Pecuária

Clostridioses – inimiga “número um” do rebanho

De acordo com o técnico da Merial, José Carlos Morgado, as clostridioses mais comuns nos bovinos confinados são o botulismo e a enterotoxemia.

Os bovinos, porém, podem ser afetados por outros tipos de clostridioses, como carbúnculo sintomático (manqueira), gangrena gasosa (edema maligno), tétano, hemoglobinúria bacilar e morte súbita por clostrídeos.

O botulismo é uma intoxicação causada por toxinas produzidas por um bacilo (Clostridium botulinum) encontrado no solo, na água e no trato digestivo de animais, sem causar qualquer problema na forma esporulada. Porém, quando encontra condições ideais de multiplicação, passa para a forma vegetativa e produz toxinas que causam o botulismo se forem ingeridas.

Morgado explica que a doença afeta o sistema nervoso do animal, que fica com o andar cambaleante, evoluindo para a paralisia dos músculos da locomoção, mastigação e deglutição; normalmente os animais atingidos morrem por paralisia respiratória.

Para evitar esta clostridiose, o técnico indica, além da vacinação dos animais contra o botulismo, alguns cuidados no manejo, tais como: queimar ossos e carcaças dos animais mortos e enterrar os restos; controlar a qualidade da água e dos alimentos fornecidos; realizar a mineralização adequada do rebanho, de forma a garantir a quantidade necessária de fósforo. “É preciso ficar atento aos animais que tenham o hábito de roer ossos ou comer restos de outros animais mortos: pode ser sinal de que está faltando fósforo nesse rebanho, aumentando o risco de ingestão de toxinas”, adverte.

Deve-se, ainda, evitar o uso de camas de frango oriundas de granjas que não fazem a limpeza das carcaças das aves mortas do criatório e proteger os silos e a ração animal, de forma a evitar a entrada de roedores. “A presença de roedores mortos pode permitir a multiplicação dos clostrídeos e, conseqüentemente, a formação de toxinas do botulismo”, avisa o técnico. Já as enterotoxemias, são clostridioses quase sempre fatais, de evolução rápida, com sinais gerais graves, normalmente seguidos de sintomas nervosos. Acometem tanto bezerros como animais adultos. Nos animais afetados, podemos observar andar cambaleante, diarreia, prostração, convulsões e alta mortalidade.

As bactérias responsáveis pelas enterotoxemias (Clostridum perfringens e Clostridium sordellii) vivem normalmente na flora digestiva dos animais sadios e acredita-se que elas se multipliquem de forma descontrolada quando há um fator de desequilíbrio na digestão dos bovinos. Entre os fatores que facilitam a proliferação destas bactérias estão mudanças nos hábitos alimentares, alimentação pobre em fibras, ração rica em proteína e carboidratos, que facilitam a fermentação, ou insuficiência hepática. “Daí a importância de se evitar mudanças bruscas na alimentação dos animais e fornecer uma alimentação balanceada”, alerta o técnico. Segundo Morgado, a escolha de uma vacina de boa qualidade é o primeiro passo para o controle das clostridioses e deve ser feita com base na titulação em laboratório dos diferentes clostrídeos que entram na sua composição. Além disso, a eficácia destas vacinas deve ser comprovada no campo em regiões com mortalidade elevada por clostridioses. A Merial dispõe de vacinas polivalentes contra os diversos tipos de clostridioses, além de uma vacina específica contra o botulismo.

O programa de vacinação da Merial recomenda o uso das vacinas polivalentes, Sintoxan Polivalente, Sintoxan Polivalente T e Sintoxan 9TH, para a prevenção das enterotoxemias e de outras clostridioses, A Sintoxan Polivalente T pode também ser usada na prevenção do tétano em bovinos que vão ser castrados. A Sintoxan 9TH protege ainda contra a hemoglobinúria bacilar, além do tétano. As vacinas polivalentes da Merial devem ser aplicadas em animais entre dois e quatro meses de idade, com a segunda dose em intervalo de quatro semanas, e revacinação do rebanho uma vez ao ano, em dose única.

Já a Linovac, é utilizada apenas contra o botulismo e deve ser ministrada em animais a partir de um ano de idade, com aplicação da segunda dose em intervalo de quatro a sete semanas, e revacinação do rebanho uma vez ao ano, em dose única.

No caso de bovinos em programa de confinamento, que já foram vacinados contra clostridioses, Morgado observa que é necessário aplicar, em dose única, duas a quatro semanas antes do confinamento, a vacina polivalente contra clostridioses e a de botulismo. Já os animais que nunca foram vacinados, devem receber a vacina polivalente contra clostridioses e a de botulismo, seis a oito semanas antes do confinamento, com uma dose de reforço duas a quatro semanas antes de começar o confinamento.

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