Agricultura

Morango: quando o vermelho é sinal de lucro!

Junto com a batata e o tomate, o morango é uma das culturas mais exigentes em termos de cuidados e investimentos. De acordo com Élcio Espinassi, presidente da Associação dos Produtores de Morango de Atibaia, Jarinu e Região, o gasto mínimo para se começar uma boa lavoura de morango gira em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil. Entretanto, apesar do alto investimento inicial, a produção de morango pode ser uma boa alternativa para o produtor.

A rentabilidade é um fator que, para Espinassi, está ligado a elementos como: produção de mudas de qualidade, técnicas adequadas de manejo, bom preparo do solo, clima favorável e sorte.“Caso contrário é inviável”, afirma. De acordo com ele, com apenas 60 mil pés de morango, um produtor pode faturar de 3 a 4 mil reais no final do mês.

Outra vantagem que o morangueiro oferece é o rápido retorno financeiro. Em torno de 90 dias o lucro começa a aparecer. “Planta-se em março e no final de maio já estamos colhendo as primeiras caixinhas”, revela Espinassi. “Aqui na Fazenda Santa Isabel, Atibaia, SP, a estimativa de produção é de 1 quilo por pé”, declara.

O clima e o solo também são elementos fundamentais. Em relação ao clima pode-se dizer que “o morango se adapta melhor a climas amenos, com poucas chuvas e bastante frio”. O presidente da associação ainda diz que as temperaturas devem variar de 16 a 24º C. Já o solo deve ser bem analisado e preparado. “É necessário conter muita matéria orgânica e controlar a erosão”, alerta. As técnicas de plantio variam de região para região e, apesar de simples, requerem atenção. “Tem região em que se planta com quatro carreiras em canteiros de 1,10 metro. Em Atibaia, por exemplo, plantamos três carreiras em canteiros de 95 cm a 1 metro”, compara. O espaçamento entre um canteiro e outro, no caso da Fazenda Santa Isabel, é de 33 centímetros.

De gota em gota

Há dois tipos de sistemas utilizados na irrigação do morangueiro: por aspersão e por gotejamento. O método por aspersão é o mais arcaico. Através dele é possível molhar as mudas por cima. “Este sistema garante a diminuição do ataque dos ácaros e diminui quedas na produtividade”, conta o plantador de morango e assistente responsável pelo sistema de irrigação da fazenda, Daniel Ferreira. De acordo com ele, este método está sendo mais usado após o plantio para garantir a “pega” das mudas. “O solo resfria e a temperatura pode ser controlada com facilidade”, diz.

Todavia, o sistema por gotejamento, embora seja mais caro do que o convencional, garante maior lucratividade. “Este é o método mais usado ultimamente porque há uma escassez muito grande de água na região e traz uma economia de quase 90%”, explica Espinassi. Com tal sistema a incidência de doenças diminui. “Pois não molhando a folha do pé do morango, os fungos e bactérias não atacam com tanta freqüência como no sistema de aspersão”, explana.

Para “gotejar” é preciso ter um reservatório com bombas. “A água passa por um sistema de filtragem e é mandada para a lavoura por encanamentos. Depois para as mangueiras debaixo do solo e do plástico que protege as mudas”, detalha. Com o plástico bloqueia-se os raios solares e oferece uma temperatura amena ao morangueiro. A plastificação faz parte de um trato cultural que consiste na cobertura do solo. Após o plantio usa-se um plástico preto, que pode ser preso com arames ou bambus.

“Por gotejamento é possível misturar nutrientes na água”, diz Daniel Ferreira. Segundo ele, o adubo orgânico constitui-se de cloreto de potássio, sulfato de amônia e cálcio. Nutrientes como melaço de cana, farelos de arroz e de trigo também são utilizados. “Desta forma aumenta-se mais a qualidade e a produtividade”, afirma. De acordo com Ferreira, o tempo de irrigação dura de 20 a 35 minutos e deve ser realizada de 4 a 5 vezes ao dia. “Assim as camadas inferiores não secam”, avisa.

O período pós-plantio é uma fase de extrema importância. Além de se preocupar com uma boa irrigação, “é necessário cuidar do morangueiro para que não haja proliferação de ervas daninhas”, alerta Espinassi. De acordo com ele, o morango é um imã para pragas e doenças. “O surgimento de fungos e o ataque de insetos são constantes e prejudicam o bom desenvolvimento da cultura”, ressalta. O manejo do morango deve ser feito com cautela. O acompanhamento de um engenheiro agrônomo e uma mão de obra bem qualificada são armas que previnem prejuízos. As principais pragas e doenças que atacam as plantações de morango são a antracnose e a alternaria. Para prevenir e controlar estes invasores deve-se ou plantar mudas sadias. Em casos mais graves, o auxílio de um agrônomo é indispensável.

Através de um manejo e controle de pragas adequados, o produtor colherá bons frutos. O ciclo para a produção dos frutos do morango dura entre 60 e 90 dias. O início da colheita acontece no mês de maio e deve ser realizada quando o morango apresentar de 50 a 75% da superfície avermelhada. Normalmente os morangos são colhidos pela manhã. “Para o mercado interno, regiões próximas aos produtores, o morango tem que ser colhido bem vermelhinho porque o sabor é maior”, diz Espinassi. Já quando a venda destina-se a outros estados a colheita deve ser diferente. “Quando demora de 4 a 5 dias para chegar até o seu destino, o morango deve ser colhido ainda verdolengo”, pontua.

Na Fazenda Santa Isabel, após a colheita, os morangos são levados para barracas da propriedade. As barracas são feitas de caixinhas de leite. A parte laminada fica exposta ao sol para bloquear o calor. “Começa, então, o processo de seleção e embalagem”, conta Espinassi. Uma única caixa é composta por 4 embalagens. Em seguida, as caixas são colocadas no caminhão e destinadas a pontos de venda como, por exemplo, o CEASA. “Colhemos aproximadamente de 3 a 4 mil caixas por dia”, complementa.

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