Pecuária

Cavalo Pampa – “a vingança do patinho feio”

Antes descartados dos plantéis de cavalos de seleção, animais com pelagem pampa ganham status e a preferência de um grande público consumidor, formado principalmente por usuários de fim-de-semana.

Discriminados por anos, em criatórios de diversas raças, os animais de pelagem pampa acabaram se transformando ao longo de décadas em descarte de grandes plantéis. Muitos não os queriam pelo baixo valor comercial à época e por onerar os custos das fazendas. Entretanto, alguns poucos criadores, por paixão, por teimosia ou até mesmo por uma questão de visão de futuro mantiveram esses animais em suas propriedades e passaram a realizar um silencioso trabalho de seleção.

O boom experimentado pela raça hoje se deve graças ao trabalho de aprimoramento através do cruzamento direcionado realizados na fazenda Campo Grande. A partir dos seus ideais, O Pampa ganhou status de raça. Outrora, alguns poucos haras e fazendas, também tiveram essa mesma preocupação.

Com a fundação da ABCPampa em 2 de agosto de 1993, nascia ali o interesse por um novo tipo de cavalo. O Pampa saiu do anonimato de alguns restritos criatórios para se transformar em uma novidade no mercado de eqüinos, aparado por estatutos, por registros, enfim por uma entidade que passou a tratar esses criadores não pelo número de inscrição de sócio, e sim, como seres humanos imbuídos de um mesmo propósito: a seleção de uma nova raça.

Se comparada às outras associações de equinos, a ABCPampa pode ser considerada uma entidade modesta. Na sua sede, por exemplo, não cabem mais do que três pessoas, além das duas funcionárias e o técnico do Serviço de Registro Genealógico. Mas, ela alimenta o sonho de crescer e acompanha uma expansão baseada nos números que tem registrado. São cerca de 450 associados e 2.500 animais com registro.

Por se tratar de uma raça em início de formação é natural que seu mercado, regido pela lei da oferta e procura, sinalize para um número maior de compradores do que vencedores para animais acima da média. Isso cria uma perspectiva melhor de preço para os produtos da raça, tendo em vista que muitos criadores pensam hoje em um bom reprodutor e um bom lote de matrizes como um investimento futuro.

A condição de raça em início de formação, de novidade, atrai também novos associados. Daí, a grande valorização dos animais de elite, ou seja, aqueles que incorporam morfologia condizente, caracterização racial, aspectos zootérmicos controlados, andamento e outros. Fato é que oferta de animais ainda é escassa, mesmo impulsionada pela tecnologia genética que hoje permite, por exemplo, a transferência de embriões.

A permanência do livro de registro em aberto para fêmeas é outro aspecto que ainda favorece o crescimento do Pampa. Isso significa que animais sem procedência de pai e mãe, mas em conformidade com o padrão racial, ainda podem ser registrados. Esse fato propicia e o ingresso de animais que antes eram discriminados, bem como seus descendentes.

A aceitação por parte da ABCPampa de diversos tipos de andamento, quebra qualquer tipo de preconceito existente entre criadores e, a partir dessa abertura, inspirada no padrão do Paso fino AMericano, amplia os horizontes para o fomento da raça em todo o país. Todos esses fatores têm propiciado ao Pampa valores de mercado que variam de R$ 1 mil a mais de R$ 50 mil, atendendo ao pequenos, médios e grandes criadores, ou mesmo aquele sitiante que deseja apenas um cavalo para lazer dele ou do filho nos finais de semana. O produto mais valorizado de que se tem noticia na raça até hoje é Caxambu Ouro Preto da Ginga vendido por R4 52 mil, mas existem animais de pelagem pampa, não registrados na Associação, que têm encontrado preços acima, como Mutreta da Orgar que valeu R$ 70 mil.

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