Tecnologia

Genética – e a tecnologia cria a “biofábrica”

Desenvolvimento de animais geneticamente modificados promete mudar o futuro da criação, e segundo seus defensores, não deve encontrar a mesma resistência verificada pelas plantas transgênicas. O assunto, porém, ainda gera polêmica, em ambos os casos;

Qual a diferença entre uma planta geneticamente modificada e um animal que sofreu o mesmo processo? A primeira vista não existe qualquer diferença. Mas em uma análise um pouco mais acurada dos objetos de cada, um descobre-se que sim. A planta geneticamente modificada foi criada para conter em seus gens o anticorpo que combate diretamente os maus que lhe atacam. Assim, uma lagarta ao comer a folha da soja pode morrer por encontrar um elemento que, para ela, é tóxico. Isto, segundo os defensores desta tecnologia, evita que se façam aplicações de diversos defensivos agrícolas, diminuindo os danos ao homem e ao meio ambiente.

Os animais geneticamente modificado têm um objetivo diferente e são chamados entre os meios técnicos de biofábricas. Segundo o pesquisador da Embrapa Tecnologia, Elibio Rech, estes animais terão a capacidade de produzir proteínas ou antígenos com interesse farmacêutico e industrial. Isto possibilita a fabricação de medicamentos através de componentes naturais o que diminuiria bastante o custo de fabricação, explica Rech.

Ele acrescenta que as primeiras proteínas para estes fins estão sendo produzidas. O nascimento do primeiro animal clonado do Brasil, a Vitória, permitiu a introdução em seu leite, de proteínas que vão produzir um anticorpo usado no combate ao câncer e a antitripsina tratamento em potencial para a fibrose cística. O pesquisador explica que as pessoas não beberão o leite. Ele apenas servirá de veículo para a produção destes elementos que são extraídos e depois processados, afirma.

Rech acrescenta que o uso de plantas como biofábricas ou biorreatores já é relativamente comum, O mesmo não se pode dizer de animais. Um dos exemplos mais conhecidos é a ovelha Dolly. O laboratório que criou desenvolveu uma ovelha geneticamente modificada para obter, no leite, uma das proteínas que a Embrapa produz com a Vitória. Nós já dominamos a tecnologia. Agora teremos que ver como ampliar o nascimento de animais com este perfil, diz.

Se o objetivo principal da criação de animais transgênicos é a produção de elementos que podem auxiliar na cura de doenças, será que a sociedade vai ter a mesma reação que teve contra os elementos transgênicos? O pesquisador da Embrapa acredita que não. Segundo a percepção pública é mais favorável porque não existe o temor que o gene introduzido no animal se propague para outras espécies.

Com plantas sempre existe o risco do pólen de uma espécie transgênica, fecundar um parente selvagem, comenta. Para ele um fato positivo é que FDA, a agência americana que regula a produção de alimentos e medicamentos, tem uma visão favorável deste processo.

Para a agrônoma Flávia Londres, da ONG AS PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa), que integra o comitê da Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, as situações são semelhantes no que tange a questão de segurança da saúde. Tanto os alimentos transgênicos quantos os animais precisam ter seus produtos testados á exaustão, a fim de evitar riscos á saúde humana. Segundo diz há dois exemplos bem claros disto. O milho starlink, produzido e comercializados nos Estados Unidos, provocou alergias em crianças. O volume foi tanto que as autoridades americanas proibiram e mandaram retirar produtos do mercado que tivessem em sua composição, este milho. Um outro exemplo de que é preciso muita pesquisa é a insulina transgênica. Flávia diz que os pacientes que têm utilizado este medicamento estão apresentando maiores dificuldades de reconhecer claramente, os momentos de alta ou baixa taxa de açúcar no sangue. Então não é assim, sair usando animais transgênicos como solução mais fácil e barata. Tem que fazer muita pesquisas e testes antes para evitarmos problemas no futuro, defende.

O agrônomo e professor da universidade Federal de Santa Catarina, Rubens Nodari que também é doutor em genética diz que desde 1973 o homem consegue reprogramar o código genético. Mas para ela grande questão é como fazer um gen que foi isolado, expressar totalmente as suas características de forma adequada, em um outro organismo. O homem, na sua fantástica capacidade, avançou até a reprodugramação, mas não está, conseguindo manipular o resultado final, explica.

Nodari diz que o entrave para a biotecnologia moderna é a dificuldade de detectar os graus de sensibilidade para esta ou aquela proteína, quando inserida em um organismo vivo. O geneticista finaliza. Dizendo que ainda há muito caminho a ser percorrido que ainda há muito caminho a ser percorrido, mas que a produção de animais transgênicos, ainda não trazem os resultados mais seguros para os objetivos propostos.

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