxa ficará em vigor por cinco anos. Porém, o posicionamento a longo prazo é preocupante, pois com o reconhecimento da China como mercado em 2.016, o cenário de investigação para renovação dessa tarifa será alterado, o que poderá inviabilizar a sobretaxa para o alho importado deste país. Para Cristina, o setor deve aproveitar o período para fortalecer a produção interna.

Estudos indicam que o brasileiro consome, por ano, cerca de um quilo e meio de alho. A produção nacional da safra 2.014/2.015 será de apenas 40% do volume comercializado, sendo que os outros 60% vêm de importações da China e Argentina. Para o período, de acordo com a Embrapa, o Brasil precisará de 300 mil toneladas de alho para o abastecimento nacional, que representa 2,5 milhões de caixas de dez quilos por mês. “A produção de alho no Brasil esta concentrada em apenas cinco estados (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Eles respondem por mais de 90% da produção nacional de alho”, completa Vilela. Dentro destes estados existem regiões que se destacam na produção do alho, como Cristalina, em Goiás, a 284 quilômetros de Goiânia, São Gotardo, em Minas Gerais, a 300 quilômetros de Belo Horizonte, Chapada Diamantina, na Bahia, a 500 quilômetros de Salvador, São Marcos, no Rio Grande do Sul, a 155 quilômetros de Porto Alegre, e Curitibanos, em Santa Catarina, a 299 quilômetros de Florianópolis.

Por: Nara Malacrida *Fotos: Divulgação Embrapa/Anapa

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