Negócios

Caminhões: carga pesada

Feitos para suportar o duro trabalho, a nova safra de caminhões off-road passaram nos últimos anos por uma (re)configuração tecnologia para atender ao setor sucroalcooleiro e aos seus desafios.

As novidades tecnológicas para o campo canavieiro não se restringem apenas às colhedoras, implementos, máquinas e pneus – há inovadores caminhões à disposição dos agricultores no mercado. Atualmente, o mercado deste segmento está pronto para atender a todas às especificações e nunca contou com tantas opções de veículos fabricados especialmente para a atividade.

A oferta também foi ampliada seguindo a tendência das exigências determinadas pela legislação o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P7), em vigor desde janeiro de 2012, e que se baseia na normativa estabelecida na Europa, o Euro 5. O novo ciclo exigiu calibragem dos propulsores que passaram a emitir no máximo 0,02 g/kWh de material particulado (80% a menos em comparação ao anterior) e de 2,0 g/kWh de NOx, o que representa uma queda de 60%.

Uma outra contribuição para o movimento positivo deste setor aconteceu no mercado interno, após o percentual obrigatório de etanol nas bombas de gasolina, neste ano. O fato é que os veículos carga pesada acenderam uma luz verde para uma gama de novas tecnologias, para um setor que está em franco crescimento.

Man Latin America

Na opinião de João Herrmann, gerente de marketing do produto da Man Latin America, o mercado aquecido agora vem graças a uma contribuição do passado. Herrmann concorda que o percentual obrigatório de etanol nas bombas de gasolina, que sobe de 20% para 25%, deu um novo fôlego ao setor sucroalcooleiro, mas não é só isso. O mercado vive um momento de compensar grandes perdas, como o fechamento de usinas, endividamento gigantesco, problemas climáticos, ausência de um marco regulatório e instabilidade de preços. Ele afirma também que o mercado interno ainda viveu assombrado por outro fantasma: a gasolina. “Atualmente, há esforços do governo para manter o etanol frente à gasolina. Por isso, os investimentos estão voltados”, diz.

Para atender a demanda do setor, a montadora alemã apostou em novos elementos eletrônicos que garantem mais vida útil à embreagem, redução no consumo de combustível e segurança nos veículos. A partir de 330 cv até 440 cv, os potentes propulsores equipam os modelos VW Constallation 26.280; VW Constallation 26.390 cavalo mecânico; VW Constallation 31.330 plataforma 6×4, Man TGX 29.440 6×4 e Man TGX 33.440 na opção 6×4, que atendem perfeitamente às necessidades do dia a dia no campo e nas destilarias.

Além de usar a tecnologia Seletive Catalic Reduction (SCR), os caminhões da linha Volkswagen, utilizam motores Cummins e também o sistema EGR (Exhaust Gases Recirculation), de tratamento de emissões, que reutiliza parte dos gases de exaustão na mistura diesel mais ar durante a combustão, para a redução dos níveis de óxidos de nitrogênio. “Um diferencial que a companhia levou em conta foi à adoção deste sistema nos motores D08 dos Constellation, que dispensa o uso da solução de ureia Arla 32 no catalisador”, explica.

Até o final deste ano, outra novidade que a Man Latin America trará ao mercado são os veículos que funciona a diesel e etanol. O motor, de ciclo diesel, é “dual fuel”, roda com os dois combustíveis, em uma proporção de até 55% para o combustível renovável. “O caminhão começa a funcionar apenas com o diesel e o substitui pelo etanol, de acordo com a rotação do motor e a carga. O veículo já está em teste em uma grande usina e outros cinco protótipos em breve estarão no campo”, conta.

Vencedora do “Top of Mind”, da Revista Rural (2012), na categoria Caminhões, com a marca Volkswagen, a expectativa da empresa Man Latin America é crescer 10% em volume de vendas neste ano. Só para ter uma ideia, foram mais de 700 unidades vendidas para as grandes tríades, que estão no Brasil. “Deste total de produtos vendidos são de veículos acima de 400 cv de potência”, diz Herrmann.

Scania do Brasil

“As últimas safras de cana-de-açúcar amargaram dificuldades para todo o setor. A boa notícia é que a União da Indústria de Cana-de-açúcar [Unica] prevê uma elevação na produção na safra 2013/ 2014”, afirma Silvio Renan Souza, gerente de vendas de veículos off road da Scania do Brasil.

No ano passado, em meio à expressiva queda das vendas de caminhões, a Scania do Brasil comemorou as boas vendas dos modelos Euro 5. “Mesmo diante da mudança da regulamentação de emissões de gases de Euro 3 para Euro 5, que tornou os caminhões menos poluentes, mas mais caros. O setor conseguiu superar a fase inicial com a introdução da tecnologia”, explica Souza.

Atualmente, os modelos da Scania dispõem de soluções específicas, a exemplo do G 480 6×4, G 440 6×4, P 250 6×4 e R 440 (versão 4×2 e 6×2) , que atuam em diferentes fases, desde a colheita e transporte da cana-de-açúcar. O pesado G 480 6×4, na versão cavalo-mecânico, é ideal para aplicações como rodotrem, rodotrês e tritem. “O rodotrem vem ganhando espaço nas usinas brasileiras por conta da maior capacidade de carga e da versatilidade do sistema bate-volta para retirar o produto pronto do canavial”, diz. “Os modelos comercializados são veículos usados em operações off road, em que o desgaste é maior”, afirma.

Todos os caminhões estão equipados com o Scania Retarder, freio auxiliar que aumenta a segurança do operador e dispensa em até 90% dos casos o uso dos freios de serviço e de motor, garantindo maiores velocidades médias com mais segurança. Além do Scania Driver Support, composto de computador de bordo que auxilia o motorista com dicas no painel para melhorar a condução, aumentar a segurança e diminuir o consumo de combustível. “Resultando de mais eficiência, produtividade e ergonomia”, pontua Souza.

Mercedes-Benz

“Além da renovação sazonal de frota, realizada entre os meses de abril a novembro, feita por grandes frotistas, o nosso mercado de caminhões também cresce junto com diversos setores da economia brasileira. Neste caso, dados da Conab indicam que a próxima safra brasileira de grãos deverá atingir 180 milhões de toneladas”, afirma Cláudio Gasparetti, gerente de marketing e de produto Caminhões da Mercedes-Benz. “E, sem dúvida, o setor sucroalcooleiro já deu sinal de boa recuperação”, completa.

De acordo com o executivo, ao contrário do que ocorreu no ano passado, com o fraco desempenho nas vendas de caminhões devido ao impacto da crise econômica e da antecipação de vendas devido à troca de motorização imposta por lei, o que se espera é uma retomada. E essa é a aposta da montadora alemã. Após adotar uma nova identidade visual em toda a sua linha de caminhões, simultaneamente às mudanças de motorização, a Mercedes-Benz manteve o foco no setor sucroalcooleiro. “Os caminhões pesados da montadora foram concebidos para aplicações severas em terrenos de difícil acesso, íngremes, baixa aderência e resistência, que necessitam de força de tração e grande robustez, garantindo melhor custo-benefício”, explica Gasparetti.

Atualmente, a marca oferece cinco configurações diferentes para cada tipo de aplicação. Os veículos off-road são equipados com exclusivas e avançadas tecnologias de motorização SCR, que vão de 306 cv a 439 cv de potência, desenvolvidas pela marca Mercedes-Benz. No caso do cavalo mecânico Axor 2544 6×2, o caminhão foi configurado especialmente para tracionar uma composição tanque, ou seja, transportar etanol; já o Axor 3344 na versão plataforma foi desenhado para rodar no campo e no asfalto dotados de implementos dos tipos Romeu & Julieta ou treminhão; enquanto o cavalo mecânico Axor 3344S é indicado para operar com composições rodotrem. Outro modelo é o Axor 2831 versão plataforma, que permite equipar conjuntos de até duas composições do tipo Romeu & Julieta, com versão de cavalo mecânico modelo Axor 2644 também pode circular em rodovias tracionando rodotrem canavieiro.

Pensando neste setor, a Mercedes-Benz introduziu em toda sua linha Axor, o PowerShift, câmbio totalmente automatizado, o que otimiza o consumo de combustível, e sem pedal de embreagem. “É outro ponto positivo, ele faz com que o motorista reduza os esforços e evite possíveis fadigas, assim, o condutor poderá concentrar mais energia para outras ações”, diz.

Gasparetti afirma um otimismo no mercado este ano e com uma situação favorável de novos financiamentos. “O que se espera em 2013 é um crescimento entre 8% a 10%, em relação ao ano passado, uma vez que se completa um ano de consolidação do Euro 5”, conclui.

Iveco Latin America

No segmento canavieiro, a Iveco Latin America pretende aumentar ano após ano a sua oferta de produtos para atender o demanda do setor. A companhia acredita que, segundo os últimos dados desse mercado, há uma perspectiva de crescimento, que acompanhará a esperada safra recorde de grãos. “No caso específico da cana, dados da Unica apontam que a moagem de cana na região Centro-Sul do País na safra 2012/2013 deverá crescer 2,6% em relação à última safra, chegando a um total de 532 milhões de toneladas. Daí, a perspectiva positiva para este ano”, garante Cristiane Nunes, gerente de marketing de produtos da Iveco.

A empresa aproveitou a mudança da legislação para incrementar durabilidade, economia e reduzir custos de manutenção e de serviços em sua linha de produtos. A gama de produtos inicia-se desde os comerciais leves até os caminhões pesados, que receberam motores SCR da FPT de 280 cv, 440 cv e 480 cv, o que garante o suporte durante a colheita, o transporte de matéria-prima e a distribuição. Esse trem de força, que pode receber caixa de câmbio manual ou automatizada, equipa duas versões do Takker 6×4, duas do Stralis 6×4 e uma do Tector 6×4. Destaque para único caminhão pesado que nasceu como um genuíno off-road, o Iveco Trakker tem versões de cavalo mecânico ou plataforma, com duas opções de entre-eixos cada. Em relação à geração anterior, os motores atuais são mais potentes (440cv e 480cv), com 20% a mais de torque. Ele tem como opção a transmissão automatizada Eurotronic de 16 velocidades. A economia de combustível chega a 5% quando comparada à média dos modelos Trakker Euro III.

“Neste ano, a Iveco lançará ainda neste primeiro semestre o Stralis Hi-Way, um caminhão pesado rodoviário que virá com a mais alta motorização já oferecida pela fabricante: um motor de 560 cv, que elevará a excelência nas aplicações de transporte de cargas pesadas de longas distâncias rodoviárias”, afirma Cristiane.

A marca italiana projeta um aumento de produção, acompanhando o crescimento de mercado, que pode chegar a 10% em comparação ao ano passado. “Os novos produtos complementarão o nosso portfólio e diversificará ainda mais o nosso business”, diz.

Ford

“Sem dúvida, o segmento canavieiro é muito dinâmico e estratégico no cenário econômico do País. Qualquer movimento de novos investimentos certamente se refletirá no desenvolvimento de novos produtos”, afirma Marcel Bueno, supervisor de marketing da Ford Caminhões.

Para o segmento, a montadora oferece atualmente o modelo Cargo 3133 para o transporte de cana. Com peso bruto total de 23 toneladas e capacidade máxima de tração de 63 toneladas, tem, entre outros recursos, um dos melhores níveis de conforto da categoria e opção de freios ABS, que aumenta a eficiência e a segurança da operação do caminhão. “A redução nas emissões trazida com a adoção do Proconve 7, contribuiu sensivelmente para a qualidade do ar, tanto no meio rural, como urbano. Graças à adoção do sistema de tratamento SCR, por catalização seletiva, é possível atingir uma redução de emissões da ordem de 85% em comparação aos motores até então utilizados”, diz. “Do ponto de vista operacional, a nova motorização trouxe melhor performance e economia aos operadores, pois conseguimos oferecer atualmente, em média, entre 5% e 8% de economia de combustível, incluindo nessa conta a utilização do Arla 32”, justifica Bueno.

Segundo ele, além disso, o sistema SCR funciona independentemente ao motor o que reduz muito o risco de avarias ao mesmo, no caso do uso de combustíveis fora do padrão S-50 ou S-10, oferecendo maior vida útil ao conjunto.

A aposta da montadora virá a partir do segundo semestre deste ano, quando será oferecido ao segmento de transporte rodoviário, dois novos modelo, que atenderão aos operadores de transporte em geral. “Traremos muitas novidades, dentro do DNA já reconhecido na Linha Ford Cargo”, diz.

Volvo do Brasil

A montadora sueca acredita que os caminhões vocacionados representam o segundo maior mercado para a Volvo, sendo que o segmento da cana-de-açúcar está em primeiro lugar nas vendas. A empresa também acredita em crescimento de mercado em virtude de medidas do governo favoráveis ao financiamento, que elevaram a expectativa de vendas de modelos semipesados e pesados para este ano. “O processo da introdução de uma nova tecnologia, a Euro 5, que desde o início do ano se tornou obrigatória em todos os caminhões fabricados no Brasil, afetou o crescimento do setor no ano passado”, afirma Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas dos caminhões Volvo no Brasil.

Era o ano de espera, na opinião de Menoncin. Entretanto, a Volvo vendeu 19 mil caminhões na América Latina em 2012. Somente no Brasil, foram emplacadas 16 mil unidades. O market share da Volvo no Brasil cresceu em mais de um ponto percentual, de 17,1% em 2011 para 18,2% ao final de 2012.

Os novos caminhões Volvo das linhas F (FH, FM e FMX) e VM, com motorização preparada para atender a legislação, ganharam 20 cavalos de potência, passando dos atuais 400, 440, 480 e 520 cv, respectivamente, para 420, 460, 500 e 540. Já os atuais propulsores de 210, 260 e 310 cavalos da linha VM, passaram a ter 220, 270 e 330cv.

“Os caminhões da marca são conhecidos no mercado pela robustez, segurança, economia de combustível e grande disponibilidade”, diz. Os modelos da linha F têm na composição bitrem, rodotrem e carretas de três eixos normais ou espaçadas. “O FH460, por exemplo, que substituiu o FH 440, o mais vendido do País na categoria pesado. Com maior potência e torques, o novo modelo aumenta a produtividade do transporte, já que consegue manter uma velocidade média mais alta”, afirma.

Para operações fora de estrada, a Volvo oferece o extrapesado FMX, bastante usado para tarefas severas e ainda no transporte de cana de açúcar. “O modelo é adequado para operações de 24 horas e é altamente reconhecido pela disponibilidade e produtividade, já que consegue transportar uma maior quantidade de cana em uma mesma viagem”, explica Menoncin.

A nova motorização da Volvo utiliza a tecnologia SCR, que necessita de diesel S-50 (50 partículas de enxofre por milhão), além do Arla 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), produto necessário para o tratamento dos gases a base de água desmineralizada e 32,5% de ureia. Outra vantagem dos caminhões da linha F é que podem vir equipados com a caixa de câmbio eletrônica I-Shift e que oferece redução no consumo de combustível em até 5%, além de proporcionar mais conforto ao motorista.

De acordo com o executivo, a tecnologia está cada vez mais no corte mecanizado e um dos fatores que ressalta em atender a esse segmento, assim como da madeireira e a mineração. “É um segmento que trabalha no período da safra 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirma.

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