Agricultura

Soja: sojicultores discutem os caminhos a seguir

Durante três dias, representantes de todos os segmentos ligados ao agronegócio da soja estiveram reunidos em Londrina, no quarto Congresso Brasileiro de Soja, para discutir os desafios que envolvem a cadeia produtiva. “Foi um momento para contextualizar a dimensão do agronegócio da soja brasileiro.

A riqueza do debate e a qualidade dos palestrantes permitiu traçar um panorama completo e rico em diversidade de abordagens. A lição maior é que não é momento de desanimar, há caminhos, rumos a serem tomados”, avalia Amélio Dall´Agnol, presidente da comissão organizadora do Congresso.

Na avaliação do vice-presidente, Francisco Kryzanowski, “o Congresso se firmou como um referencial tecnológico para a soja tropical”.

Os mais de 1100 participantes puderam discutir a fundo temas como a sustentabilidade da produção da soja na Amazônia, o impacto das mudanças climáticas no futuro da produção do grão, a transgenia, ferrugem asiática, mercado e comercialização.

Para agrônomo Vítor Raposo, o congresso “traduziu os principais temas para o produtor e as novidades que podem ser importantes enfrentar a crise que abala o agronegócio brasileiro”. Claudionir Carvalho destacou interatividade do público com os palestrantes do evento: “ o nível dos trabalhos apresentados nos pôsteres foi excelente, as palestras foram focadas nas principais preocupações do setor e, o mais interessante, o público pode participar das discussões”.

Biotecnologia trouxe receita extra de 27 bilhões de dólares para o agricultor

O agrônomo e presidente executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), Cristiano Simon, apresentou dados otimistas para agricultores e preocupantes para a indústria de produtos fitossanitários na palestra Impacto da biotecnologia no mercado de agroquímicos, durante o IV Congresso Brasileiro de Soja, que termina nesta quinta-feira em Londrina, Paraná. De acordo com Simon, existem no mundo atualmente 90 milhões de hectares plantados de organismos geneticamente modificados (OGM), um número 53 vezes maior em relação a 1996. Do total da área plantada, 60% é de soja, 28% de algodão e 14% de milho. Os OGM estão distribuídos em 21 países pelo mundo, sendo que a maioria em desenvolvimento como o Brasil.

Toda essa produção, de acordo com o presidente da ANDEF, gerou uma receita adicional líquida de US$ 27 bilhões para os agricultores nos últimos dez anos, sendo US$ 6,5 só no ano passado. Estes recursos vieram principalmente do incremento da produção e da redução dos custos primários, como a diminuição no consumo de óleo diesel e no preparo do solo. Para Simon, os benefícios dos OGM também são grandes em relação ao meio ambiente pela redução de operações de manuseio do solo e pela melhor conservação do solo, o que evita a erosão e o assoreamento de rios e mananciais. Além disso, o agrônomo destaca as vantagens que os organismos geneticamente modificados trazem para o pequeno agricultor, já que “90 dos produtores rurais que cultivam OGM estão em países em desenvolvimento e tem uma área entre 10 e 20 hectares”, acrescenta Simon.

Por outro lado, o crescimento da biotecnologia, para o presidente da ANDEF, vai provocar uma redução em 20% no uso de produtos fitossanitários, um mercado que no ano passado foi de US$ 4 bilhões só no Brasil. Para Cristiano, “os produtos fitossanitários vão coexistir com os OGM´s a médio e longo prazo, mas a indústria já vem perdendo. Só no ano passado, o agricultor que planta soja deixou de gastar US$ 231 milhões em agroquímicos”. Ele também afirma que “a indústria deve reverter essa situação com o aumento da área plantada, que, segundo cálculos do Ministério da Agricultura, deve crescer em 15 milhões de hectares sem a ocupação de áreas de preservação”. A criação de novas tecnologias também deve ser uma nova fonte de renda para a indústria de fitossanitários, conforme Simon.

Em relação ao futuro da biotecnologia no Brasil, o presidente da ANDEF mostra preocupação com a grande informalidade e burocracia brasileiras. Simon cita o caso dos 500 projetos de pesquisa que aguardam aprovação no CTN/Bio, comitê criado pela Lei de Biossegurança do ano passado, que regulamentou o uso, a produção e a comercialização de organismos geneticamente modificados no Brasil. Para o agrônomo, “a burocracia e inoperância de determinados setores do governo podem deixar o Brasil em desvantagem em relação a outros países emergentes, como a China e a Argentina”. De acordo com Simon, os OGM´s vão continuar crescendo no mundo todo, já que até a União Européia que não aceitava este tipo de produto autorizou a entrada, e o Brasil não pode deixar discussões políticas e ideológicas estarem a frente do desenvolvimento do país. A estimativa é que em 2010, a área de OGM´s cresça dos atuais 90 milhões de hectares para 150 milhões.

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