Agricultura

Herbicidas – uso correto é fundamental

As particularidades são tantas que, em muitos casos, os agrônomos orientam os agricultores a realizar um manejo planejado de acordo com as necessidades específicas da sua propriedade. Segundo Cláudio M. Peixoto, gerente de produtos e Marketing da Pionner, cada vez mais tem ficado evidente a interferência do ambiente na persistência de herbicidas no solo.

O fato de haver uma crescente abertura de novas áreas se incorporando ao processo produtivo, regiões que até pouco tempo, eram consideradas marginais por apresentarem baixos teores de argila, chegando, em alguns casos, a valores abaixo de 15%, hoje, são exemplos claros de áreas agricultáveis. O estado da Bahia, a região norte de Goiás, o Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, o Pará, vem apresentando melhoras crescentes em níveis de produtividade. “Estes solos requerem grandes cuidados no seu manejo, para que não coloquem em risco as culturas ali instaladas”, observa o técnico.

Outro efeito provocado pelo ambiente que favorece os sintomas de fitotoxidade no milho é a falta de chuvas que pode ocorrer nas lavouras de verão. A água é um dos principais responsáveis pela degradação dos herbicidas, sendo este um dos principais fatores de problemas ocorridos em milho de safrinha, aponta o técnico. Além desse, outros fatores que também interferem na pré-disposição do milho ao residual de herbicida. A atividade do solo, a sua textura, quantidade de precipitação ou irrigação, teor de matéria orgânica do solo, pH do solo, temperatura após aplicação do produto, o tempo de espera (da aplicação até a instalação do milho), entre outros.

“Muitas vezes por não respeitar muitos desses aspectos, o produtor pode colocar a sua cultura em risco, podendo ainda, e isso é muito comum, ficar confuso com relação aos sintomas apresentados pela planta, que passam desapercebidos. Esses por sua vez sendo descobertos somente no momento da colheita, afetam bastante a produtividade por área e consequentemente da produção”.

Quanto aos herbicidas utilizados em culturas antecessoras, verifica- se que algumas características são mais marcantes no favorecimento de problemas de fitotoxidade no milho. Entre elas se destacam, a degradação do herbicida, dosagem utilizada do produto e o princípio ativo. “Os híbridos de milho apresentam diferentes comportamentos perante à presença de residual de herbicidas não seletivos”, explica o gerente de produtos. Os sintomas, segundo ele, são bem variados, mas podem ser divididos em dois grupos principais: aqueles que ocorrem na fase inicial e são percebidos ou visíveis e aqueles sintomas que ocorrem nas fases finais da cultura e que não foram percebidos, chamados de fitotoxidade oculta. “A fitotoxidade oculta ainda divide as opiniões entre os pesquisadores, mas hoje já é bem mais aceita do que no passado, principalmente em decorrência dos novos produtos que foram sendo introduzidos no mercado” observa.

Os sintomas mais comuns da fitotoxidade visível são: A redução de população de plantas por área; A desuniformidade da planta na fase inicial de crescimento; o aparecimento de tombamentos e quebramentos e facilidade para a entrada de doenças. “Sem dúvida nenhuma, dissecações feitas com produtos à base de 2,4D sem respeitar adequadamente as indicações de uso para esse fim, têm sido uma das principais causas de fitotoxidade, principalmente nas fase inicial da cultura, apresentando desuniformidade na formação das plantas”.

As principais características de herbicida à base de 2,4D são: É absorvido por argila, matéria orgânica, mas é lixiviado em solos arenosos; É degradado por bactérias e actinomicetos; Volatilização baixa quando na forma de Sais de Amida e alta na forma de éster; Baixa perda por foto decomposição; “Na dosagem recomendada, em solos argilosos e clima quente, o produto é degradado em quatro semanas. Em solos arenosos e frios, gasta-se mais tempo para decomposição”, observa Peixoto.

Um outro aspecto que deve ser observado é que na ocorrência de grandes precipitações, logo após o plantio do milho, principalmente em solos com pouca cobertura, a chuva provoca uma erosão laminar do solo, mesmo em plantio direto, fazendo com que haja uma maior concentração do produto na linha de plantio, aumentando demasiadamente a concentração do herbicida em contato com o milho na sua fase inicial. O técnico explica que algumas medidas podem ser tomadas para se evitar essas situações. Entre elas, esperar um prazo em torno de 5 dias, sendo necessário que ocorra alguma precipitação neste intervalo. O ideal seria uma precipitação de 60 mm; Evitar usar doses cheias do 2,4D; Evitar o uso deste produto em solos arenosos; Procurar estudar junto ao agrônomo ou consultor o pós manejo de herbicidas. ” Todas essas medidas devem ser tomadas com suporte técnico de um agrônomo, consultor ou orientação da empresa fornecedora do herbicida”, conclui.

Vários produtores optam em não fazer safrinha ou, até mesmo, optam por não plantar milho como cultura sucessora. Porém, no desenrolar do mercado, o preço torna-se atrativo, o produtor torna-se propenso a plantar milho e aí começam os problemas. Estes, normalmente, são decorrentes da falta de planejamento. Para que isso não ocorra, deve-se sempre utilizar produtos de baixo residual, independente da cultura sucessora. Já quando se trata de áreas irrigadas ou mesmo regiões de safrinha, este cuidado deve ser constante.

Ao planejar sua lavoura e o seu sistema de plantio, converse com seu agrônomo e exponha o que pretende fazer. Com base nisso, com certeza uma das orientações que serão dadas será a de optar por produtos de menor persistência no solo. Outro procedimento obrigatório é seguir, corretamente, o que está escrito no manual do produto, levando sempre em consideração os aspectos ambientais. “Apesar de estar escrito no seu registro junto ao ministério da agricultura, as observações dos produtos, às vezes, passam despercebidas, ocasionando grandes transtornos aos produtores e consequentes prejuízos à lavoura”.

Hoje, no Brasil, existem alguns laboratórios que podem realizar análises de solo para fins de detecção de resíduos. Para isso, basta se informar junto a uma cooperativa local ou junto ao seu agrônomo sobre como proceder. Na prática é simples, basta encaminhar uma amostra de solo para esse laboratório com a finalidade de identificar níveis existentes de herbicidas que possam ser tóxicos para a cultura a ser implantada. No caso de dúvida sobre a existência ou não de residual, pode se optar pela utilização de um teste biológico, que nada mais é do que simular no campo uma possível situação que a lavoura sucessora irá passar.

Detectar resíduos de herbicidas da cultura anterior no milho, usando diferentes híbridos ou culturas indicadoras, consiste em um teste bastante eficiente de controle, aponta André Aguirre Ramos, coordenador técnico da Pionner para região central do país. Ele diz ainda que para realizar, o produtor precisa semear uma quantidade conhecida de sementes do híbrido que se pretende plantar, juntamente com uma cultura indicadora o mais rápido possível na área suspeita, chegando mesmo a se cultivar ainda quando a cultura anterior não foi retirada da área (colhida). Irrigar, se estiver seco e também plantar num solo vizinho, que não recebeu a aplicação do herbicida na cultura antecessora, para que sirva como testemunha. “É importante que esse solo tenha características físicas e químicas semelhantes e que a cultura indicadora seja aquela que tenha uma maior sensibilidade ao herbicida residual, na grande maioria dos casos o sorgo se apresenta com esta característica, porém existem outras culturas indicadoras mais sensíveis de acordo com o herbicida estudado” observa.

A cultura indicadora deve ser semeada também para que se possa identificar uma possível fito oculta no milho(mais tolerante) já nas fases iniciais do sorgo. Após isso, deve ser feita uma avaliação logo após a emergência e uma semana após, avaliando o milho e o sorgo, tanto na área onde recebeu a aplicação do herbicida suspeito e na área testemunha. Na avaliação deve-se comparar o número de plantas, plantas normais e a aparência delas (desenvolvimento das plantas, aspecto das folhas e raízes, etc). Caso nada de anormal tenha sido detectado, ou não detectando nenhuma diferença entre o milho e o sorgo nas diferentes áreas, isso significa que a área terá grandes chances de não apresentar fito imediata e oculta no milho.

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