Negócios

Implementos vivem bom momento de mercado

Mesmo estes eventos acontecendo em períodos não favoráveis as vendas aconteceram em volume bem expressivo. “E se não houverem mudanças na política de financiamentos do Governo teremos muitos anos promissores pela frente”, ressalta Nishimura.

Conforme ele, o parque fabril deste setor está fortemente dividido entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, que disputam o mercado interno e externo. E têm uma evolução tecnológica bastante avançada, equiparada muitas vezes, a produtos internacionais.

“É uma evolução bastante rápida, que sempre está buscando novidades tanto aqui, como no exterior”, afirma. Neste sentido ele cita a questão de itens eletrônicos de controle de vazão da sementes ou mesmo os sistemas de GPS.

Trabalhando há mais de 20 anos no grupo de pesquisadores do prêmio Melhores da Terra, instituído pelo Grupo Gerdau, o professor do departamento de Solos da UFRGS, Luiz Fernando Coelho de Souza, concorda com Nishimura na questão de evolução dos equipamentos agrícolas. “Até porque, houve também uma evolução no sistema de plantio, a partir da introdução do Plantio Direto em 1977, e que hoje ocupa milhões de hectares em todo o país”, ressalta. Coelho lembra que antes do novo sistema, o que existia era o chamado plantio convencional, (ainda usado hoje em algumas áreas). E, para isto a indústria fabricava os arados, as grades, os subsoladores e os escarificadores. As plantadeiras eram mais simples que hoje.

O professor diz que a partir do plantio direto os fabricantes de implementos precisaram mudar seus conceitos principalmente para quem produzia plantadeiras/adubadora. Estes equipamentos passaram a contar com uma plataforma de corte para poder romper a palha deixada no terreno. “Ao mesmo tempo em que pesquisavam formas de aprimorar as regulagens e o sistema de plantio para obterem maior precisão e menor desperdício da semente”, acrescenta. Conforme Coelho, este hoje é ainda o principal foco da indústria, uma vez que novas tecnologias como, eletrônica embarcada, por exemplo, é uma realidade no exterior, mas que vai demorar um pouco para ser introduzida em larga escala na agricultura brasileira. “Muito mais porque ela representa aumento de custo no equipamento e este, ainda é um fator que inibe a maioria”, conclui.

Pioneiro

Falando com o respaldo de quem foi o pioneiro neste processo de desenvolvimento de equipamentos para plantio direto, o gerente de vendas da Semeato Indústria e Comércio, de Passo Fundo, RS, Everton Corrêa, diz que a mola propulsora para este novo processo foi justamente a necessidade de produtores rurais da região, que iniciaram o plantio direto nas suas propriedades, sem equipamentos adequados. E isto, foi necessário ser desenvolvido. A Semeato foi trabalhar em conjunto com estes produtores a fim de resolver o problema.

Conforme explica Corrêa, o plantio convencional é “mais fácil” porque o solo já está preparado, e a plantadeira não necessita fazer nenhum esforço. Já no plantio direto é preciso ter o sistema que corta o solo, antes do sistema de plantio propriamente dito. “E isto forçou a que mudássemos toda a estrutura física do implemento, pois ele tinha que ser mais robusto em determinadas partes”, lembra o gerente da empresa. Com o processo de erro e acerto, a Semeato foi descobrindo o equipamento certo e, com isto, revolucionou todo o parque fabril brasileiro, na medida em que o plantio direto se espalhava pelo país. “Todas as empresas precisaram desenvolver produtos para este sistema e este pode ser chamado de o divisor de águas para a indústria de implemento”, ressalta, acrescentando que depois de descoberto a fórmula, o resto é aperfeiçoamento.

A busca deste aperfeiçoamento é hoje o foco da maioria das empresas. E isto tem sido feito normalmente em conjunto com o produtor. Segundo a maioria dos fabricantes, mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico possível, o que ainda predomina é o desejo por uma máquina que tenha um sistema de corte eficiente, que propicie a eficiência de corte e de profundidade adequada (elemento que é regulável), e a distribuição de semente e adubo no volume certo, no caso, quantidade e uniformidade. Na opinião do diretor presidente da Jumil, empresa paulista, Rubens de Morais, isto pode ser resumido em pequenas tecnologias que permitam a melhoria da produtividade e, por conseqüência, renda ao produtor. Segundo ele, está existindo hoje, uma divisão de mercado para todos os segmentos de equipamentos, desde o mais sofisticado até o mais simples, “mas isto ainda é uma pirâmide que vai demorar para mudar de forma”, acredita.

Esta base da pirâmide ainda compra muito, plantadeiras com oito ou nove linhas, mas, segundo o assistente de marketing da Stara Sfill, de Não Me Toque, RS, Marcos Van Den Mosselaar, está havendo uma tendência de mudança para plantadeiras um pouco maiores, a partir de 10 linhas. “Há produtores que compram com até 20 ou mais linhas, mas estes são os que plantam muitos hectares, trabalham em larga escala e precisam, realmente de equipamentos grandes”, assinala.

Comparativo

Dentro do tema discutido, muito se falou sobre a introdução de novas tecnologias. A maioria dos entrevistados pela Rural, foi unânime em falar que somente os grandes produtores estão buscando implementos com o que há de mais novo neste sentido, porque acompanham as feiras no exterior. Mas há uma coisa que todos querem. Equipamentos multifuncionais, que possam fazer plantio de verão e inverno, com a mesma eficiência.

Traçando um comparativo com o que existe no mercado externo e no Brasil, o diretor de marketing e vendas da Amazone do Brasil, subsidiária brasileira da Amazone Werke, empresa alemã com mais de 100 anos neste setor, Seno Dreyer, diz que na Europa já é um conceito do dia a dia, produtos que facilitem a vida do produtor. Por isto, os sistemas de plantio com GPS, fazem parte normalmente dos implementos. Assim como sensores eletrônicos para controle de semente, barras de luz que controlam a precisão do plantio. “Existe ainda as plantadeiras combinadas que fazem todo o serviço em uma só vez e o leitor de clorofila para colocar o fertilizante de acordo com a necessidade da planta”, assinala, acrescentando que hoje, a empresa, através de uma joint venture com a Stara Sfill, tem introduzido algum destes produtos no mercado brasileiro, “com boa aceitação”, conclui.

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