Agricultura

Plantio direto: cuidado com compactação do solo!

A ausência de revolvimento solo nas áreas cultivos salvo nas proximidades do sulco de plantio é tido pelos especialistas como um fator importantíssimo para a preservação da estrutura do solo. Pedro Luiz de Freitas, engenheiro agrônomo Ph.D. em ciências do solo do Centro Nacional de Pesquisa do Solo, CNPS, Embrapa define-se compactação do solo como uma alteração estrutural do solo que freqüentemente leva ao impedimento mecânico do crescimento de raízes e redução da capacidade de infiltração e movimentação de água no solo. Segundo ele, esses fatores estão ligados diretamente ao manejo químico, físico e biológico do solo. “O encrostamento das camadas superficiais do solo é causado por agentes climáticos (água das chuvas, sol e ventos) que se formam pela ausência de cobertura vegetal”.

Outro tipo de compactação bastante comum nas regiões de plantio de culturas anuais é a sub-superficial que também é conhecida como “pé-de-grade” e ocorre pela remoção do solo por forças externas. As principais causas são: máquina e implementos agrícolas que, na sua maioria, possuem, peso excessivo. Mas, tem a compactação causada pelo pisoteio de animais nas áreas de pastagem, muito comum a atividade pecuária. Esse tipo de compactação traz como principal conseqüência a redução do volume de poros na base do solo.

Freitas diz que uma pergunta muito comum dos agricultores para ele, nos encontros de plantio direto que participa é se a compactação do solo é ou não um problema para a implantação do SPD? Para isso o pesquisador já tem uma resposta na ponta da língua. “Uma vez que sabemos bem como manejar os solos tropicais. Por conhecer suas características e o seu comportamento em situação de cultivo. Adotando os princípios permitidos no SPD e sabendo distinguir os processos de adensamento e compactação dificilmente o agricultor terá algum tipo de problema”. Para concluir o pesquisador cita uma frase de uma dos precursores da técnica de plantio direto no Brasil, “Herbert Bartz”. ” Não existe mais argumentos hoje para arar ou preparar o solo, ao contrário, o problema maior é uma certa incapacidade mental para assimilar o sistema. Muito mais complicado é descompactar o cérebro”.

Situação atual é preocupante

A reconstrução nutricional do solo e tida pelos especialistas como o principal desafio que se apresenta para atual geração de agricultores. Dados da FAO, órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação mostra que, de toda a terra agricultável do planeta, cerca de 50% apresentam algum nível de degradação. No Brasil, somente com áreas de pastagem são mais de 100 mil hectares, apresentando algum problema de degradação. Cláudio Bianor Sverzut, superintendente do centro de tecnologia de solo da Unicamp, SP, observa que, dentro desse contexto desfavorável, a compactação é um, entre os muitos problemas que afetam os solos brasileiros. Segundo ele, a baixa capacidade dos solos brasileiros de reterem água e nutrientes por problemas de macro e micro porosidade é bastante sério. “Normalmente o agricultor só percebe o problema da compactação nas camadas superficiais do terreno. No entanto, muitas das vezes o problema maior está nos microporos que impedem a circulação desses agentes no interior das camadas compactadas”.

A incorporação de áreas com alto teor de areia para a produção agrícola nas últimas duas décadas, principalmente no cultivo da soja, agravou bastante o problema. Terras com características de baixa fertilidade natural e baixo teor de matéria orgânica, além estrutura física deficiente tem constituído o principal gargalo para a agricultura no centro oeste do Brasil, alerta Sandro Crespan, engenheiro agrônomo melhorista de solo no estado do Mato Grosso. O consultor fala que o maior desafio que se apresenta para o Plantio Direto cerrado é a baixa fertilidade do solo. “O que vai salvar PD no Mato Grosso é o milho usado em consórcio com gramíneas e milheto”. João Carlos de Souza e Maia, pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), concorda com a firmação do colega e diz que o manejo da fertilidade do solo e da nutrição das plantas passa por uma cobertura permanente do solo com espécies vegetais.

De acordo com o professor da UFMT, a preservação das condições ideais de solo utilizados em culturas anuais depende da observância de três aspectos. A recomendações técnicas mostram que antes de se realizar qualquer procedimento é importante reconhecer as condições do solo. Para isso, é indicado que se faça uma medição dos níveis de argila, da condição estrutural, umidade, matéria orgânica atividade biológica e o histórico de compactação do talhão. “Medidas de qualidade e saúde do solo são ferramentas de diagnósticos dos sistemas de uso e manejo. É importante considerar os atributos físicos, químicos, mineralógicos e biológicos para avaliar até que ponto o estrutura permite o crescimento de raízes das plantas, o fluxo de água nos macro e micro poros, além da capacidade do solo de servir de tampão ambiental na degradação de compostos ambientalmente prejudiciais”, conclui.

Uma preocupação constante dos agricultores é quanto ao uso crescente de adubos químicos nas áreas de semeadura e uma persistência na falta de melhora dos índices de produtividade das culturas. Esse problema tem sido freqüentemente atribuído à capacidade de infiltração de água e a morfologia do solo. O uso das plantas de cobertura em sistema de consórcio ou rotação de culturas aparece como uma tecnologia interessante para descompactação do solo.

Prática para reconstruir o solo

Uma vez instalado o problema a reconstrução das áreas degradadas ainda constitui um desafio para os engenheiros agrônomos e produtores rurais. No entanto, o diagnóstico nasce de uma analise das condições físicas do solo. “É necessário se fazer uma avaliação da resistência do solo para auferir o grau de capitação. Uma confusão muito comum no campo ocorre com a diferenciação do que é solo seco e solo compactado”, destaca o professor da UFMT.

Para tentar resolver esse problema, os pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso, desenvolveram alguns aparelhos para auxiliar agrônomos de campo e agricultores a fazer essas medições. O Penetrômetro e o Penetrógrafo de impacto são instrumentos desenvolvidos no campus da faculdade para auferir os níveis de agregação do solo. De acordo com o superintendente do centro de tecnologia de solo da Unicamp, as medições devem ser feitas dentro do talhão com distância de 20 metros entre as perfurações, em camadas de até 60 centímetros de profundidade. O equipamento que pode ser mecânico ou elétrico tem funcionamento simples.

As medições os valores considerados dentro do ideal para a prática agrícola 25 quilos por centímetro quadrado. Já a umidade deve girar entre 25% e 30%. “Valores acima disso podem ser prejudiciais para a penetração das raízes”, conclui. O pesquisador observa que o Escarificador e o Subsolador são instrumentos já utilizados no campo e que fazem essas medições de umidade e camadas compactadas do solo.

Além disso, algumas práticas biológicas utilizando culturas favoráveis para aliviação do processo de degradação estrutural têm sido usadas com sucesso. Esse recurso proporciona a formação de agregados naturais estáveis para a superfície do solo. A manutenção das funções biológicas, incluindo a liberação e nutrientes e armazenamento de carbono atestam a importância da matéria orgânica sobre o solo.

ATENÇÃO! COLOCAR FOTOS PENETRÔNOMO E PENETRÓGRAFO JUNTAS, UNIDAS POR UM QUADRADO DE COR MARROM E A SEGUINTE LEGENDA COMUM:

Penetrômetro e Penetrógrafo ajudam a aferir os níveis de agregação do solo.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *