Pecuária

Bife chique

Líder mundial nas exportações, país já domina mercado de “carne-ingrediente” e assume desafio de ampliar mercados para carne premium, tendo como meta avançar no segmento gourmet.

As últimas três décadas foram transformadoras para a indústria de exportação de carne bovina brasileira. No período, o país abandonou o perfil de importador para assumir a liderança no ranking de exportadores do produto no mundo. Somente em 2014, foram exportadas mais de 1,5 milhão de toneladas de carne resultando em um faturamento recorde de US$ 7,2 bilhões. Apesar do ritmo acelerado de crescimento, a indústria da carne bovina segue em busca constante para ampliar mercados e oportunidades. Segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e realizada pela consultoria TopBrands, para entender qual era a percepção de mercado sobre o produto nacional, foi constatado que o próximo desafio para o setor é a ascensão na hierarquia da carne bovina no mundo.

O levantamento, realizado junto a associados, formadores de opinião e compradores internacionais, apontou que o produto brasileiro é amplamente reconhecido pela capacidade de produção, flexibilidade em tipos de cortes e preço acessível e já ocupa espaço importante no mercado.

O estudo ajudou a identificar “categorias” de carne, em função de sua utilização final pelo mercado consumidor e as dividiu em três: carne-ingrediente, carne culinária e carne gourmet.

Carnes-ingredientes são produtos basicamente com um papel coadjuvante na refeição, tais como picados, recheios, moídos, molhos e embutidos. O segmento de carne culinária é composto de cortes de bifes finos, fatiados, roast beefs e meat loafs, utilizados no dia a dia por donas de causa e restaurantes. Já a carne gourmet é aquela considerada o centro das atenções na refeição, seja em steak houses ou em churrascarias. São bifes altos, tenros, marmorizados.

As entrevistas realizadas durante o estudo de branding demonstram que o Brasil ainda é visto como um fornecedor de carnes ingrediente, mas ainda precisa avançar na percepção de carnes culinária e gourmet.

“Hoje, estamos no meio do caminho entre o mercado de ingredientes e de culinária e temos um desafio importante de manter este trabalho de difusão da confiabilidade e qualidade da carne brasileira para o consumidor internacional”, explica o presidente da ABIEC, Antônio Jorge Camardelli.

Para ampliar o reconhecimento da marca brasileira, a ABIEC tem feito um trabalho incansável no sentido de demonstrar que o gado brasileiro tem sanidade e rastreabilidade comprovadas. “Nós já conquistamos um espaço importante nos negócios de carne bovina mundial, mas estamos atentos para a possibilidade de atingir mercados mais exigentes e, consequentemente, com preços mais altos. Por isso estamos desenvolvendo uma estratégia focada no marketing com a finalidade de mudar essa percepção e desenvolver a imagem do Brasil como produtor de uma carne de excelência”, afirma Camardelli.

Para ampliar o reconhecimento da marca brasileira, a ABIEC tem feito um trabalho incansável no sentido de demonstrar que o gado brasileiro tem sanidade, saudabilidade e rastreabilidade comprovadas.

A partir do diagnóstico e da possibilidade de ampliar a penetração nesse tipo de mercado, a ABIEC – em parceria com a Apex-Brasil, por meio do projeto setorial Brazilian Beef – já vem desen-volvendo uma série de ações com o objetivo principal de mudar a percepção da imagem da carne brasileira. Os principais merca-dos identificados como alvo para essa demanda são a Europa, países da Ásia – com foco na China e do Oriente Médio – como os Emirados Árabes.

“O que pretendemos é uma mudança na percepção que compradores e consumidores estrangeiros têm da carne brasileira. Quando se fala em uma carne de qualidade, uma carne premium ou gourmet, pensam na Argentina, na Austrália ou no Uruguai. O que queremos é que passem a pensar no Brasil. Temos todas as condições e competitividade para atender esse mercado. Quando associamos o Brasil à imagem da carne gourmet, automaticamente transferimos valor agregado também às outras categorias, que representam o maior volume de comércio”, explica Fernando Sampaio, diretor-executivo da ABIEC.

Uma das ações já realizadas neste sentido aconteceu durante a SIAL, uma das maiores feiras de alimentos do mundo, realizada em outubro passado, em Paris. Em parceria com a Associação Brasileira de Angus, a ABIEC promoveu o Brazilian Angus Beef Day, que levou ao público do evento a experiência do consumo da carne Angus brasileira. Vale destacar também que outra estratégia adotada pela ABIEC é entregar a carne premium, com selo do programa Brazilian Beef na embalagem, diretamente para o varejo, em supermercados e restaurantes da Europa, Ásia e Oriente Médio.

Criada em 1979, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) reúne 25 empresas do setor no país, responsáveis por 95% da carne negociada para mercados internacionais. Sua criação foi uma resposta à necessidade de uma atuação mais ativa no segmento de exportação de carne bovina no Brasil, por meio da defesa dos interesses do setor, ampliação dos esforços para redução de barreiras comerciais e promoção dos produtos nacionais. Atualmente, o Brasil produz 10,2 milhões de toneladas de carne bovina, 19,5% são negociados para dezenas de países em todo o mundo, seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade. Na última década, o país registrou crescimento de 185% no valor de suas exportações, atingindo o recorde histórico de US$ 7,2 bilhões em faturamento em 2014 e consolidando a posição de maior exportador mundial de carne bovina.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *