Pecuária

Grande rentabilidade em pequenos espaços!!!

Durante muito tempo, a caprinocultura foi vista no Brasil com certa reserva, sobretudo no centro sul do País. Bastante difundida no Nordeste, a atividade nunca havia conseguido desfrutar em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, o mesmo status da avicultura e ovinocultura. A busca de alternativas para melhor a rentabilidade do negócio e, principalmente, o aumento no interesse do consumidor pelo leite de cabra e, principalmente o interesse por queijos finos, abriu novos espaços para o desenvolvimento da atividade. Hoje, já existem criatórios no Sudeste de dimensões respeitáveis e com mercado sólido e em expansão.

O Capril Rio Preto é considerado um exemplo desse sucesso. Dando ênfase à utilização de animais de boa qualidade genética e a infra estrutura que atenda às necessidades de sua produção, o Capril Rio Preto, o mantém cerca de 600 animais, sendo 150 cabras em lactação. A média de produção de leite está em torno de 300 litros diários, com a duração da lactação variando entre seis 12 meses. Toda a produção é pasteurizada, embalada e congelada na propriedade, sendo distribuídas por caminhões frigoríficos na cidade de São José do Rio Preto, SP, e região, em supermercados, padarias e domicílios.

Produzindo leite e iogurtes com sua própria marca (Caprimilk), Sérgio João Mahfuz, titular do Capril Rio Preto, vem desenvolvendo a atividade desde 1.983, quando se interessou pelas qualidades do leite de cabra. Mahfuz vem desenvolvendo um trabalho de abertura e fixação de sua marca no mercado que, além de já Ter formado um público consumidor cativo, está aumentando, abrindo outras frentes, que incluem grandes supermercados na capital paulista. Mahfuz explica que no início, a propaganda da qualidade do leite de cabra era feita principalmente, em consultórios médicos pediátricos.

Pelas características do leite, de ser menos alergênico e evitar algumas doenças infantis, priorizamos a divulgação no meio médico, lembra o caprinocultor. Segundo o conselho do presidente da associação paulista, o Capril Rio Preto desenvolveu malas diretas como fonte de promoção de seu produto, bem como, degustação da marca Caprimilk em seus pontos de venda, para demostrar o produto para o revendedor e para o consumidor criar e manter um bom público consumidor e abrir portas para outros negócios, inclusive uma delicatessen na capital paulista e uma grande rede de supermercados que estamos negociando, declara Mahfuz.

Utilizando as raças Alpinas e Saanen, totalmente confinadas com silagem de milho, feno de capim e ração própria para cabras, o Capril Rio Preto, Segundo seu titular, tem um custo de produção de cada litro de leite de R$ 0,90. O iogurte é comercialização em embalagem de 140g a R$0,67 no atacado e R$ 0,90 no varejo. O litro de leite é vendido para os pontos de venda a R$ 1,90 e no varejo a R$ 2,30. Em relação ao ciclo reprodutivo dos animais, o Capril Rio Preto aliou um manejo eficiente que dividiu o plantel em dois lotes a sua localização geográfica, uma região quente e propícia para o cio dos animais. Com isso, não há necessidade de utilizar métodos artificiais para induzir cio, conseguindo parições em épocas diferentes durante o ano. Assim, o capril está enfrentando o período de entressafra com 200 litros e o de safra com 300 litros de leite diários.

Queijo

A fabricação de queijos de leite de cabra também é uma boa alternativa na caprinocultura, segundo o presidente da Capri Paulo, Albino Malzone. Nessa linha, Reinaldo Pires, caprinocultor da Fazenda Geneve, em Teresópolis, RJ, priorizou para o seu capril a produção de queijos, fornecidos á restaurantes franceses do estado do Rio de Janeiro. Com 120 animais, Saanen, Toggenbourg e mestiços, confinados com silagem, feno e ração própria, o caprinocultor investiu nos queijos franceses, um segmento que, para ele, está tendo uma boa aceitação e que se destaca pela diferença. Queijos comuns, ou aquele que estamos acostumados a encontrar, já tem bastante no mercado. Priorizamos, diferenciado, possibilitado pela qualidade do leite de cabra, explica Pires. Pensando nisso, ele participou de vários cursos de fabricação de queijos franceses, inclusive, na própria França. A França é um país onde encontra-se apenas queijo de leite de cabra, explica. Por isso, participar de cursos e da tecnologia francesa é importante para quem deseja entrar nesse setor, afirma. A Fazenda Geneve produz, queijos do tipo Chevrotin, Moleson, Crottin, Brinque, Mavre e outros com grande aceitação.

O mercado está crescendo e isso nos estimula a querer produzir ainda mais, declara. Atualmente com 34 cabras produzindo uma média de 117 litros diários de leite, o caprinocultor espera, já para o ano que vem, conseguir manter 120 animais produzindo.

A Vaca do Pobre

Marcada por muito tempo com a pecha: vaca de pobre, a caprinocultura brasileira estimada em 11 milhões de cabeças não se desenvolveu como em países como França, Canadá e EUA, que controlam a atividade e recebem bons dividendos com isso. Pelo contrário, ficou restrita aos pequenos sitiantes que, sem muitos cuidados e infra estrutura, tinham a atividade apenas como um reforço no orçamento e na própria alimentação.

Segundo o presidente da Capripaulo, Albino Malzone, no Brasil ainda não existe um mercado consumidor firme, constante e preparado, por isso, ao caprinocultor compete ainda a tarefa de trabalhar para formar um mercado estável para seus produtos. Atualmente, a Capripaulo conta com 200 filiados. Mas o número do rebanho registrado dobrou nos últimos quatros anos, o que mostra o interesse que a atividade vem despertando. Ele informa que o rebanho paulista está estimado em 150 mil cabeças. Em relação ao perfil da caprinocultura da região centro-sul do país, pode-se traçar algumas diferenças em relação aos rabanhos nordestinos, que respondem pela maior concentração de cabeças do país: em São Paulo, por exemplo, os rebanhos são sua maioria confinados, compostos por animais de linhagem leiteira e o número de cabeças gira em torno de 30 a 50, enquanto, que os rebanhos nordestinos são, essencialmente, de subsistência, produtores de carne e por, isso, com uma baixa produção de leite.

O que mais chama a atenção são os resultados obtidos com esses animais, muito resistentes, de pequeno porte, poucos exigentes, de fácil manejo e ideais para pequenas propriedades, onde em uma área na qual coloca-se uma vaca, pode-se colocar cerca de nove cabras. Por suas características, o leite de cabra é o que apresenta uma melhor digestabilidade, além de conseguir um preço de venda que pode chegar a R$ 3,50, bem mais alto que o litro que o litro de leite de vaca. Uma cabra que produz média de 3 litros de leite por um período de 300 dias do ano já é uma boa cabra. Há animais que, em pico de lactação chegam a 7 litros diários, destaca o presidente. A Capripaulo desenvolve um Curso de Iniciação à Caprinocultura, dirigido a todos os interessados.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *