Negócios

Dedo de prosa: frigoríficos têm que pagar pela rastreabilidade total

Rural – Como fica, a partir de setembro, o mercado de carne para exportação?

José Almeida Sampaio Filho – A partir deste mês, de acordo com a nova regulamentação do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) estabelecida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), será obrigatória a rastreabilidade total para toda a carne destinada à exportação.

Rural – O que muda afinal em relação ao modelo anterior?

Sampaio Filho – Em linhans gerais, a determinação acaba definitivamente com a rastreabilidade parcial, caracterizada pelo acompanhamento do animal somente a partir da sua entrada no frigorífico. Com a nova medida, porém, a rastreabilidade tem que ser feita desde o nascimento do bezerro até o momento em que a carne é processada, levada ao posto de venda e colocada na mesa do consumidor.

Rural – De quem será a responsabilidade pela rastreabilidade do lado de dentro da porteira?

Sampaio Filho – Estão querendo passar o custo desta conta para o pecuarista, e é aí que está o problema. O produtor não é agente direto na exportação do produto final. Deste modo, vamos defender a iniciativa pela qual os frigoríficos é que devem ser os responsáveis pelas despesas relativas a rastreabilidade total. O pecuarista não trata diretamente da exportação e portanto não deve arcar com este custo.

Rural – Qual será o papel da Sociedade Rural Brasileira na defesa desta questão?

Sampaio Filho – A Sociedade Rural Brasileira é a mais representativa e independente organização de apoio e defesa do setor rural. Ao longo de sua trajetória de mais de oitenta anos, a entidade conquistou enorme prestígio e credibilidade junto ao segmento agropecuário, governo, opinião pública e mídia, ao aglutinar forças e atuar de modo contundente, coerente e abalizado a favor dos interesses do campo. Em seu papel permanente de interlocutor de alto nível para as autoridades governamentais, mercados e opinião pública, a SRB tem como principal e mais nobre objetivo lutar pelo bem estar do produtor rural e do cidadão brasileiro em geral.

Rural – De forma concreta, como a SRB pode ajudar?

Sampaio Filho – O painel de ações da Sociedade Rural Brasileira capitaliza esforços pelo contínuo lançamento de discussões que acabem por introduzir políticas eficazes para o implemento da produção agrícola e pastoril, bem como para intensificar melhorias na renda do campo por intermédio de um maior abastecimento de produtos agropecuários, utilização da tecnologia e elevação da produtividade, e para o uso responsável dos recursos naturais e da preservação do meio ambiente.

Rural – Existem hoje outras frentes defendidas pela Sociedade Rural Brasileira?

Sampaio Filho – A SRB engaja-se também no combate pela redução dos custos de produção, diminuição da carga tributária, oferecimento de crédito fácil e barato e ainda o respeito à propriedade e ao Estado de Direito.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *