Agricultura

Controle biológico – livre das pragas naturalmente!

Os métodos de controle utilizados no controle de doenças de plantas vêm sendo aperfeiçoados com objetivo de assegurar o uso correto e racional de produtos químicos, ao mesmo tempo, preservar a rentabilidade da atividade ao agricultor e diminuir os riscos que o uso constante de pesticidas tem para a saúde humana e para o meio ambiente.

Por outro, há uma demanda crescente de consumidores por alimentos que utilizem métodos alternativos no controle de doenças. Neste sentido, o controle biológico se constitui em demanda atual e de alta importância para viabilizar a substituição do controle químico.

Sabe-se que as maiores oportunidades para viabilizar o controle biológico encontram-se em situações que permitam e/ou assegurem o estabelecimento dos antagônicos. Estas condições ocorrem nos casos de doenças causadas por patógenos que colonizam o substrato para produção de mudas; daquelas que a infecção se inicia pelas raízes das mudas nas que há penetração por ferimentos naturais ou nos provocados por manejo das plantas.

Condições favoráveis para o controle biológico são também aquelas que ocorrem em ambiente controlado onde é facilitada a instalação dos antagonistas no sítio alvo. Neste grupo se incluem as doenças que afetam vegetais produzidos em casa-de-vegetação e as que ocorrem durante armazenagem desses produtos.

Nas fruteiras temperadas os primeiros avanços na pesquisa e desenvolvimento do biocontrole de fitopatógenos foram feitos na Europa e Estados Unidos. Os trabalhos pioneiros foram feitos utilizando a estratégia de pré-inoculação de mudas com uma estirpe não patogênica de Agrobacterium tumefasciens para o controle de galha da coroa do pessegueiro e a seleção de isolados de uma estirpe de Bacillus subtilis para o controle da podridão parda de pêssegos.

Posteriormente, têm sido relatados trabalhos bem sucedidos de biocontrole de patógenos que iniciam a penetração por ferimentos de poda e o de organismos que colonizam ferimentos de frutos em pós-colheita, de podridões de raízes causadas por Phytophthora spp e por outros patógenos como Roselinia necatrix e daqueles que atacam flores e frutinhos tais como Erwinia amylovora em pomáceas, Monilina spp em persegueiros e Botrytis cinerea principalmente em videiras, morangueiros e outras pequenas frutas.

Inicialmente, os organismos utilizados no biocontrole de doenças de fruteiras temperadas incluíram bactérias que possuíam atividade antibiótica destacada. Os trabalhos posteriores deram ênfase a esífitas com destaque para as leveduras. Na procura de opções para o controle biológico de Brytis cinerea e de fungos do solo, porém, foi mais estudado o potencial para o biocontrole de isolados de Trichoderma. O grande investimento feito no mundo todo no biocontrole de fitopatógenos não se tem refletido ainda no seu uso maciço na agricultura. Porém, já há disponíveis no mercado um grupo de biofungicidas para o uso em fruteiras temperadas.

Considera-se que a demora na disponibilidade de maior número de produtos eficazes e a baixa adoção deste tipo de tecnologia tem sido causada por fatores como o estímulo ao patenteamento de isolados não modificados geneticamente; a perspectiva de uso e distribuição de produtos para o biocontrole de doenças com igual abordagem que a dada para os fungicidas químicos e, a falta de competitividade de alguns dos produtos obtidos até o presente com as alternativas disponíveis para a proteção química.

No Brasil, os primeiros trabalhos de controle biológico de fitopatógenos de fruteiras temperadas foram feitos para se obter o controle de podridões de pêssegos por M. fructícola em pós-colheita. Os isolados antagônicos foram avaliados in vitro e em frutos tratados preventivamente com isolados de B. subtilis e controlaram de forma eficiente a doença. O biocontrole da podridão parda foi recentemente estudada avaliando-se tratamentos com antagonistas selecionados da flora epífita de frutos obtendo-se controle parcial sob condições de alta pressão de doença.

Outros trabalhos foram feitos na macieira e visaram integrar o controle biológico no manejo integrado das doenças e aproveitar aquelas situações que se apresentavam como oportunidades para o sucesso de antagonistas. As pesquisas desenvolvidas nesta cultura são listadas a seguir:

– A obtenção de isolados de Trichoderma viride para evitar a recolonização por Phytophthora cactorum, do solo de replantio de macieiras, parcialmente esterilizado com doses baixas de folmaldeido. Este trabalho visou substituir o uso de brometo de metila replantio de macieiras em solo onde tinha havido morte de plantas causadas pelo ataque de Phytophtora cactorum.
– A seleção de antagonistas para prevenir a colonização de ferimentos de poda por Botrysphaeria dothidea.
– A obtenção de antagonistas para o controle de Penicillium expansum, Bretytis cinerea, Altenaria alternata, Glomerella cingulata e de Pezicula malicorticis, principais patógenos que infectam maçãs durante o período pós colheita.
– O biocontrole de Rosellinia necatrix pela proteção das raízes de mudas de maieiras e no solo de replantio com Pantoea agglomerans e com Trichoderma viride, respectivamente.

O controle biológico de doenças do morangueiro foi estudado no Sul do Brasil demonstrando-se a viabilidade do controle de Botrytis cinerea com Glioclandium roseum em morangueiros cultivados em estufas e a eficácia de estirpes de Trichoderma para o controle de Rhizoctonia solani.

Na videira estudos de biocontrole foram conduzidos visando reduzir as perdas causadas por Botrytis cinerea com isolados epífitas e com isolados de Trichoderma e avaliaram-se colonizadores endofíticos desta cultura para proteção de mudas com o objetivo de reduzir as perdas causadas pela fusariose.

O uso prático das tecnologias citadas ainda está sendo estudado no Brasil e a sua adoção dependerá principalmente da obtenção de formulações adequadas para a produção em larga escala e da adequação dos processos para o registro oficial no país de produtos para uso no biocontrole de doenças.

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