Agricultura

O caminho das águas

A hidrovia do Tietê-Paraná, é um sistema de navegação composto principalmente pelos rios Paraná, Tietê, Piracicaba, Grande e Paraíba, perfazendo 2.400 km de rotas navegáveis, sendo 1.642 km de rotas principais e 758 secundárias. No tramo norte possibilita a navegação até os Estados de Minas Gerais e Goiás. Com a finalização de eclusa de Jupiá, na divisa com Mato Grosso do Sul, a hidrovia ganha mais 750 km de trechos principais e 550 km secundários.

Atualmente, já é possível navegar desde a região de Piracicaba até a Usina de Itaipu. Por ali, com uma pequena operação de transbordo para caminhões pode ser feita, novamente, a ligação com o Rio Paraná, o que possibilita a chegada da carga até a Argentina ou mesmo o Uruguai. Por estas e muitas outras razões, é que a hidrovia tem um papel fundamental no mercosul, salienta Joaquim Riva, Diretor de Hidrovias das Companhia Energética de São Paulo, CESP, empresa que gerencia o sistema. Conforme o relato de Riva, os estudos para tornar navegável estas bacias hidrográficas foram baseados no trabalho do presidente americano, Roosevelt que, em 1930, idealizou uma forma de recuperar economicamente, o Vale do Rio Tenessee. Uma das bases deste projeto foi a hidrovia. Nós também nos baseamos no sistema criado no rio Rodano, da França, lembra o executivo.

Segundo Riva, o primeiro comboio que transportou grãos a longa distância foi em 1993. Para a agricultura, a hidrovia tem servido basicamente para o transporte 800 mil toneladas do primeiro produto e a previsão é fechar 1999 com 1,2 milhão de toneladas. Já nos grãos a carga é de soja e farelo de soja que tem origem em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraguai com destino ao mercado externo e a previsão é de terminar o ano tendo transportado cerca de 1,5 milhão de toneladas.

O diretor da hidrovia garante que a vantagem desta modalidade de transporte é que ela pega vários estados inclusive países vizinhos a custos menores que outras modalidades. Conforme diz, uma tonelada de

um produto ao longo de mil km custa, através da hidrovia, R$ 14. Já a ferrovia tem variação de preços entre 28 a R$ 32 e um caminhão custa R$ 40. Ele acrescenta dizendo que também nos custos de implantação, a hidrovia é mais barata. Enquanto que o nosso custo é de R$ 40 a 50 mil, para a ferrovia fica em R$ 1 milhão por km e a rodovia é em torno de R$ 100 mil, afirma. Outra vantagem que ele cita é que a perda de carga no rio é zero além de trabalhar 24 horas. Riva acha importante ressaltar que mesmo com estas vantagens, nenhum sistema deve ser eliminado, nenhum sistema deve ser eliminado. Ao contrário, devem ser pensados para se complementarem assinala.

Entusiasmado, o executivo assinala que hoje o faturamento está em R$ 15 milhões, mas pode chegar rapidamente a R$ 400 milhões na medida em que todo o sistema começar funcionar a pleno, o que significa transportar cerca de 20 toneladas de carga. Na medida em que indústrias do setor de adubo, calcário, moageiras de grãos e outras da agroindústria começarem a se instalar nas proximidades dos rios, a hidrovia será cada vez mais utilizada, tornando-se um negócio lucrativo, acredita ele. A vantagem do sistema já chamou a atenção da Bahia. O governo daquele Estado solicitou estudos para a implantação de uma hidrovia no Rio São Francisco. Na verdade, acho que todos os estados deveriam desenvolver um grande plano de utilização de seus rios. Sem dúvidas iriam se surpreender com os ganhos que traz, aconselha Riva.

Um dos mais antigos clientes da Hidrovia Tietê- Paraná vem transportando cana de açúcar desde 1980. A Usina Consan/BJ Diamante, transportou na safra passada 840 mil toneladas de cana, correspondente a 44% da moagem da Usina. A previsão para esta safra é de 1milão de toneladas. Segundo Dumas Casagrande, diretor da empresa, a Usina investiu no transporte fluvial com o objetivo do aproveitamento racional de terras de boa fertilidade localizadas na calha do rio Tietê, distantes da empresa, onde o transporte rodoviário inviabilizaria a atividade. Ele complementa afirmando que cerca de 50% da matéria prima transportada pela hidrovia é de fornecedores da Usina subsidia o custo.

Casagrande descreve que própria empresa possui seus empurradores de barcaças sendo que cada um transporta cerca de mil toneladas por viagem. Temos como vantagem, além da citadas antes, a redução dos custos em 20% a 30%, quanto comparado ao rodoviário de alta tonelagem (rodo-trem ou treminhão), relata, acrescentando que por esta razão e por ser um transporte seguro, é que empresa investiu nesta modalidade de transporte.

O custo estrutural reduzindo foi o que define a utilização da hidrovia pela Comercial Quintela, segundo seu diretor Guilherme Quintela. A empresa traz soja e farelo de soja desde o Mato Grosso do Sul com destino ao porto de Santos, utilizando a transporte fluvial como um dos modais. Pelos 630 km foram carregadas 800 mil toneladas e intenção é chegar 1,5 milhão até o ano 2001. A utilização da hidrovia no nosso sistema de transporte, nos tornou mais competitivos no mercado externo via redução de preços o que foi um ganho muito importante, ressalta Quintela.

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