Tecnologia

Alta mecanização nos campos

Produção de frutas e legumes também busca se incrementar com a utilização de máquinas agrícolas. Os resultados de maior produtividade estão relacionados a esse tipo de investimento.

Em 1960, apenas 37 tratores foram produzidos no Brasil. No ano seguinte, já eram 1.679. O recorde, até o momento, é de 71.763 unidades fabricadas no País, em 2010, de acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O impulso à mecanização no campo era uma necessidade para trabalhar em áreas maiores e obter mais produtividade na hora da colheita.

Atualmente, não só produtores de lavouras tradicionais como soja, milho, arroz, algodão e feijão têm se “mecanizado” mais – horticultores e fruticultores têm encontrado opções de máquinas e implementos para dinamizar a produção.

É o caso do fruticultor Carlos Alberto Pereira Lima, de Coruripe (AL), município que fica a 133 quilômetros de Maceió. Ele produz mamão, banana e maracujá, numa área de 200 hectares (ha), na qual mais da metade é destinada para a lavoura das frutas e o restante para a produção de cana-de-açúcar. “Utilizo a cana para diversificar a produção e rotação de culturas”, esclarece Lima – ou, como é mais conhecido, “Carlinhos do Mamão”. “Mas me concentro e me especializo na produção do mamão e banana. É por isso que sou conhecido por esse apelido por aqui”, explica o maior produtor de mamão de Alagoas.

Os seus tratores 7630 e TT3040, da New Holland, são usados na produção de duas mil caixas de mamão e 40 toneladas de banana por semana. O trabalho com o plantio de frutas começou em sua terra natal, Bom Conselho (PE). Em 1983, Carlinhos rumou para o Estado vizinho, Alagoas, se instalando quase na divisa com Sergipe, na região onde está situado até hoje. Na época, o produtor adquiriu um lote de 50 ha, no qual plantava maracujá.

O produtor decidiu pela mecanização e tem colhido os bons frutos. Além disso, não se enveredou totalmente pela produção da cana. Na região, esta é a cultura dominante no litoral do Estado, difundida especialmente por causa do solo e do relevo. “A cana é um negócio muito tentador por aqui, porém, é uma cultura mais atraente em grandes propriedades. A realidade de muitos produtores do litoral nordestino é outra: são lotes relativamente pequenos se comparados às terras das usinas”, explica. Para ele, a produção de frutas é uma oportunidade de negócio em pequenas extensões de terra. De lá para cá, ele passou a investir principalmente no mamão e na banana, que possibilitaram maior expansão em sua propriedade com a compra de lotes vizinhos. “Também fui pioneiro aqui no sul de Alagoas. Hoje outros produtores também exploram a cultura de frutas e enxergam isso como um excelente mercado”, ressalta Lima.

Apesar de a lida com a fruticultura ser muito mais trabalhosa, a atividade pode gerar um melhor retorno financeiro, em função de se obter um produto de melhor qualidade e, com isso, garantir um bom valor agregado à fruta. “É um trabalho de atenção diária ao produto. A comercialização de frutas é muito delicada porque os produtos são frágeis”, pondera. O mamão e a banana, por exemplo, requerem um cuidado muito grande. Segundo Lima, eles são muito suscetíveis ás mudanças climáticas, às características do solo e outros diversos fatores. “O mamão, principalmente, é uma cultura que apresenta muitos problemas fitossanitários e com muita facilidade também pode ser prejudicado por fungos no solo, por isso é preciso atenção especial e muito conhecimento para plantar”, explica.

A comercialização destas frutas também é complicada. “A fruta precisa estar com aparência impecável para que o cliente se interesse por ela, por isso o cuidado com o transporte e armazenamento tem de ser impecável. Negocio com clientes que consomem dezenas de caixas de mamão por semana e outros que compram apenas uma caixa. O atendimento tem de ser personalizado para que tenha a qualidade exigida”, afirma Lima. E para essa garantia de qualidade no que produz, Lima leva muito em consideração o tipo de maquinário que possui. A opção foi por tratores estreitos para que não houvesse compactação do solo cultivado e além de ficar fácil a entrada das máquinas pelas plantações.

Horta turbinada

Já no município de Rio Paranaíba (MG), no triângulo mineiro, o produtor Cassio Toshiharu Iamaguti achou na alta mecanização para a safra de batata, cenoura e cebola uma saída para não correr o risco de ter de parar qualquer serviço em função da quebra de um maquinário. Atualmente, na propriedade mineira são 26 tratores e quatro colheitadeiras. Além dessas culturas, Iamaguti e mais quatro irmãos lidam com plantações de soja, milho e feijão. A área cultivada é de cerca de dois mil ha – sendo para cebola, 30 ha, cenoura, 170 ha, e batata, 150 ha. “Optamos por ter um grande quantidade de tratores especialmente para não termos de ter máquinas paradas no campo em função de troca de peças ou mesmo reparos de manutenção”, conta Iamaguti. Segundo, ele os trabalhos chegam a ser intensos em determinadas épocas da safra, chegando a utilizar todas as máquinas de uma só vez.

Tarefas como o preparo do solo, calagem e “bater o canteiro” para o plantio das cenouras [o termo indica o trabalho que tem de ser feito no solo para o plantio da hortaliça] são bastante comuns – fora os manejos com as demais culturas. Isso explica a necessidade de haver muitas máquinas trabalhando na propriedade. O grupo de produtores, de descendência japonesa, também tem outro estabelecimento rural no munic’pio de Guará (SP), a 401 km da capital do Estado, próxima a fronteira com Minas Gerais. Nas duas propriedades, são contabilizados 31 tratores Massey Ferguson.

“Ano passado, o número de tratores da fazenda em Minas era de 24. Este ano compramos mais duas máquinas, completando os 26. Outro diferencial para termos necessidade de um grande número de maquinários está em função da diversidade de culturas temos de lidar. No caso da batata, por exemplo, o trator tem de ter uma bitola menor, com 1,60 metro (m) de largura. Já para os demais cultivos, a largura pode ser de 1,95 m”, acrescenta o produtor.

O fator de mecanização influi na facilidade nas operações da lavoura e também para suprimir a falta de mão-de-obra que o grupo de irmãos tem enfrentado para o desenvolvimento da atividade. Iamaguti pensa até em expandir a mecanização para trabalhos de colheita da batata, por exemplo. Mas isso ainda está em estudo, pois seria necessário também o uso de caminhões e uma unidade de lavagem do tubérculo. Atualmente a propriedade possui 13 tratoristas e chega a contratar temporariamente mais de 20 trabalhadores para a colheita.

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