Agricultura

Dinheiro não vai faltar

Com a expectativa de uma safra acima dos 200 milhões de toneladas e cambio favorável as exportações, produtores vão atrás de recursos disponibilizados pelo governo. Em cinco meses, já foram tomados quase R$ 70 bilhões em crédito.

A agropecuária brasileira já investiu 44,6% do crédito rural disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a safra 2014/2015, por meio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP), disponibilizado para investimento, custeio e comercialização da safra. Dos R$ 156,1 bilhões, já foram aplicados R$ 69,6 bilhões.

Somente para custeio e comercialização foram programados para a safra 2014/2015,o valor de R$ 111,9 bilhões, dos quais R$ 51,3 bilhões (45,9%) foram aplicados somente no período de julho a novembro deste ano. Já para investimentos, dos R$ 44,1 bilhões programados, foram aplicados no mesmo período R$ 18,2 bilhões, o que corresponde a 41,5% do total.

Entre os programas de investimento que mais tiveram recursos contratados até o momento está o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). Dos R$ 3,5 bilhões disponibilizados para esta safra, já foram investidos R$ 2,1 bilhões, ou seja, 61,3% do total.

ara o Moderagro e o Moderinfra – foram disponibilizados R$ 500 milhões para cada um deles – foram investidos até novembro deste ano, 17,1% e 24,2% respectivamente. O Moderfrota teve R$ 9,1 milhões do total de R$ 3,7 bilhões aplicados até novembro. Do Programa ABC, R$ 4,5 bilhões foram disponibilizados, correspondendo a quase 30%.

O Prodecoop e o Procap – Agro têm recursos disponíveis de R$ 2,1 bilhões e R$ 3 bilhões, dos quais já foram aplicados 16,7% e 24,3%, respectivamente. No Pronamp, são R$ 16,1 bilhões em recursos, dos quais já foram utilizados R$ 8,5 bilhões, ou seja, 53,4% do total.

Na parte de custeio e comercialização, os produtores foram beneficiados com recursos para o Funcafé na faixa de R$ 3,8 bilhões. Desse montante, R$ 2,03 bilhões foram aplicados, o que corresponde a 53,3%.

Os números de 2014

Segundo a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa), os números obtidos em 2014 mostram que houve expansão, não apenas da produção das lavouras e da pecuária, mas também do setor de insumos, como fertilizantes, defensivos, máquinas e equipamentos.

O faturamento da agropecuária expressa em valores brutos de produção (VBP) em 2014 foi de R$ 461,6 bilhões, 2,5% superior ao obtido em 2013, que foi de R$ 450,3 bilhões. A pecuária teve um melhor desempenho do que as lavouras, apresentando um crescimento real de 10,3 % em relação a 2013. Já as lavouras tiveram um decréscimo de 1,6 %.

Os preços mais baixos este ano para atividades relevantes como cana-de-açúcar, milho, cacau, feijão, soja e trigo, foram responsáveis pela redução do VBP das lavouras. Já na pecuária, o aumento no faturamento, em especial das carnes bovina, suína e de frango, deve-se ao comportamento favorável do mercado internacional quanto à demanda de preços.

Segundo a AGE, pesquisas mostram que 90% do crescimento do produto agropecuário deve-se aos ganhos de produtividade e 10% ao aumento no uso de insumos. Mesmo com impactos climáticos fortes em algumas regiões como, por exemplo, o excesso de chuvas, secas ou geadas, a produtividade tem tido aumento contínuo no tempo, o que é essencial para garantir o crescimento do setor em prazo mais longo.

Previsões para 2015

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de grãos em 2015 é estimada em cerca de 202 milhões de toneladas. A previ-são é que haja um crescimento de 4,2% na produção, e aumento de área de 1,5%.

O faturamento expresso em VBP para 2015 deve ser semelhante ao desse ano e deve girar em torno de R$ 462 bilhões. Não há indicação de que os preços previstos para os principais grãos serão mais baixos do que os atuais. Além disso, o clima e as condições de outros mercados, especialmente no que se refere a expectativas de produção e a condições de demanda por produtos brasileiros, são decisivos no resultado a ser obtido.

Bancos

Seguindo a média dos setores ligados ao agronegócio nacional, os bancos, parte importante na mecânica dos negócios rurais, também comemoram a boa situação apresentada ao longo de 2014. Especialista aponta que os homens do campo procuraram estar ligados
a tudo que se passou na economia nacional. Carlos Vianna, chefe de departamento da Área de Agricultura, Pecuária e Inclusão Social (Agris), que faz parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diz o que imaginado aconteceu, ou seja, houve um nível estável de demanda por crédito. “O setor é forte na economia e mesmo na situação que vivemos atualmente, se mostra cheio de vitalidade”. Segundo ele, os problemas mais crônicos não afetam a produção agrícola e geração de negócios. Na comparação entre o segundo semestre da safra 2013/14 com o da 2014/15, registra-se elevação de 17% em desembolso de financiamento feito pelo BNDES – de R$ 11,8 bi para 13,8 bilhões.

Vianna diz que isso é possível pois os membros do setor conseguem manter a capacidade de venda e produção funcionando de maneira natural, independente do momento em que a economia nacional atravessa. “Além disso, antes de 2014 os produtores tiveram capitalização elevada, o que permite maior conforto hoje em dia”.

Segundo ele, o setor ainda demanda créditos e realiza in-vestimentos visando melhores lucros para os próximos meses. “Percebemos que o governo tem dado atenção ao médio produtor, vendo que ele é fundamental na cadeia”.

Maior procura e futuro

A maior procura feita pelos agricultores ao banco, acontece justamente no início da safra, principalmente na busca por linhas de custeio e comercialização, o que garante maior período e melhor preço no mercado. “Mas, o produtor acaba por demandar as linhas de investimento durante todo ano, praticamente sem cessar”, declara Vianna. Com essa busca, o primeiro impacto positivo de investimento registra-se no mês de outubro. “Depois ele se mantém estável em novembro e dezembro, tem leve desaquecimento em janeiro, mas, a partir de fevereiro volta às condições normais”. Quanto ao que se espera do setor em 2015, Vianna comenta que por termos uma equipe nova nos ministérios, ainda é preciso aguardar antes de fazer qualquer projeção. “O BNDES participa das reuniões que buscam as melhorias para a safra 2015/16”, finaliza.

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