Tecnologia

Biotecnologia e lei de cultivares deram cara nova ao mercado

Numa das mais ousadas transações do setor de semente em 1998, a Monsanto, por exemplo, entrou para valer na área da distribuição. Com a compra da Braskalb, Agroceres e Cargill, a companhia iniciou seu trabalho de transferência de tecnologia, disponibilizando os resultados da biotecnologia que vem desenvolvendo desde a década de 70. A idéia original, segundo o diretor de Assuntos Corporativos, Rodrigo Almeida, baseava – se no licenciamento dos genes por meio de contratos de franquia, o que formava uma situação em que não havia certeza de que os produtos chegariam aos agricultores. Para não ficar na dúvida, a corporação decidiu atuar na comercialização, adquirindo importantes empresas do ramo. ” Com isso, estabelecemos uma base sólida para atuarmos na área da distribuição.” Esse trabalho de aquisições de companhias de sementes não se restringe ao Brasil. Com seu começo em 1994, o ponto de partida de tais negociações ocorreu com a compra da Holden, depois a Dekalb Genetics Corporation, uma das líderes internacionais em genética agrícola e uma das maiores empresas de híbridos de milho nos Estados Unidos, e a Delta & Pine Land Company, que já comercializava os genes de resistência a insetos Bollgard e ingard, ambos da Monsanto, nos EUA, México, Austrália e China, além do algodão Roundup Ready, nos EUA. Em cinco anos, os investimentos mundiais nessa área chegaram aproximadamente US$ 5,5 bilhões. Intensificando as transações durante os últimos 12 meses, a empresa ainda está sem parâmetros para avaliar seus primeiros momentos de atuação nesse mercado.

“A atual situação é de consolidação das estruturas adquiridas nos padrões de gerência Monsanto”, explica Almeida.

Em 1998, a tecnologia da Monsanto em sementes deve ter coberto uma superfície de aproximadamente 23 milhões de hectares em todo o planeta. Desse total, 14 milhões foram de soja Roundup Ready, 900 mil com canola Roundup Ready e 23 mil com batatas New Leaf, resistente a insetos. Acredita – se que o milho irá fechar o ano com mais de 4,5 milhões de hectares na variedade Yield Gard e 340 mil na Roundap Ready. O algodão passará de 1,4 milhões de hectares para 2,3 milhões. No Brasil, foi inaugurada, em Morrinhos (GO), uma fábrica de soja e, em Uberlãndia (MG), um novo centro de pesquisa da Agroceres. Para os próximos três anos, deve – se disponibilizar US$ 50 milhões para a área de sementes. Cerca de 2/3 desse montante será aplicado no segmento de soja. Logo para 1999, o diretor comenta que a Monsanto vislumbra mais crescimento, seja por suas próprias bases ou por outras aquisições. No que se refere ao mercado como um todo, Almeida ressalta os benefícios da Lei de Patente das Cultivares, que estabeleceu uma alteração na relação entre criadores desta genética e os multiplicadores. Antes da Lei, qualquer cultivar colocada no mercado podia ser reproduzida e vendida sob nova marca sem qualquer ônus ao multiplicador. A lei, reivindicada há mais de 20 anos, é a grande salvaguarda de garantia de retorno do investimento que, segundo pesquisadores desta área, gira em torno de US$ 1 milhão para os cinco anos que costuma levar o desenvolvimento de uma cultivar, tempo considerado como mínimo.

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