Agricultura

Plantio direto: palhada em abudância

O plantio de uma cultura em safrinha com a junção de sementes de B.ruziziensis, traz ótimos resultados ao sistema de PD, cobrindo o solo de maneira eficiente.

Nas regiões tropicais, a adoção do PDP (plantio direto na palha) é, indiscutivelmente, a técnica mais adequada de produzir, obtendo resultados econômicos aliados à preservação dos solos e da água. Porém, nessas regiões, em razão das altas temperaturas e da umidade durante todo o ano, tornam-se a formação e a manutenção das palhadas nas áreas de PD uma das maiores dificuldades para os agricultores que adotam essa técnica.

O engenheiro agrônomo Odinir Liberati Vieira explica que a decomposição da palhada, nas regiões de clima quente, é muito rápida. “A decomposição da cultura anterior é acelerada e o restante da cultura de soja permanece, por apenas algumas semanas, sobre o solo, no momento da colheita da cultura subseqüente; praticamente não há mais palhada, o que faz com que os benefícios da técnica sejam apenas parciais”.

Nos últimos anos, o plantio de uma cultura em safrinha, com a inclusão de sementes de Brachiaria ruziziensis nas entrelinhas, vem trazendo ótimos resultados ao sistema de PD, uma vez que essa gramínea produz grande quantidade de massa que cobre o solo de forma extraordinária. A B. ruziziensis apresenta talos finos, que facilitam a estabilidade para as semeadouras. Outro grande benefício é a economia tanto para o bolso do agricultor como para o meio ambiente, já que pode ser dessecada com baixas doses de herbicidas. “Em comparação, com a Brachiaria brizantha ou braquiarão, como é mais conhecida, a ruziziensis tem diversas vantagens, como a produção de uma palhada mais adequada à semeadura, por não formar touceiras densas e a economia de 25% a 30% de herbicida Glifosato na dessecação pré-plantio. Comparada ao milheto, planta mais usada nos cerrados, para produção de palhada, observa-se uma maior adaptação à seca, produção dobrada de matéria seca, melhor uniformidade na cobertura do solo e maior quantidade de raízes melhorando a estrutura física do mesmo”, ressalta Vieira.

Segundo o agrônomo, a implantação da Brachiaria ruziziensis é realizada na entrelinha do milho, na safra e/ou safrinha e também pode ser administrada juntamente com o plantio da cultura; ou, ainda, introduzida de 15 a 20 dias após a emergência do milho. “Em períodos de chuvas regulares, as sementes não precisam ser incorporadas, podendo germinar na superfície, eliminando uma operação e facilitando o semeio das sementes, que pode ser feito a lanço, com distribuidor de calcário/adubo tipo pendular”, salienta.

Na Fazenda Menezes, no município de Presidente Bernardes-SP, o proprietário Enio de Freitas Menezes vem utilizando a técnica com sucesso. No verão, o produtor cultiva a soja, que é colhida entre os meses de fevereiro a março. Após a colheita, faz o semeio do milho – safrinha com a B.ruziziensis nas entrelinhas, (ver foto1). Depois de colhido, o que sobra é a palhada produzida pela cultura do milho e uma densa cobertura do solo produzida pela ruziziensis e pelos restos da cultura anterior. “Sempre utilizei o PD, mas, com a B. ruziziensis, foi a primeira vez como experiência. Apesar da pouca chuva, eu já gostei muito e continuarei utilizando a gramínea”, disse Menezes.

“A Brachiaria ruziziensis, que já era utilizada, como pastagem, no Brasil, há mais de 30 anos, ganha espaço como produtora de palhada para o Plantio Direto, e, sem dúvida, deve-se consolidar, nos próximos anos, nas regiões de cerrado, como uma importante opção para a técnica”, finaliza Vieira.

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