Por muito tempo, o agronegócio brasileiro foi reconhecido pela força de seus números. Somos líderes em soja, milho, carne bovina e café — produtos que ajudaram o país a garantir sua relevância no comércio internacional e a consolidar o papel de protagonista na segurança alimentar global. Mas, nos últimos anos, algo mais profundo vem acontecendo: o Brasil deixou de ser apenas um fornecedor de commodities e começa a se tornar um parceiro estratégico de abastecimento, movido por tecnologia, sustentabilidade, rastreabilidade e valor agregado.
Esse reposicionamento é visível sobretudo na aproximação entre Brasil e Ásia, com destaque para a China, que há duas décadas se consolidou como principal destino das exportações brasileiras. Agora, essa relação evolui para um novo estágio: um intercâmbio que valoriza a qualidade dos produtos, a transparência das cadeias produtivas e a construção de confiança entre empresas e governos.
O exemplo mais recente vem do avanço de culturas como gergelim e feijão-mungo preto, produtos que até pouco tempo tinham participação modesta na pauta exportadora. Segundo o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), o Brasil exportou 349,6 mil toneladas de gergelim até setembro de 2025, alta de 60,3% em relação ao mês anterior, e 171 mil toneladas de feijão-mungo, volumes expressivos que mostram como o país está se inserindo de forma mais diversificada nos mercados asiáticos.
O movimento é sustentado por políticas de abertura e reconhecimento mútuo. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) ampliou para 61 o número de estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar gergelim para a China, que responde hoje por 38% do consumo global do produto. Isso representa mais do que um avanço comercial; é uma demonstração de credibilidade sanitária e institucional.
Na Fex Agro, temos a convicção de que o Brasil pode, e deve, ocupar um espaço ainda maior nesse cenário. Nossa missão é atuar como elo de confiança entre o produtor e o mercado global, conectando o campo mato-grossense aos principais pólos de consumo do mundo. Por isso, estruturamos um modelo de negócios baseado em originação com rastreabilidade, buscando assegurar qualidade e previsibilidade comercial. Queremos garantir que cada grão plantado aqui possa chegar à Ásia com a mesma integridade e qualidade com que nasceu em solo brasileiro.
A experiência recente mostra que os mercados asiáticos valorizam cada vez mais a segurança e a procedência dos alimentos. Os consumidores do Sudeste Asiático buscam gradativamente mais informação, estabilidade e compromisso ambiental. E é exatamente nisso que o Brasil pode se destacar. Temos solos férteis, tecnologia de ponta, produtores altamente capacitados e empresas com governança sólida — uma combinação rara no cenário global.
O gergelim e o feijão-mungo são hoje símbolos dessa transformação: culturas eficientes, adaptadas ao nosso clima, com alta rentabilidade e crescente demanda internacional. Mas também representam algo maior: a capacidade do Brasil de transformar conhecimento agronômico em competitividade global.
O futuro da agricultura brasileira está em criar pontes — não apenas vender produtos. Cada tonelada de gergelim exportada, cada contrato firmado com parceiros asiáticos, representa mais do que um negócio: é uma oportunidade de fortalecer a imagem do Brasil como um país confiável, sustentável e estratégico para a segurança alimentar global.
Quando olhamos para a Ásia, não vemos apenas compradores. Vemos parceiros de longo prazo. E é com essa visão que queremos seguir: unindo produtividade, credibilidade e propósito. Porque o Brasil já não é apenas o celeiro do mundo. É, cada vez mais, o guardião da segurança alimentar global.
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