Pecuária

Aftosa: na ponta da agulha

Aberta a temporada para a segunda campanha contra aftosa. Neste ano, a demanda total deve atingir 386 milhões de doses e com um reforço nas fronteiras. Com 190 milhões de doses de vacinas contra febre aftosa em estoque, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aguarda uma campanha tranquila para o mês de novembro, quando grande parte dos Estados brasileiros realizarão a segunda etapa da vacinação oficial contra a doença.

De acordo com o Mapa, 19 Estados mais o Distrito Federal farão parte da campanha deste segundo semestre – com exceção de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte e Roraima (onde a vacinação ocorre entre os meses de abril e outubro), e o Estado de Santa Catarina, por ser considerado zona livre de febre aftosa sem vacinação, pela Organização Mundial de Saúde Animal.

De acordo com as entidades responsáveis, a primeira etapa da campanha nacional de vacinação contra febre aftosa, ocorrida em maio, transcorreu com absoluta tranquilidade, com o mercado devidamente abastecido e alto estoque de doses disponíveis. “Na primeira etapa de vacinação foram comercializadas 148,5 milhões de doses, sendo que a demanda total prevista pelo Mapa, para o ano de 2009, era próxima à demanda de 2008, com de 386 milhões de doses”, explica Emílio Salani, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). Segundo o presidente da entidade com mais de 30 anos e 92 associados, mesmo perante a demanda de doses extras entregues ao Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Alimentar da Bolívia (Senasag), devido ao acordo firmado entre o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o vice-ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Bolívia, Remy González, em setembro de 2008, a campanha não sofrerá interferência. “A última doação de vacinas para a Bolívia foi de dois milhões de doses, onde dois carregamentos, de 600 e 700 mil doses, já foram entregues, com previsão de entregar as 600 mil doses restantes até o fim de 2009. Dentro do total de doses produzidas no País, este quantitativo representa menos de 1% da produção nacional, o que não põe em risco o abastecimento de vacinas para o produtor brasileiro”, diz a coordenadora de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura, Francianne Assis. “A cooperação com a Bolívia é essencial para a erradicação da febre aftosa do território brasileiro. A faixa fronteiriça do Brasil com aquele país tem três mil quilômetros e envolve os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia, área coberta pelo plano emergencial acordado para reforçar as ações conjuntas de fiscalização. Possuir uma boa estrutura de vigilância e defesa nas áreas fronteiriças e apoiar os vizinhos mais carentes são ações fundamentais atualmente em nosso continente”, acrescenta Salani.

O Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária, afirmou que outras ações estão sendo realizadas em parceria para avançar no processo de erradicação da febre aftosa. “Outra ação de destaque que vem sendo criteriosamente conduzida pela Secretaria de Defesa Agropecuária está na prioridade dada aos territórios classificados como áreas de risco como a região do Baixo Amazonas e dos Estados do Nordeste”, diz o presidente do Sindan.

Atualmente o Brasil, que detém uma moderna tecnologia de fabricação da vacina contra a aftosa, tem feito ações realizadas por meio do Programa Nacional de Erradicação da Febre aftosa (PNEFA). “Anualmente, o programa realiza o levantamento da demanda de vacinas contra a febre aftosa, de acordo com o quantitativo de rebanhos e prevendo as revacinações conforme o calendário de cada região. Este levantamento é encaminhado ao Sindan, que junto às empresas produtoras, viabiliza a produção das vacinas para atender o rebanho nacional. Todos os anos a produção é feita com considerável margem de segurança, contribuindo para o pleno abastecimento do mercado e suprimento de todas às necessidades do PNEFA e dos produtores brasileiros”, atesta a coordenadora do Mapa.

Segundo os especialistas, hoje o pecuarista sabe com clareza que é preferível prevenir a remediar. “Essa conscientização cada vez maior da importância de manter os animais saudáveis, em conjunto com o trabalho de parceria desenvolvido entre a iniciativa privada e o governo, são fatores que garantem o sucesso na produção e nas exportações de carnes, demonstrando o empenho do País em manter um sistema de defesa sanitária eficiente, trabalhando para a erradicação da doença”, diz Salani.

Vacinação segura

Toda a dose de vacina de febre aftosa que o pecuarista aplica no gado vem por meio da Central de Selagem de Vacinas (CSV), que mantém a armazenagem de um estoque de segurança do medicamento, utilizado apenas em caso de emergência, estimado atualmente em 60 milhões de doses (aproximadamente 15% do consumo nacional). “Todas as vacinas que saem da Central possuem um selo holográfico que atesta que a vacina é genuína, ou seja, que passou por todos os testes de qualidade na indústria e, posteriormente, nos laboratórios oficiais do governo – processo que dura cerca de nove meses para serem concluídos. Além disso, há ainda a garantia de que o produto foi cuidadosamente manipulado dentro das condições de temperaturas necessárias (entre 2°C e 8°C), desde a saída da fábrica até o momento da compra pelo canal de distribuição certificando, que o processo foi devidamente controlado pelas autoridades”, explica Emílio Salani.

De acordo com o Mapa, o produtor pode encontrar a vacina contra a febre aftosa à venda nas lojas de produtos veterinários, licenciadas para o comércio de produtos biológicos, durante todo o período oficial da campanha de cada Estado. “Caso haja alguma falha no abastecimento das doses em alguma região, solicitamos que informem o serviço veterinário estadual que comunicará ao Mapa. Normalmente, o Sindan é acionado e o abastecimento é normalizado em poucos dias. Após adquirir o medicamento, realizar a vacinação e conferir os quantitativos de animais, o produtor deve apresentar a declaração de vacinação no escritório do serviço veterinário estadual para regularizar seu cadastro”, diz Francianne Assis.

Os especialistas também aconselham aos pecuaristas que ao vacinar o rebanho é preciso reuni-los nos horários mais frescos do dia; transportar o medicamento em caixas térmicas, mantendo a temperatura entre 2°C e 8°C; não vacinar animais doentes; fazer a contenção do gado, evitando acidentes; a aplicar no local correto, sendo feito na tábua do pescoço do animal, são algumas das medidas tomadas para garantir a eficiência da vacina.

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