Agricultura

Soja: em busca de novas fronteiras

Plantio de soja cresce e deverá deslocar-se para Norte e Nordeste a partir da próxima safra. As primeiras estimativas para a safra 2007-2008 indicam que haverá um avanço ao redor de 10% na área plantada de soja no Brasil, que deverá atingir 22,4 milhões de hectares, segundo a consultoria agrícola Céleres.

Essa expansão deverá ocorrer especialmente nas regiões Norte e Nordeste, com a liderança dos estados do Maranhão, Tocantins e Bahia, de acordo com o consultor da Céleres, Anderson Galvão.

Mesmo diante dessa expansão de área, a produção de soja nos principais estados produtores do Nordeste e do Norte (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí,

Pará e Tocantins), poderá não crescer em volume, de acordo com a mais recente estimativa divulgada, em julho, pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, poderá não crescer na próxima safra 2007-2008, uma vez que a previsão atual de – 11.459,6 mil toneladas – é ligeiramente inferior ao total obtido por esses estados na safra anterior, que atingiu 11.472,4 mil toneladas, segundo a mesma Conab.

A partir da análise desses números, a constatação é de que a expansão de fronteiras agrícolas precisa vir acompanhada de aumento de produtividade, com uso de tecnologia e assistência técnica , como observa Ywao Miyamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas – ABRASEM. Segundo a previsão da Conab, a produtividade, com exceção da Bahia e Tocantins, a produtividade poderá cair de forma significativa no Ceará (50,4%), no Piauí (19,2%), em Pernambuco (17,9%), no Pará (16,5%) e no Maranhão (1,3%).

Na avaliação de Miyamoto, o Norte e o Nordeste são regiões com enorme potencial para o cultivo de soja, milho e sorgo, mas é preciso que o agricultor utilize sementes certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que, ao mesmo tempo, adote as melhores tecnologias disponíveis e use adequadamente cada uma delas. “O Brasil dispõe hoje do triste exemplo do estado do Rio Grande do Sul, onde o sistema de produção de sementes legais foi totalmente arrasado pela ilegalidade e pela informalidade. Hoje, o Estado lidera a pior média de produtividade de soja no País, resultado da falta de estímulo à atividade de pesquisa & desenvolvimento”, informa.

Ganhos da soja transgênica

De acordo com a Céleres, em estudo divulgado no primeiro trimestre, se o Brasil tivesse adotado a soja transgênica na última década, em conjunto com os demais países precursores, os agricultores brasileiros de soja já teriam acumulado benefícios da ordem de US$ 4,6 bilhões. Como o plantio comercial da soja no Brasil só foi autorizado em 2003, houve uma perda nacional de US$ 3,1 bilhões entre o efetivamente realizado e o o ganho potencial no período 1996-2006.

Os ganhos obtidos com a adoção da soja transgênica pelos agricultores brasileiros – de US$ 1,5 bilhão – podem ser considerados expressivos mas estão aquém do que obtiveram os principais competidores brasileiros no mercado internacional, os Estados Unidos e Argentina. “Essa diferença teria sido de grande ajuda para o produtor de soja brasileiro, particularmente nos últimos dois anos, em que o setor viveu sua pior crise da história recente, além de beneficiar o Tesouro Nacional, que não necessitaria de um maior grau de intervenção na crise”, avalia Anderson Galvão.

Para o presidente da ABRASEM, o Brasil deve prosseguir firme na pesquisas de novas variedades, especialmente pela biotecnologia, com variedades transgênicas, e também no uso das demais tecnologias agrícolas disponíveis, um avanço “irreversível” para manter a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. “Com a redução do plantio da soja nos Estados Unidos, em função da expansão de produção do milho, o Brasil terá condições de liderar a produção mundial de soja”, acredita Miyamoto.

No tocante às exportações, a liderança brasileira poderá ocorrer já na próxima safra 2007-2008. A previsão atual do Departamento de Agricutura dos Estados Unidos (USDA) é de que os americanos embarcarão 29,39 milhões de toneladas, contra 29,69 milhões de toneladas dos brasileiros, de acordo com os dados atuais da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab.

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